quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

UMA VEZ SALVO‚ SEMPRE SALVO?


Os protestantes alegam que já estão salvos e que não podem perder essa salvação baseando-se em passagens como esta da primeira carta de S. João:

“E o testemunho é esse: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem possui o Filho possui a Vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Isto vos escrevi para que saibais que tendes a vida eterna‚ vós que credes no nome do Filho de Deus.”(I Jo 5‚ 11-13)

É notório que as vezes as escrituras parecem se contradizer‚ como acontece na questão das imagens: Ora Deus proíbe e ora Deus manda fazer! Então como compreender essa ambiguidade‚ se Deus não tem duas palavras?

Se você analisa apenas essa passagem para justificar uma doutrina tão profunda‚ pode-se incorrer no erro protestante de alegar que uma vez aceitando o Filho de Deus‚ nâo poderemos mais perder a vida eterna.

A vida eterna‚ caracterizada como posse atual do Cristão‚ é descrita pelos teólogos como ESCATOLOGIA REALIZADA‚ ou seja‚ significa que os Cristãos experimentam e participam de uma forma limitida naquilo que só experimentarão com maior plenitude no Reino dos Céus. Veja o que São Paulo diz:

“Hoje vemos como por um espelho‚ confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente‚ como eu sou conhecido.” (I Cor 13‚ 12-13)

São Paulo‚ apesar de já ter aceitado Jesus como Salvador‚ sabe que experimentará de um modo mais profundo o que já começou nesta vida. Isso‚ porém‚ não significa que aqueles que agora gozam desse Reino não o possam perder.

Veja o que escreve S. Paulo aos Hebreus: “Porque somos incorporados a Cristo‚ mas sob a condição de conservarmos firme até o fim nossa fé dos primeiros dias...” (Hebreus 3‚14).

e mais:

“Porque aqueles que foram uma vez iluminados saborearam o dom celestial‚ participaram dos dons do Espírito Santo‚ experimentaram a doçura da palavra de Deus e as maravilhas do mundo vindouro‚ e, apesar disso‚ caíram na apostasia‚ é impossível que se renovem outra vez para a penintência‚ visto que‚ da sua parte‚ crucificaram de novo o Filho de Deus e publibcamente o escarneceram.”(Hebreus 6‚ 4-6)

É evidente que essa doutrina protestante “uma vez salvo‚ sempre salvo” não existia na Igreja Primitiva e foi inculturada depois do século XVI pelos “Reformadores”‚ que ao contrário do que o nome propõe‚ foram na verdade destruidores da Sã Doutrina.

A Bíblia se refere à Vida Eterna com algo que virá‚ ou seja‚ é promessa de futuro. Analise as passagens que se seguem:

“E todo aquele que por minha causa deixar irmâos‚ irmãs‚ pai‚ mãe‚ mulher‚ filhos‚ terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna.” (Mt 19‚ 29)

“Paulo‚ servo de Deus‚ apóstolo de Jesus Cristo para levar aos eleitos de Deus a fé e o profundo conhecimento da verdade que conduz á piedade‚ na esperança da vida eterna prometida em tempos longínquos por Deus veraz e fiel‚...” (Tito 1‚ 1-3)

“Conservai-vos no amor de Deus‚ aguardando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo‚ para a vida eterna.” (Judas 21)

Não há dúvidas que a Salvação é algo vindouro‚ ou seja‚ é futuro. Isso não implica que na agora não possamos começar a saborear essa salvação no uso dos dons‚ nos sacramentos‚ na oração e na vida da Igreja.

Mas essa salvação precisa ser fundamentada na nossa fidelidade aos seus mandamentos.

“Um jovem aproximou-se de Jesus e lhe peruntou: “Mestre‚ que devo fazer de bom para ter a vida eterna?” Disse-lhe Jesus: “Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida‚ observa os mandamentos” (Mt 19‚ 16-17)

Veja que não basta apenas acreditar em Deus‚ mas é preciso observar os seus mandamentos para conseguir a vida eterna. Isso quer dizer que nós podemos um dia não observar os mandamentos de Deus‚ logo‚ perder o que conseguimos.

Confira em Mt 25‚ 46 quando Jesus separará as ovelhas dos cabritos usará os seguintes critérios para a Salvação: “porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim.” (Mt 25‚ 35-36)

É evidente que precisamos perseverar na retidão para recebermos a salvação que foi preparada para nós.

Veja: “O vencedor será assim revestido de vestes brancas. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida‚ e o proclamarei diante do meu Pai e dos seus anjos.” (Ap 3‚ 5)

A salvação é uma promessa para aqueles que vencem esse mundo‚ sendo fiel a Jesus e a sua Igreja.

Mas é necessário crer no Filho para ter a vida eterna: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; quem não crê no Filho não verá a vida‚ mas sobre ele pesa a ira de Deus.”(Jo 3‚36). Comparando essa passagem com as anteriores‚ chega-se a conclusão que é necessário crer em Jesus para ter a vida Eterna‚ mas essa não é a única condição. É preciso ser fiel aos seus mandamentos.

Note que aqui‚ a simples prática da “caridade” sem a fé em Cristo também não garante a vida eterna‚ como acontece com os espíritas que ajudam instituições de caridade. Eles visitam os presos‚ eles dão comida aos que tem fome‚ dão roupa aos que estão nus‚ mas não creem no Filho de Deus.

O oposto acontece com os protestantes que afirmam que as obras não são necessárias para a salvação.

São Paulo aos Romanos escreve: “Mas‚ pela tua obstinação e coração impenitente‚ vais acumulando ira contra ti‚ para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus‚ que retribuirá a cada um segundo as suas obras: a vida eterna aos que‚ perseverando em fazer o bem‚ buscam a glória‚ a honra e a imortalidade;...” (Rm 2‚ 5-8)

Sobre os deveres dos ricos‚ S. Paulo escreve: “Que pratiquem o bem‚ se enriqueçam de boas obras‚ sejam generosos‚ comunicativos‚ ajuntem um tesouro sólido e excelente para seu futuro‚ afim de conquistarem a verdadeira vida.” (II Tm 6‚18-19)

Tiago escreve sobre a misericórdia: “Falai‚ pois‚ de tal modo e de tal modo procedei‚ como se estivésseis para ser julgados pela lei da liberdade. Haverá juízo sem misericórdia para aqueles que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento.” (Tiago 2‚12-13)

Veja esse belíssimo texto de S. Paulo: “Eis uma verdade absolutamente certa: Se morrermos com ele‚ com ele viveremos. Se soubermos perseverar‚ com ele reinaremos. Se‚ porém‚ o renegarmos‚ ele nos renegará. Se formos infieis... ele coninua fiel‚ e não pode desdizer-se.” (II Tm 2‚ 11-13)

Aqui há uma condição: Se soubermos perseverar‚ com ele reinaremos. Logo‚ é preciso a fidelidade até o fim para obter a vida eterna.

A tese protestante que só a fé salva não existia antes da Reforma de Lutero. A Bíblia mesmo atesta que as obras são necessárias para a Salvaçâo.

“Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.” (1 Coríntios 13,2-3).

Esse texto é muito claro‚ S. Paulo diz que mesmo se tivesse toda a fé‚ se não tiver caridade nada sou. Como um protestante pode argumentar isso?

Agora o texto de Tiago‚ que não há como ser mais claro:

“De que aproveitará‚ irmâos‚ a alguém dizer que tem fé‚ se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo? (Tiago 2‚ 14)

Só há uma maneira de contextar isso‚ se argumentar que o livro de Tiago e que as cartas de São Paulo são livros apócrifos!

“Assim também a fé: se não tiver obras‚ é morta em si mesma Mas alguém dirá: “Tu tens fé‚ e eu tenho obras.” Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Crês que há um só Deus. Fazes bem. Também os demônios crêem e tremem.” (Tiago 2‚ 19).

Pode continuar lendo esse texto de Tiago até o versículo 26.

Outro excelente texto de S. Lucas mostrando como as obras são importantes:

“Havia em Cesaréia um homem por nome Cornélio, centurião da corte que se chamava Itálica. Era religioso: Ele e todos os de sua casa eram tementes a Deus. Dava muitas esmolas ao povo e orava constantemente. Este homem viu claramente numa visão, pela hora nona do dia aproximar-se dele um Anjo de Deus e o chamar: Cornélio! Cornélio fixou nele os olhos e, possuído de temor, perguntou: Que há Senhor? O Anjo replicou: As tuas orações e as tuas esmolas subiram à presença de Deus como uma oferta de lembrança.” (Atos 10,1-4)

Mais um texto sobre o julgamento pelas obras:

“Vi, então, um grande trono branco, e aquele que nele se assentava. Os céus e a terra fugiram de sua face, e já não se achou lugar para eles. Vi os mortos, grandes e pequenos, de pé, diante do trono. Abriram-se livros, e ainda outro livro, que é o livro da vida. E os mortos foram julgados conforme o que estava escrito nesse livro, segundo as suas obras. O mar restituiu os mortos que nele estavam. Do mesmo modo a morte e a morada subterrânea. Cada um foi julgado segundo as suas obras. A morte e a morada subterrânea foram lançados no tanque de fogo. A segunda morte é esta: O tanque de fogo. Todo o que não foi encontrado inscrito no livro da vida foi lançado ao fogo” (Apocalipse 20,11-15)

O texto mais importante para os protestantes para alegar a doutrina da fé sem as obras é Rm 3. 28: “Porque julgamos que o homem é justificado pela fé‚ sem as observâncias da lei.

Aqui‚ Paulo escreve para os Romanos que eram pagãos e acostumados a adorar ídolos e deuses falsos‚ por isso que Paulo acentua a necessidade de uma fé total em Cristo. Paulo não está se contradizendo pois também escreveu “Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.” (1 Coríntios 13,2-3)‚ nem contradizendo o próprio Jesus “Um jovem aproximou-se de Jesus e lhe peruntou: “Mestre‚ que devo fazer de bom para ter a vida eterna?” Disse-lhe Jesus: “Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida‚ observa os mandamentos” (Mt 19‚ 16-17) quando fala da observância dos mandamentos. Muito menos Paulo está contrariando Tiago quando diz “De que aproveitará‚ irmâos‚ a alguém dizer que tem fé‚ se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo? (Tiago 2‚ 14)

Mas o problema não pára por aí. Uma interpretação dupla da fé foi dada por Johannes Agrícola que dizia que enquanto as boas obras não são necessárias para a salvação, as más obras não a impede) para entender essa confusão sugiro a leitura desse texto: http://www.veritatis.com.br/article/1851

Concluindo‚ a Bíblia nos mostra que a Fé em Cristo é necessária para a Salvaçâo do ser humano, porém‚ as suas obras contribuem para que essa fé nâo seja morta. Logo‚ a fé com obras garantem a salvação desde que mantindas até o fim.

Em Cristo e Maria Imaculada‚

Marcos Paulo



Por Marcos Paulo Teixeira

http://marcospauloteixeira.wordpress.com

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