sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sexualidade e o Plano de Deus - parte 2

Esta formação é continuação do texto da semana passada. Para ver o artigo anterior, clique aqui.

Muitas vezes, em nossos grupos, os jovens são chamados a obedecer aos mandamentos de Deus e da Igreja para a área da sexualidade, mas nem sempre recebem a formação necessária para encontrar o equilíbrio nessas áreas. Todos precisam conhecer sua própria natureza e os mecanismos que podem levar à cura e ao equilíbrio. Não basta a lei – esta mata – é preciso a Graça. Clamemos em nossos grupo de oração pela cura da nossa sexualidade e busquemos conhecer o que isso significa.

É importante citar o que a Igreja chama de desordens na vivência de sexualidade. Os temas a seguir são elencados de acordo com o texto do Catecismo da Igreja Católica:

a) Luxúria
A luxúria é o desejo desordenado do prazer venéreo. É a busca do prazer em si mesmo, ou seja, o prazer sexual só tem a finalidade de levar a um prazer pessoal. A busca incessante do prazer pelo prazer gera um desequilíbrio emocional que pode levar a uma dependência física e psíquica. “O prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo, isolado das finalidade de procriação e de união” (CEC 2351). Além disso, em função de tudo o que já foi dito, constitui-se um exercício da sexualidade que não está integrado à vontade de Deus.

Uma manifestação da luxúria é a masturbação, que é “um ato intrínseca e gravemente desordenado. Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade” (CEC 2352). É importante destacar que a misericórdia do Senhor – que prefere “a misericórdia e não o sacrifício” – se reflete na Igreja. Ao mesmo tempo em que ela afirma que a masturbação é pecado grave, diz que “para formar justo juízo sobre a responsabilidade moral dos sujeitos e orientar a ação pastoral, deve-se levar em conta a imaturidade afetiva, a força dos hábitos contraídos, o estado de angústia ou outros fatores psíquicos e sociais que minoram ou deixam mesmo extremamente atenuada a culpabilidade moral” (CEC 2352).

Isso quer dizer que a Igreja reconhece e compreende as particularidades psicológicas e afetivas que levam o ser humano a buscar a masturbação. Lamentavelmente não é raro encontrar psicólogos, conselheiros e até mesmo membros da Igreja que dizem ao jovem que a masturbação não é pecado. Afirmam eles ser uma ‘necessidade’ e ainda imputam à Igreja o ônus de ser ultrapassada e pouco esclarecida sobre essas questões. Ora, aquela que recebeu do próprio Senhor a missão de pastorear o seu rebanho (cf. Jo 21, 15) aqui na terra não reconhece as reais necessidades do ser humano? Claro que conhece, e sabe qual é a verdadeira necessidade: ser um homem ou uma mulher feitos à imagem e semelhança de Deus. É por isso que o ensinamento moral da Igreja é tão claro e constante. Independentemente da moda vigente, das inovações da ciência, da reforma dos costumes, da substituição de valores, a Igreja sempre estará chamando o homem a assumir sua verdadeira natureza, a de ser imagem e semelhança de Deus.

Mas isso sempre é feito usando o mesmo método de Jesus, o da misericórdia. No caso da masturbação, a Igreja não recua em alertar que é pecado grave, mas que essa gravidade pode ser atenuada em certas circunstâncias. Damos alguns exemplos. Em situações de estresse, principalmente os rapazes – mas também as moças – podem ser levados a ‘descarregar’ sua tensão através do prazer sexual. Ou, inseridos numa cultura hedonista, onde a sensualidade esteja presente de maneira intensa em veículos de comunicação de massa, conversas, anúncios, revistas, de tal modo que seja praticamente impossível desviar o olhar e a atenção de todas as mensagens – e isso é o que vimos em quase todas as grandes cidades brasileiras – as imagens que bombardeiam o jovem ficam em seu inconsciente. Quando sozinho, essas imagens voltam à sua mente e podem levar à masturbação. Estes são dois exemplos dos fatores que a Igreja ensina poderem atenuar a gravidade. A masturbação sempre é pecado e, portanto, deve ser confessado. É através do sacramento da penitência e da fuga das ocasiões de pecado que ela é vencida em nós pela Graça. Devemos viver e anunciar isso sempre, porém, utilizando a pedagogia de Jesus praticada pela Igreja: a misericórdia. Nunca acusando o jovem, mas incentivando-o a entregar seus pecados ao Senhor.

Sobre a atitude das lideranças para com o jovem, a Igreja nos ensina: “Um educador e conselheiro perspicaz deve esforçar-se por individualizar as causas do desvio, para ajudar o adolescente a superar a imaturidade que está por baixo deste hábito. Do ponto de vista educativo, é preciso lembrar que a masturbação e outras formas de autoerotismo são sintomas de problemas muito mais profundos, os quais provocam uma tensão sexual que o sujeito procura superar recorrendo a tal comportamento. Este fato exige também a necessidade de que a ação pedagógica seja orientada mais para as causas do que para a repressão direta do fenômeno. Mesmo tendo em consideração a gravidade objetiva da masturbação, use-se da cautela necessária na apreciação da responsabilidade subjetiva” (Sagrada Congregação para a Educação Católica – ‘Orientações educativas para o amor humano. Linhas gerais para uma educação sexual’ 99).

“Para ajudar o adolescente a sentir-se acolhido numa comunhão de caridade e arrancado da cela do próprio eu, o educador deverá tirar todo o drama do fato da masturbação e não diminuir a sua estima e benevolência para com o sujeito; deverá ajuda-lo a integrar-se socialmente, abrir-se e interessar-se pelos outros, para poder libertar-se desta forma de autoerotismo, encaminhando-se para o amor oblativo, próprio de uma afetividade madura; ao mesmo tempo o estimulará a recorrer aos meios indicados pela ascese cristã, como sendo a oração e os sacramentos e a empenhar-se nas obras de justiça e de caridade (Sagrada Congregação para a Educação Católica – ‘Orientações educativas para o amor humano. Linhas gerais para uma educação sexual’ 99-100).

b) Fornicação
“A fornicação é a união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres. É gravemente contrária à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para geração e a educação dos filhos. Além disso, é um escândalo grave quando há corrupção de jovens” (CEC 2353).

c) Pornografia
“A pornografia consiste em retirar os atos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros para exibi-los a terceiros de maneira deliberada. Ela ofende a castidade porque desfigura o ato conjugal, doação íntima dos esposos entre si. Atenta gravemente contra a dignidade daqueles que a praticam (atores, comerciantes, público), porque cada um se torna para o outro objeto de um prazer rudimentar e de um proveito ilícito. Mergulha uns e outros na ilusão de um mundo artificial. É uma falta grave. As autoridades civis devem impedir a produção e a distribuição de materiais pornográficos” (CEC 2354).

d) Prostituição
“A prostituição vai contra a dignidade da pessoa que se prostitui, reduzida assim ao prazer que dela se obtém. Aquele que paga peca gravemente contra si mesmo; viola a castidade à qual se comprometeu em seu batismo e mancha seu corpo, templo do Espírito Santo (cf. 1Cor 6, 15-20). A prostituição é um flagelo social” (CEC 2355). Em muitos lugares do nosso país, é prática comum ‘iniciar’ o rapaz na prática sexual através do contrato com uma prostituta. A Igreja ensina que, além de ser pecado grave contra Deus, atenta contra a dignidade do jovem e da mulher que está sendo contratada, transformada em ‘objeto’. É preciso fomentar em nossas comunidades a cultura da vida e do respeito, para que eles mesmos desejem a castidade e para que amanhã, quando tiverem seus filhos, lhes ensinem o caminho da justiça e da paz.

e) Homossexualidade
A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo [...]. A sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários a lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados.

A posição da Igreja frente ao homossexualismo muitas vezes é tida como uma postura de preconceito, ou que reforça o preconceito. Esse discurso pode ser encontrado até mesmo dentro do Corpo Místico de Cristo. Afirmar isso é ignorar os motivos que levam a Igreja a manter-se nessa posição ou querer atingir de má fé os crentes mais despreparados em relação a essa questão.

Quando a Igreja se baseia ‘na Sagrada Escritura’, está pensando em textos como Lv 18, 22; Lv 20, 13; 1Cor 6, 9ss; Rm 1, 18-32 ou 1Tm 1, 10. Todos eles, escritos em épocas bem diferentes, condenam veementemente a prática homossexual. Muitos argumentam que textos como esses não são produtos de ‘revelação’ e sim do ‘contexto social’, como se fossem apenas normas sociais de conduta, restritas ao tempo e ao espaço em que foram proferidas e passíveis de modificação, de acordo com os valores vigentes. Argumentam ainda que em uma sociedade que valoriza mais o ‘politicamente correto’ do que o ‘eticamente correto’, teriam de ser modificados então para aceitar uma prática que a sociedade já reconhece como legítima, inclusive legalmente.

Vale lembrar que em muitos países as ‘uniões de fato’ entre pessoas do mesmo sexo ganham o mesmo ‘status’ da união conjugal estável, aquela entre um homem e uma mulher. No Brasil, tais mudanças constitucionais estão em discussão e cabe aos cidadãos e aos políticos cristãos lutarem pela preservação do reconhecimento legal dos valores cristãos. “Angustia-nos profundamente a pretensão de outorgar um reconhecimento legal, com os seus efeitos jurídicos, que a tradição dos povos reconhecia de modo exclusivo ao matrimônio um bem eminentemente público às chamadas ‘uniões de fato’, nas suas diversas uniões e etapas. A nossa apreensão é ainda maior, nos casos em que esta pretensão se refere às pessoas do mesmo sexo. É inadmissível que se queira fazer passar como uma união legítima, e inclusivamente como ‘matrimônio’, as uniões de pessoas homossexuais e lésbicas, até mesmo com a reivindicação do direito a adotar filhos. Elas apresentam-se implícita e explicitamente como uma alternativa à família. Reconhecer este novo tipo de união e equipará-la à família significa discriminá-la e atentar contra a mesma” (Declaração de Santo Domingo sobre o tema “Situação e perspectivas da família e da vida na América Latina” 07).

Voltando ao argumento dos que dizem que a condenação bíblica às práticas homossexuais é algo cultural, portanto, mutável, a Igreja sabiamente responde: “A doutrina da Igreja sobre este ponto não se baseia apenas em fases isoladas, das quais se podem deduzir informações teológicas discutíveis, e sim nos sólido fundamento de um testemunho bíblico constante. [...] A teologia da criação, presente no livro de Gênesis, fornece o ponte de vista fundamental para a adequada compreensão dos problemas suscitados pela homossexualidade. Na sua infinita sabedoria e em seu amor onipotente, Deus chama à existência toda a criação, como reflexo de sua bondade. Cria o homem à sua imagem e semelhança, cria o homem e a mulher. Por isso mesmo, os seres humanos são criaturas de deus chamadas a refletir, na complementaridade dos sexos, a unidade interna do Criador. Eles realizam esta função, de modo singular, quando, mediante a recíproca doação pessoal, cooperam com Deus na transmissão da vida” (CDF, Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a atenção pastoral às pessoas homossexuais).

Porém é importante frisar que as pessoas que apresentam tendências homossexuais devem ser acolhidas e amadas. É tão falsa a acusação de preconceito feita contra a Igreja que ela mesma condena qualquer tipo de discriminação para com essas pessoas: “Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta” (CEC 2358). Como sempre, o Magistério repete a pedagogia de Jesus: acolhe o pecador e abomina o pecado. Todo comportamento discriminatório, seja por atitudes ou por palavras, deve ser evitado. É comum vermos jovens repetirem, dentro de nossos grupos, comportamentos aprendidos na sociedade. A mesma sociedade que acusa a Igreja de discriminação ensina nossos jovens a discriminar aqueles que são diferentes. Não podemos permitir que, sob a desculpa de reforçar um comportamento equilibrado na área da sexualidade, as lideranças permitam que os jovens adotem palavras ou comportamentos discriminatórios. O motivo primeiro é a caridade: “Nenhuma palavra má saia de vossa boca, mas só a que for útil para a edificação e benfazeja aos que ouvem. Antes sede uns com os outros bondosos e compassivos” (Ef 4, 29.32). Além disso, aquele que já obteve uma sexualidade verdadeiramente equilibrada não precisa afirma-la através da humilhação do outro. Antes, se sente impelido a contribuir para que este também encontre o equilíbrio de sua sexualidade.

A Igreja, que nos aponta o que é certo e errado, diante da irrefutável realidade da Encarnação do Verbo, também nos dá a esperança de que podemos encontrar o caminho do acerto, o caminho da retidão, do equilíbrio da sexualidade. Juntamente com o ensinamento, ela nos apresenta a possibilidade da cura na área da sexualidade. Todos os desvios ou vícios de conduta na área sexual podem ser curados pelo Senhor. Isso vale para a masturbação, para luxúria, para a fornicação e também para a homossexualidade.

Psicólogos católicos afirmam que na maioria dos casos, a homossexualidade tem origem na formação afetiva do indivíduo. Durante toda a vida precisamos do referencial afetivo de nossos pais, mas há momentos em que essa necessidade é crucial. Aos três anos, por exemplo, o menino começa a entender que sua natureza é diferente da de sua mãe. Nesse momento, a presença masculina do pai é fundamental para afirmar a masculinidade do menino. Ele precisa se identificar com o pai, com os gestos do pai, com o comportamento do pai, com as características masculinas do pai. Quando o pai é ausente afetivamente, ou de alguma forma não inspira essa identificação, provocando antes a negação ou um comportamento repulsivo no menino, a criança não apenas nega o pai, nega também a masculinidade do pai. E ao negar a masculinidade do pai, nega a sua própria masculinidade. Dessa forma, o menino vai carregar pela sua vida a carência de referencial masculino.

Quando a criança completa seis ou sete anos, na sua ‘segunda infância’, ela começa a buscar novamente modelos de sexualidade. É o tempo do ‘clube do Bolinha’ ou da ‘Luluzinha’. Meninos e meninas não se relacionam entre si. Querem apenas estar com amiguinhos do mesmo sexo. Obviamente neste comportamento não há nenhum desejo sexual. O que há é uma necessidade afetiva de identificação, de modelos. Nessa fase, a criança também está afirmando o seu gênero (masculino ou feminino), e podem, nesse processo, acontecer desequilíbrios que neguem tal gênero.

Na puberdade, com o despertar dos desejos sexuais, com a explosão dos hormônios, o que até então era uma carência afetiva, um desejo de identificação afetivo, pode transformar-se em desejo sexual. É aí que comportamentos homossexuais podem surgir. Muitos jovens encontram nesse desequilíbrio a fonte de dores e conflitos intermináveis. A maioria não aceita tal condição. Outros são encorajados por falsos conselheiros a assumirem sua condição. Há casos em que a astúcia e a mentira chegam a tal ponto que o desequilíbrio sexual é visto como ‘vontade de Deus’. Outros afirmam que assumir sua condição homossexual é usufruir a própria liberdade. Ora, a palavra é clara: “Todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo” (Jo 8, 34).

Mas na mesma passagem, o Senhor nos dá a esperança da verdadeira libertação de toda escravidão: “Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres” (Jo 8, 36). Graças a Deus por isso, por que essa promessa atinge todos os sofrimentos humanos. A cura para o desvio de sexualidade passa necessariamente pela aceitação. Isso mesmo. É preciso que o jovem aceite as situações e as pessoas que provocaram suas carências afetivas em sua infância e adolescência e que não afirmaram a sua sexualidade no tempo devido. Depois é preciso que ele se aceite como uma pessoa que precisa da Graça, da cura, como um pecador que clama ao único que pode curar e perdoar, Jesus, o Senhor. Em seguida, ele precisa aceitar as situações de pecado que vivenciou. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32). Somente apresentando-nos como verdadeiramente somos diante do Senhor é que abrimos o caminho para a sua Graça e para a nossa cura. Se escondermos nosso pecado, com vergonha ou medo, Jesus não invadirá nosso coração para tirá-lo de lá. Ao contrário, se com sinceridade e confiança o entregamos em Suas mãos, Ele vira, Consolador, devolver-nos o equilíbrio que perdemos.

Depois disso é preciso uma firme decisão e um clamor a Deus para abandonar as práticas homossexuais. É preciso também buscarem Deus o referencial de masculinidade e feminilidade que o jovem ou a jovem não receberam durante a infância. Para isso, as meditações e orações feitas diante da pessoa de Jesus – para os homens – e diante da pessoa de Maria – para as mulheres – são muito úteis.

É claro que não há fórmulas mágicas para obter a cura. Ela é dada pela Graça. Este registro é feito aqui apenas para animar as lideranças e aqueles que padecem com os desvios da sexualidade a buscar a cura definitiva para o problema. Ela é possível! Muitas vezes nos limitamos a acolher e aconselhar os irmãos que sofrem com o homossexualismo. Devemos também anunciar e ministrar a cura. Precisamos ajuda-los a redescobrir sua sexualidade equilibrada. As pessoas homossexuais não são chamadas apenas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadora da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã. Temos os carismas! Devemos suplicar ao Espírito Santo que devolva ao equilíbrio primeiro de imagem e semelhança de Deus tudo o que foi desvirtuado pelo pecado e, através dos carismas, reconstruir o que foi destruído. Não podemos ser negligentes com os irmãos. Sobre esses aspectos, recomentamos a urgente leitura de dois pequenos, mas preciosos, livros: A Cura do homossexual, Payne, Leanne, Ed. Louva-a-Deus; e Homossexualismo: Um testemunho, uma solução, Ed. Shalom.

Sobre o procedimento das lideranças juvenis, tidos também como educadores dos jovens que lhes foram confiados, o Magistério exorta: “A homossexualidade, que impede à pessoa de alcançar a sua maturidade sexual, seja do ponto de vista individual, como interpessoal, é um problema que deve ser assumido pelo sujeito e pelo educador, quando se apresentar o caso, com toda a objetividade.

Na ação pastoral, estes homossexuais devem ser acolhidos com compreensão e sustentados na esperança de superar as suas dificuldades pessoais e sua desadaptação social. A sua culpabilidade será julgada com prudência; porém não se pode usar nenhum método pastoral que, julgando estes atos conformes à condição daquelas pessoas, lhes atribua uma justificação moral. Conforme a ordem moral objetiva, as relações homossexuais são atos carentes da sua regra essencial e indispensável.

Será tarefa da família e do educador procurar, antes de tudo, individualizar os fatores que levam à homossexualidade: descobrir se trata de fatores fisiológicos ou psicológicos, se esta será o resultado de uma falsa educação ou da falta de uma evolução sexual normal, se provém de um hábito contraído ou de maus exemplos ou de outros fatores. Muito particularmente, ao procurar as causas desta desordem, a família e os educadores, deverão ter em conta os elementos de juízo propostos pelo Magistério e, ao mesmo tempo, servir-se das contribuições que as várias disciplinas podem oferecer. Dever-se-á, de fato, levar em consideração, para avaliar, elementos de diversa índole: falta de afeto, imaturidade, impulsos obsessivos, sedução, isolamento social, depravação de costumes, licenciosidade de espetáculos e de publicações. E, além de tudo isso, existe mais no profundo, a congênita fraqueza do homem, como consequência do pecado original; esta fraqueza pode levar à perda dos sentidos de Deus e do homem e ter suas repercussões na esfera da sexualidade.

Descobertas e entendidas as causas, a família e os educadores devem proporcionar uma ajuda eficaz no processo de crescimento integral: acolhendo com compreensão, criando um clima de confiança, encorajando o indivíduo à libertação e domínio de si, promovendo um autêntico esforço moral para a conversão ao amor de Deus e do próximo; sugerindo, se for necessário, a assistência médico-psicológica de uma pessoa que atenda e respeite os ensinamentos da Igreja” (Sagrada Congregação para a Educação Católica – ‘Orientações educativas para o amor humano. Linhas gerais para uma educação sexual’ 101-103).

É importante lembrar mais uma vez que nosso Senhor é um Deus que prefere a misericórdia ao sacrifício. Isso vale em primeiro lugar para nós mesmos, como indivíduos, como filhos amados pelo Pai. Diante dos nossos maiores pecados, Deus aí está, pronto para nos acolher. Precisamos sim do seu perdão. Precisamos busca-lo no sacramento da penitência, que é um sacramento de cura. Pela absolvição o próprio Senhor nos dá a capacidade de não mais pecar: “Vai e não peques mais!” (Jo 8, 11). Devemos buscar nesse sacramento a cura definitiva de nossos desequilíbrios, sempre confiantes no amor e na misericórdia de Deus para conosco. “Se reconhecermos os nossos pecados, Deus aí está, fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade” (1Jo 1, 9). E não podemos levar este conhecimento aos irmãos como um peso acusatório ou lei bruta e estéril a ser cumprida. Isto não é lei, é vida. E é o próprio Senhor que vê o coração humano, o único que pode julgá-lo.

Que o Santo Espírito do Senhor que dá equilíbrio a todas as coisas nos dê a graça de vivermos de maneira plena e equilibrada nossa sexualidade.

São José, pai da castidade, rogai por nós!

QUIROGA, Aldo Flores e FLORES, Fabiana Pace Albuquerque. Práticas de Vida e Relacionamento– Ministério Jovem RCCBrasil. Módulo Serviço – Apostila I. 2ª edição.

Siglas:
CIC - Catecismo da Igreja Católica
DV - Constituição Dogmática Dei Verbum
FR - Carta Encíclica Fides et Ratio
GS - Constituição Pastoral Gaudium et Spes

Sexualidade e o Plano de Deus

Você pode estranhar, mas a sexualidade é parte fundamental no plano de salvação de Deus para a humanidade. Sem ela podemos dizer que não há salvação! É isso mesmo. Sem a sexualidade não seriamos humanos. E o Salvador se entregou para salvar justamente o gênero humano. Você vai entender melhor isso nas linhas seguintes. Podemos partir de uma reflexão sobre a Sagrada Escritura usando um texto do livro do Gênesis: “Então Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra’. Deus criou o homem à sua imagem, criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. Deus os abençoou: ‘Frutificai, disse Ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra’” (Gn 1, 26-28).

Quando meditamos sobre o fato de que Deus criou o homem e a mulher diferentes, vemos que essas diferenças, ou seja, a sexualidade masculina e feminina, estão inseridas no plano de Deus. Mas, qual o significado do termo “sexualidade”?

O Catecismo da Igreja Católica diz: “A sexualidade afeta todos os aspectos da pessoa humana, na sua unidade de corpo e alma; relaciona-se à afetividade, capacidade de amar e procriar, à aptidão de criar vínculos de comunhão com os outros” (CEC 2332). Podemos assim perceber que a sexualidade é muito mais do que a relação sexual. Inclui a afetividade, as formas que temos de expressar nossos sentimentos e a nossa capacidade de amar e de criar vínculos de amizade verdadeira. Nós exercemos a sexualidade em todo momento, em toda atitude, principalmente, quando amamos verdadeiramente o nosso irmão. Por ‘sexualidade’ entendemos o conjunto de características físicas, psíquicas, de personalidade que compõem o homem ou a mulher e que os determinam como tal, através das quais eles se relacionam com o mundo, com os outros e consigo mesmos. Desde a voz à maneira de pensar e encarar as diferente situações da vida, tudo é determinado pela sexualidade. Não podemos confundir o termo ‘sexualidade’ com aquilo que é determinado pelo termo ‘genitalidade’. Este se refere ao que está relacionado com o ato sexual em si, os órgãos sexuais, sua utilização e funcionamento.

A mulher e o homem têm formas diferentes de expressar sua afetividade e sua sexualidade. Isso está inserido no plano de Deus, que os fez diferentes para que pudessem se completar.

Ainda meditando sobre o trecho de Gênesis 1, 26-28, vemos uma ordem de Deus: frutificai e multiplicai-vos. Essa ordem pode ser interpretada tanto do ponto de vista espiritual, emocional e sexual. Também somos chamados a produzirmos frutos espirituais e a amadurecermos a vivência das nossas emoções e da nossa sexualidade.

Quando vivemos em plenitude a nossa sexualidade, estamos de acordo com a vontade e os planos de Deus. E viver a sexualidade em plenitude, como você já deve ter entendido, não significa o exercício da genitalidade, mas sim o exercício equilibrado de todas as características que tornam o homem um ser masculino e a mulher um ser feminino. Dessa forma, a vivência da sexualidade não pode ser vista como algo que é pecaminoso ou errado aos olhos de Deus. A vivência equilibrada da sexualidade depende de uma série de fatores, desde a formação afetiva na infância e adolescência até o contexto sócio-cultural no qual estamos inseridos. Os desequilíbrios dessa sexualidade serão tratados mais adiante.

O ato sexual em si é uma das formas de exercermos nossa sexualidade. A respeito dele, o Catecismo esclarece que: “A união do homem e da mulher no casamento é uma maneira de imitar na carne a generosidade e a fecundidade do Criador” (CEC 2335). Novamente, a Igreja aponta o exercício da sexualidade como uma forma de nos tornarmos semelhantes ao Criador. Podemos dizer que o ato sexual é uma celebração da criação, é um momento em que Deus se alegra e se agrada! O prazer sexual foi criado por Deus e está nos planos de Deus! No ato sexual são derramadas bênçãos sobre o casal e sobre cada cônjuge.

A Igreja também deixa claro que, para que o ato sexual integre a vivência da sexualidade dentro dos planos de Deus, ele deve se realizar dentro do casamento. Isso está de acordo com o que nos aponta o Catecismo: “A sexualidade na qual se exprime a pertença do homem ao mundo corporal e biológico, torna-se pessoal e verdadeiramente humana quando é integrada na relação de pessoa a pessoa, na doação mútua integral e totalmente ilimitada, do homem e da mulher” (CEC 2337).

O sacramento do matrimônio capacita o homem e a mulher a responderem à usa vocação de constituir família, de procriar, de produzir frutos espirituais e de amadurecer espiritualmente: “Tendo-os Deus criado homem e mulher, seu amor mútuo se torna uma imagem do amor absoluto e indefectível de Deus pelo homem. Esse amor é bom, muito bom, aos olhos do criador. E este amor abençoado por Deus é destinado a ser fecundo e realizar-se na obra comum da preservação da criação” (CEC 1604).

Essa reflexão pode ser complementada com outro trecho do livro do Gênesis: “O Senhor Deus disse: ‘Não é bom que o homem esteja só, vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada’” (Gn 2, 18).

O exercício da sexualidade entre homens e mulheres, conforme os planos de Deus, é uma ajuda para o nosso crescimento espiritual e afetivo. O plano de Deus para a convivência entre homens e mulheres é que uns levem os outros à vivência da santidade e da plenitude do amor de Deus. O exercício da sexualidade deve levar o outro a se aproximar de Deus e a tornar mais equilibrados os seus relacionamentos com os irmãos e consigo mesmo. Trazendo isso para a vida prática de nossas comunidades, quer dizer que os homens, vivendo sua masculinidade de maneira equilibrada, podem dar suporte e apoio para outros homens através da amizade sincera. Isso vale também para o relacionamento entre sexos opostos. Um rapaz que vive sua masculinidade de maneira integrada e equilibrada terá um papel importantíssimo no amadurecimento afetivo e feminino de suas amigas. Uma mulher que vive sua feminilidade de maneira equilibrada, guiada pelo Espírito Santo, será um importante instrumento nas mãos do Senhor para ajudar os irmãos e irmãs na fé a amadurecerem sua afetividade, sexualidade e espiritualidade.

Aqui está um ponto crucial para o amadurecimento de nossa sexualidade. Muitas vezes durante nossa infância e adolescência, por uma série de fatores, não recebemos os modelos de masculinidade e feminilidade que deveríamos. Ou por relacionamentos desestruturados com nossos pais e irmãos, ou por amizades que não nos ajudaram a crescer, ficamos sem referências fortes do que é ser homem ou mulher no plano de Deus. Isso causa sérios desequilíbrios nessa área. Muitos corações jovens sofrem carregando traumas e complexos por falta de modelos de sexualidade equilibrada.

Nossos grupos de oração podem, ou melhor, devem ser uma alternativa eficaz contra essa realidade. Precisamos desenvolver em nossas comunidades relacionamentos castos e equilibrados. No contato de amizade entre sexos iguais ou opostos nossos jovens podem encontrar os modelos que não tiveram antes. É claro que o grupo jamais substituirá a família. Nem é isso o que se propõe. A proposta aqui é que nossos grupos sejam um local fecundo para resgatar o equilíbrio do jovem como um todo. A sexualidade é uma área muito importante e deve também ser resgatada em nossas comunidades. Isso acontece através da oração - e é preciso orar a Deus pedindo a cura e o equilíbrio na área da sexualidade - e também através dos relacionamentos, das amizades. Por isso é importante que nos grupos se incentivem momentos de partilha e convivência fraterna, principalmente durante o tempo de lazer.

QUIROGA, Aldo Flores e FLORES, Fabiana Pace Albuquerque. Práticas de Vida e Relacionamento– Ministério Jovem RCCBrasil. Módulo Serviço – Apostila I. 2ª edição.

Siglas:
CIC - Catecismo da Igreja Católica
DV - Constituição Dogmática Dei Verbum
FR - Carta Encíclica Fides et Ratio
GS - Constituição Pastoral Gaudium et Spes

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

E-mail que o Pastor Silas Malafaia me enviou referente a PL122 e PNDH3

Se o projeto de lei 122 for aprovado, quem criticar a prática homossexual no Brasil será rotulado como homofóbico e será passivo de pena. Terá que responder criminalmente. Um absurdo.

Este projeto de lei foi aprovado na câmara (no apagar das luzes) e está tramitando no senado, esperando votação. Se este malfadado projeto for aprovado, irá pra cadeia que emitir qualquer crítica à prática homossexual.

A sociedade brasileira a qualquer momento pode ser privada de emitir opinião contrária à pratica homossexual. Esta lei funcionará como uma espécie de mordaça gay. Um verdadeiro retrocesso democrático.

A Constituição Brasileira diz o seguinte:

"IV - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantidas, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e às suas liturgias

VIII - Ninguém será privado de seus direitos por motivo de crença religiosa ou de conviccão filosófica ou política.

IX - É livre a expressão da atividade intelectual, independentemente de censura ou licença."

Ciente de meus direitos como cidadão eu vou até o Supremo Tribunal Federal se for preciso. Eu sou livre para expressar opinião, a constituição me garante isso. Esse projeto de lei antes de tudo é inconstitucional.

Qualquer pessoa pode buscar seus direitos na justiça diante de ofensa ou ameaça a sua integridade física ou moral. Os homossexuais têm esse direito garantido, como qualquer cidadão. Eles não precisam de uma lei especial pra isso. Será que eles são especiais em relação aos demais membros da sociedade?

Nesse país se critica o padre, o pastor, se critica a Deus, ao presidente, critica-se o diabo. Mas que história é essa: Não se pode criticar a prática homossexual? É preciso lembrar que há uma diferença entre criticar a prática homossexual, e discriminar um homossexual. Eu posso fazer um juízo crítico da prática homossexual, sem ser preconceituoso com a pessoa que se declara homossexual.

Imagina a cena no Pátio de uma igreja ou de uma escola: Dois rapazes se beijando. Se o diretor da escola tentar impedir a afetividade, 2 a 5 anos de cadeia. Se o pastor da igreja mostrar oposição, o mesmo, 2 a 5 anos de cadeia. Interessante que isso não vai acontecer se quem for impedido de se beijar tratar-se de um rapaz e uma moça. Eles podem ser proibidos, sem que nada aconteça com o pastor ou diretor.

Se o pai ou a mãe descobre que a babá é lésbica e decide demiti-la, por não querer que uma pessoa com orientação homossexual cuide de seu filho, 2 a 5 anos de cadeia. Já se a babá for demitida porque se descobriu que ela é evangélica e a mãe não quer que o seu filho seja influenciado por uma crente, tudo bem.

Mande emails para os senadores, entre em www.senado.gov.br. Vai aparecer na tela SENADORES. Você clica POR UF, que é a Unidade Federativa, onde você encontra os Senadores por estado. Lá tem o espaço para você mandar sua mensagem em favor da família. Diga ao senador para não aprovar a PL-122. Multiplica esta notícia pelo teu site, por blogs, fale na sua igreja, mande email para tudo que é senador, os 81 senadores estão lá.

O PNDH3 trata sobre diversas questões dentre elas a liberdade religiosa, o aborto, o homossexualismo, etc. O pastor Paschoal Piragibe, através de um vídeo exibido no youtube, detalha de forma clara as questões propostas nesse projeto.

Que as ricas bênçãos de Deus sejam abundantemente derramadas sobre todas as áreas de sua vida.

Pr. Silas Malafaia.

Sinais dos Tempos - Dom Demétrio Valentini

Vem de longe a advertência para estarmos atentos aos sinais dos tempos. O próprio Mestre interpelava o povo, que se mostrava capaz de fazer a "previsão do tempo", mas não se dava conta dos "sinais do Reino", como lembram as liturgias do Advento.

Quem se caracterizou pela insistência em valorizar os "sinais dos tempos" foi o Papa João 23. Com sua coragem e confiança em Deus, conseguiu despertar o povo para sustentar o clima favorável às grandes propostas que o Concílio iria fazer para a renovação da Igreja.

Agora, parece que se arma de novo o tempo. Há sintomas de transformações profundas em curso. Precisamos estar atentos para entender o que está se passando, para não sermos surpreendidos por acontecimentos que não estavam em nossos cálculos.

A própria natureza parece emitir sinais de alerta cada dia mais claros e insistentes. Neste contexto chega em boa hora a Campanha da Fraternidade que vai ecoar as contorções da natureza que "geme em dores de parto", como diz São Paulo em sua carta aos Romanos, frase que servirá de lema para a Campanha.

O sistema econômico mundial, apesar de todo o seu cuidado em tranqüilizar os mercados, para o bom funcionamento dos negócios, não consegue disfarçar os temores da reincidência nos mesmos sintomas de crise que já deixou muita gente na miséria. O desafio maior, na interpretação verdadeira dos sinais dos tempos, é compreender a causa dos fatos que acabam acontecendo.

Eles nos surpreendem porque não entendemos o que está na sua raiz. As mudanças religiosas costumam ser as mais inquietantes, porque mexem com costumes arraigados na cultura do povo.

Nestes dias apreciamos um cenário pelo menos curioso. Ao mesmo tempo em que os novos cardeais desfilavam suas reluzentes vestimentas vermelhas, o Papa falava da camisinha, enquanto era anunciado o novo sínodo para 2012 sobre a Nova Evangelização e a transmissão da fé cristã. Aí dá para identificar sinais de tempos passados, que se revestem do seu anacronismo, pelo qual, às avessas, também podem apontar para o futuro.

Em todo o caso, no meio deste cenário, é legítimo se perguntar para onde caminha a Igreja, que sinais nos falam do seu futuro. Ao anunciar o tema do próximo sínodo, é possível decifrar a angústia da Igreja diante de sintomas preocupantes.

Em recente pesquisa feita na França, tomando a população dos dezoito aos trinta anos, só três por cento dizem ter uma vinculação religiosa clara. Na idade crucial para a definição da vida, noventa e sete por cento dos jovens franceses não levam em conta a religião.

Este é um evidente sinal dos tempos, que está na base da proposta do próximo sínodo. Que está acontecendo com o Evangelho de Cristo, que já não motiva mais os jovens a tomá-lo como referência para sua vida? Não é por acaso que o próximo sínodo vai falar da "transmissão da fé". Este assunto define melhor a angústia da Igreja. Ela já não conta com a força da tradição para transmitir a fé.

A própria cultura se encarregava de transmitir às novas gerações os valores evangélicos. Agora a cultura não serve mais de veículo para transportar a fé. A Igreja precisa encontrar outros meios. De um momento para outro, países que tinham fama de baluartes do Evangelho, se tornam hostis a ele, ou simplesmente o ignoram. Não querem, em todo o caso, assumir nenhuma identificação com qualquer expressão religiosa.

É sintomática a insistência da comunidade européia em não colocar, na sua constituição, nenhuma referência às "raízes cristãs da cultura européia". Vivemos um tempo que caminha para a plena separação entre a esfera religiosa e a sociedade civil.

Isto pode ser muito bom para uma nova evangelização, que já não vai mais contar com a bengala do favorecimento estatal para convencer as consciências para aderirem à fé. Isto aumenta o desafio de interpretar corretamente os sinais dos tempos, que nos alertam para as mudanças profundas que vem chegando.

Dom Demétrio Valentini é bispo católico