segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Porque eles odiavam tanto a Jesus?


Desde o início do ministério público de Jesus, fariseus e adeptos de Herodes, com sacerdotes e escribas, mancomunaram-se para matá-lo. Por causa de certos atos por ele praticados (expulsão de demônios, perdão dos pecados, curas em dia de sábado, interpretação original dos preceitos de pureza da Lei, de pureza da Lei, familiaridade com os publicanos e com pecadores públicos), Jesus pareceu a alguns mal-intencionados, suspeito de possessão demoníaca. Ele é acusado de blasfêmia e de falso profetismo, crimes religiosos que a Lei punia com a pena de morte sob forma de apedrejamento. (CIC§574)

O relacionamento de Jesus para com os Doutores da Lei da sua época, sempre foi complicado, pode-se dizer “conturbado”. Nós como católicos, precisamos entender isso de forma muito clara e transparente. Em primeiro lugar devemos perceber que dentre os líderes religiosos da época podíamos destacar quatro tipos: O partido dos fariseus, o partido dos saduceus, os sacerdotes e os escribas.

E dentre todos esses haviam quem quisesse matar Jesus. Primeiro, ao perceber a seriedade do ministério de Jesus, quiseram fazer com que Ele caísse em contradição, depois passaram a desejar a sua morte. Como diz o catecismo no parágrafo já citado, procuraram acusar Jesus de todo tipo de coisa: Possessão, charlatanismo, blasfemador, falso profeta, etc…

A grande pergunta que fica é: Porque odiavam tanto a Jesus?

Na minha opinião existiam dois motivos:

1. É preciso entender que naquela época existiam muitos falsos profetas que se diziam “messias”. Recorde-se que já no Antigo Testamento, já haviam profecias sobre a vinda do Messias e por isso sempre apareciam pessoas dizendo ser o prometido do Pai. Na cabeça dos judeus, Jesus de Nazaré era apenas mais um desses. Era difícil para os líderes religiosos de Israel, fazer com que os judeus não seguissem falsos profetas. Muitos deles, na tentativa de ajudar o povo a não fazer besteira e seguir esses “malucos”, acabaram não percebendo que o verdadeiro “Messias Salvador” havia chegado. Eram pessoas tinham “boas intenções”, mas que não tinham o discernimento adequado, pois embora fossem pessoas que frequentavam o templo ao ponto de se tornarem líderes religiosos, não tinham intimidade com Deus. Quando não se tem essa intimidade, nosso discernimento fica comprometido. É certo que não podemos dizer que todas as novidades que aparecem são de Deus. Na verdade a grande maioria das novidades que aparecem vem das cabeças loucas que existem por ai, que também por falta de intimidade com Deus acabam dizendo loucuras. Mas a intimidade ajudará…

2. Existiam muitos desses líderes (e não eram todos) que acabavam vivendo uma fé de preceitos. Faziam aquilo que a lei pedia e eram impecáveis em cumprir a lei. Mas quando tinham que agir com a misericórdia, ou fazer algo além da lei de Moisés, se recusavam. Com o tempo, alguns destes passaram a usar da lei em benefício próprio… Embora a situação seja diferente, a razão pela qual eles chegaram a esse ponto foi a mesma: A falta de intimidade com Deus.

Não quero isentar aqui esses líderes religiosos de Jerusalém do fato de terem tramado contra Jesus. Apenas quero alertar que seja por um “bom motivo” ou por um “mal motivo”, quando deixamos a intimidade com Deus, e ao mesmo tempo não nos afastamos da Igreja, corremos o risco de nos tornarmos fechados em preceitos e normas, e não abrirmos os olhos para as açoes de Deus na nossa vida e no mundo. É preciso ser íntimo de Deus, ser íntimo do Espírito. Se conseguirmos essa intimidade, dificilmente erraremos, pois o Espírito nos ajudará e nos conduzirá ao novo de Deus. Porém essa intimidade é mérito de luta e fidelidade a vida de oração.

Já dizia um santo (ou uma santa - não me recordo agora): Antes falar com Deus, do que falar de Deus.

A missão de alguém que tem um papel importante na Igreja é falar de Deus. Mas só pode falar de Deus quem é íntimo Dele. Se não, ainda que com palavras fale muito bem, as atitudes acabam se desvirtuando. Ser um líder na Igreja ou na paróquia (seja coordenador de uma movimento, pastoral, ou até mesmo do famoso “conselho paroquial”) é um desafio imenso! Não apenas pelos afazeres que são tantos, mas sobretudo porque você se torna um formador de opinião, e que triste seria se você que exerce qualquer tipo liderança, formasse seu povo contra a vontade do Senhor…

Por isso, antes que seja tarde, retome sua vida de oração e sua intimidade com Deus. Busque horários para rezar e meditar a palavra. Seja humilde naquilo que você não entende e procure a interpretação correta da Igreja. Assim você trilha um caminho muito bom para estar com Deus.

Pax Domini

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Pontos básicos da moral católica - I



A Igreja valoriza a ciência em todas as suas áreas, mas não se cansa de afirmar que nem tudo que é possível à ciência e à tecnologia realizarem é ético e moral. O parâmetro de discernimento da Igreja é a Lei Natural que Deus colocou de forma permanente e universal nos corações e nas consciências das pessoas.


Para a Igreja o que não é natural não é moral, e deve ser evitado. Especialmente quando a dignidade da vida humana está em jogo, a Igreja levanta a voz, em nome de Deus, para dizer ao homem que tenha prudência. O Catecismo da Igreja afirma no §2294, que: “É ilusório reivindicar a neutralidade moral da pesquisa científica e de suas aplicações…”


A Igreja sempre estimulou os estudiosos a procurarem pela ciência ajudar a vida do homem na terra. Mas o Cristianismo tem uma escala de valores onde o homem, por ser imagem e semelhança de Deus, ocupa um lugar especial, não podendo ser equiparado, em dignidade, a nenhum outro ser vivo. Assim, os resultados da ciência devem servir ao homem e respeitar a sua dignidade. Assim, a Igreja defende que a vida humana é um dom de Deus, sobre o qual o cientista não têm domínio absoluto; ela deve nascer e desenvolver-se não em laboratório, nem como fruto de recursos técnicos, mas como fruto direto do relacionamento pessoal entre esposo e esposa.


O desejo do progresso da ciência parece às vezes insaciável a alguns homens e mulheres de hoje. Em parte, o orgulho humano, o desejo de ser Prometeu (um rival de Deus) está na base de muitas tentativas da ciência sem compromisso com a consciência moral. A ciência e a técnica não são fins; são meios para engrandecer o homem, para que ele viva melhor, mas a ciência e a técnica não podem servir ao orgulho ou deleite do pesquisador, ou mesmo ser fonte de enriquecimento, em prejuízo para a dignidade do homem. A ciência deve trabalhar para o homem, e não contra o homem.


O emprego da ciência contra o homem tem sua causa no abandono de Deus. Michel Foucault, conhecido filósofo, observa que a “morte de Deus” gera a morte do homem: “Em nossos dias… não é tanto a ausência ou a morte de Deus que é afirmada, mas o fim do homem…; descobre-se então que a morte de Deus e o último homem estão estreitamente ligados” (Les mots et les choses 1967, p. 369).


Um personagem de Dostoiewisky, no livro “Irmãos Karamazov”, declara que “se Deus não existe, tudo é permitido”, pois a morte põe fim a tudo. A sociedade atual, que quer negar Deus, vive, neste triste ambiente, de desconfiança, insegurança, egoísmo e desespero, desembocando, na violência, nas drogas, nos desvios sexuais, na desesperança, e no profundo vazio existencial que leva à depressão.


A ciência moderna é produto genuíno de uma visão judaico-cristã do mundo e tem sua fonte de inspiração na Bíblia.
A visão pagã do mundo é a de um escravizante ciclo de nascimento-morte-renascimento, sem início nem fim, uma visão cíclica, onde a ciência não conseguia fazer progresso. Foi justamente a visão do cosmos, progressiva, derivada da doutrina cristã, que deu margem ao crescimento da ciência.
Paulo VI afirmou que “a ciência é soberana em seu campo, mas escrava com respeito ao homem”. Por isso, devemos rejeitar a noção falsa de uma ciência livre dos valores morais, ou a neutralidade moral da investigação científica e de suas aplicações.
Para que o leitor conheça alguns posicionamentos da Igreja no campo Moral, apresento em seguida alguns itens do Catecismo da Igreja Católica sobre este assunto.


O filósofo romano Cícero já dizia, e sua República, que: “Existe sem dúvida uma verdadeira lei: é a reta razão. Conforme à natureza, difundida em todos os homens, ela é imutável e eterna; suas ordens chamam ao dever; suas proibições afastam do pecado.(…) É um sacrilégio substituí-la por uma lei contrária; é proibido não aplicar uma de suas disposições; quanto a ab-rogá-la inteiramente, ninguém tem a possibilidade de fazê-lo” (Rep. 3, 22, 33) .


A Igreja não tem dúvida em afirmara que: “A lei natural é imutável, permanece através da história. As regras que a exprimem são substancialmente sempre válidas. Ela é uma base necessária para a edificação das regras morais e para a lei civil (§1979). Esta Lei, que de modo especial está retratada nos Dez Mandamentos, exprime o sentido moral original, que permite ao homem discernir, pela razão, o que é o bem e o mal, a verdade e a mentira.


Como disse o Papa Leão XIII: “A lei natural se acha escrita e gravada na alma de todos e cada um dos homens porque ela é a razão humana ordenando fazer o bem e proibindo pecar. (…) Mas esta prescrição da razão não poderia ter força de lei se não fosse a voz e o intérprete de uma razão mais alta, a qual nosso espírito nossa liberdade devem submeter-se” (Leão XIII, enc. Libertas praestantissimum).


São Tomás de Aquino dizia que: “A lei natural outra coisa não é senão a luz da inteligência posta em nós por Deus. Por ela conhecemos o que se deve fazer e o que se deve evitar. Esta luz ou esta lei, deu-a Deus à criação” (Decem praec. 1). Com base nisso a Igreja ensina que: “Presente no coração de cada homem e estabelecida pela razão, a lei natural é universal em seus preceitos, e sua autoridade se estende a todos os homens. Ela exprime a dignidade da pessoa e determina a base de seus direitos e de seus deveres fundamentais (Cat. §1956).


Santo Agostinho exclamava: “O roubo é certamente punido por vossa lei, Senhor, e pela lei escrita no coração do homem e que nem mesmo a iniqüidade consegue apagar” (Confissões, 2,4,9). Portanto, há uma lei natural imutável (GS,10) e permanente através das variações da história. As regras que a exprimem permanecem substancialmente válidas. Mesmo que alguém negue até os seus princípios, não é possível destruí-la nem arrancá-la do coração do homem; é obra do Criador, e que fornece os fundamentos sólidos em cima dos quais pode o homem construir o edifício das regras morais que orientarão suas opções.


Com base na lei natural São Tomás dizia que: “Não se pode justificar uma ação má, embora feita com boa intenção” (Decem. prec. 6). O fim não justifica os meios. O ato moralmente bom supõe, ao mesmo tempo, a bondade do objeto, da finalidade e das circunstâncias.


Assim, a Igreja, “coluna e sustentáculo da verdade” (1Tm 3,15), recebeu dos Apóstolos o mandamento de Cristo de pregar a verdade da salvação. Por isso, diz o Código de Direito Canônico: “Compete à Igreja anunciar sempre e por toda parte os princípios morais, mesmo referentes à ordem social, e pronunciar-se a respeito de qualquer questão humana, enquanto o exigirem os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas” (cân. 747,2)