segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um raio de luz para iluminar mais vidas

O Grupo de Oração Raio de Luz é mais um sonho de Deus sendo realizado. Eis que surge um Raio de Luz de dentro de um Vaso Novo. Melhor explicando, ele é fruto de 14 anos de oração e perseverança do Grupo de Oração Vaso Novo, da Paróquia Nossa Senhora das Graças, de Portão/RS. Em fevereiro de 2008, a coordenadora do GO, Beatriz, juntamente com o pároco Padre Paulo Puhl, sentiram a necessidade da abertura de mais um Grupo de Oração nesta cidade. Para abrir este grupo, foram enviadas sete pessoas. Logo após o anúncio desta nova missão, estes sete servos começaram a se reunir para orar e sentiram no coração que dentro deste novo núcleo era preciso realizar a Novena de Pentecostes. A moção dada por Deus era de que este novo grupo serviria para um regaste daquelas pessoas que estavam afastadas da Igreja.

Em 27 de março daquele mesmo ano, foi realizada a primeira reunião do Grupo de Oração na Igreja São José, sob a coordenação de Eva Souza. O grupo iniciou com a implantação dos ministérios de intercessão, música e pregação, sendo que estes servos revezavam-se para fazer a acolhida. No primeiro encontro, estavam presentes sete participantes. Mas através do testemunho daquelas pessoas já haviam participado, começou a ocorrer um constante crescimento do grupo em termos de participantes. Paralelamente a isto, mais servos eram chamados, após muita oração.

No primeiro ano aproximadamente mais de 100 pessoas participavam. Com o apoio da diocese com intensa formação, Deus foi fortalecendo e capacitando os servos novos e antigos. Algo marcante no grupo é a participação de famílias. Por causa disso, sentiu-se a necessidade de buscar formação para formação do Ministério para as Crianças, com forte incentivo da coordenadora diocesana Tânia Isse, que chama carinhosamente este ministério de “menina dos olhos”.

Ao longo destes 2 anos e meio de existência, o GO Raio de Luz já conta com mais de 60 servos e chega a ter mais de 400 participantes, muitos vindos de cidades vizinhas. As reuniões ocorrem na Igreja São José, todas as quintas feiras a partir das 19h30, com muito louvor, oração e pregação da Palavra do Senhor. Ele vem fazendo uma obra maravilhosa aos olhos de todos, propagando um amor fraterno testemunhado por todos que vem participar do grupo.

Seguindo as moções da RCC nacional e sendo obedientes à Igreja, Deus tem honrado o esforço e a sede das coisas do Senhor de todos que estão envolvidos nesta obra, com o encontro de perseverança mensal, reuniões semanais dos ministérios e a reunião do núcleo semanal, na qual seus integrantes oram e escutam aquilo que o Senhor quer para o direcionamento do Grupo, discutem entre si e planejam todos os eventos em que o GO está envolvido.

O GO já organizou Seminário de Vida no Espírito, retiro de Dons, campanhas mensais de temas, Cerco de Jericó, show com ministérios de música na praça da cidade, sempre contando com o apoio de todos os Grupos de Oração da diocese de Montenegro, que ajudam carinhosamente este GO, que é apenas um bebê.

E este ano estamos tomando posse das promessas do Senhor, pois queremos juntos, unidos em uma só moção, lançar as redes em águas mais profundas, tudo isso por causa da palavra de Deus: o primeiro tema pregado no ano de 2011 foi “Por causa de tua palavra, lançaremos as redes” (cf. Lc 5,5), já preparando a todos os participantes do GO da missão que Jesus junto com sua Igreja nos confia neste ano.

Ministério de Comunicação
Grupo de Oração Raio de Luz

Sábia mansidão de São Pedro Canísio

O papa Bento XVI vem apresentando, nas últimas semanas, uma série de catequeses sobre os doutores da Igreja. O portal RCCBRASIL, em parceria com a agência de notícias católica Zenit, apresentará os textos do Santo Padre a partir desta quinta-feira (17). O texto desta semana é dedicado a São Pedro Canísio.

Queridos irmãos e irmãs:

Hoje eu gostaria de falar de Pedro Kanis - Canísio, sob a forma latina de seu nome -, uma figura importante na Igreja Católica do século XVI. Ele nasceu em 8 de maio de 1521, em Nijmegen, Holanda. Seu pai era o prefeito da cidade. Enquanto estudava na Universidade de Colônia, visitou os monges cartuxos de Santa Bárbara, um centro propulsor da vida católica, e outros homens piedosos que cultivavam a espiritualidade chamada devotio moderna. Entrou na Companhia de Jesus a 8 de maio de 1543, em Mainz (Renânia-Palatinado), depois ter frequentado um curso de exercícios espirituais sob a supervisão do Beato Pedro Fabro, Petrus Faber, um dos primeiros companheiros de Santo Inácio de Loyola. Ordenou-se sacerdote em junho 1546, em Colônia, e, no ano seguinte, esteve presente no Concílio de Trento, como teólogo do Bispo da Áustria, o cardeal Otto Truchsess von Waldburg, onde trabalhou com dois irmãos, Diego Lainez e Alfonso Salmeron.

Em 1548, Inácio o fez completar sua formação espiritual em Roma e o mandou ao Colégio de Messina, para exercitar-se em humildes serviços domésticos. Em Bolonha, obteve o doutorado em teologia, em 4 de outubro de 1549, e foi então enviado por Santo Inácio à Alemanha, para o apostolado. Em 2 de setembro daquele ano, 1549, visitou o Papa Paulo III em Castel Gandolfo e, depois disso, foi para a Basílica de São Pedro para rezar. Lá, implorou a ajuda dos grandes apóstolos Pedro e Paulo, para que dessem uma eficácia permanente à bênção apostólica para o seu grande destino, para a sua nova missão. Em seu diário, ele escreveu algumas palavras da oração que fez: "Lá, senti que um grande consolo e a presença da graça me foram concedidos por meio desses intercessores (Pedro e Paulo). Eles confirmaram a minha missão na Alemanha e pareciam transmitir-me, como apóstolo da Alemanha, o apoio da sua benevolência. Senhor, tu conheces de que maneira e quantas vezes nesse mesmo dia me confiaste a Alemanha, da qual logo cuidarei e pela qual desejo viver e morrer".

Devemos lembrar que estamos na época da Reforma luterana, no momento em que a fé católica nos países de fala germânica, diante do fascínio da Reforma, parecia estar se apagando. Era um dever quase impossível o de Canísio, responsável pela revitalização e pela renovação da fé católica nos países germânicos. Isso só seria possível com a força da oração. Seria possível apenas a partir da base, ou seja, a partir de uma profunda amizade com Jesus Cristo; amizade com Cristo no seu Corpo, a Igreja, que é alimentada na Eucaristia, sua presença real.

Seguindo a missão que recebeu de Inácio e do Papa Paulo III, Canísio partiu para a Alemanha e foi, em primeiro lugar, ao Ducado da Baviera, que durante muitos anos foi a sede do seu ministério. Como decano, reitor e vice-chanceler da Universidade de Ingolstadt, cuidou da vida acadêmica do Instituto e da reforma religiosa e moral do povo. Em Viena, onde por um breve tempo foi administrador da diocese, ele desenvolveu o ministério pastoral em hospitais e prisões, tanto na cidade como no campo, e preparou a publicação do Catecismo. Em 1556, fundou o Colégio de Praga e, até 1569, foi o primeiro superior da Província Jesuíta da Alta Alemanha.

Entre estas tarefas, estabeleceu nos países germânicos uma densa rede de comunidades da sua Ordem, especialmente colégios, que foram pontos de partida para a reforma católica, para a renovação da fé católica. Nesse tempo, também participou do Colóquio de Worms, com os líderes protestantes, entre os quais estava Filippo Melantone (1557); atuou como núncio pontifício na Polônia (1558); participou das duas Dietas de Augusta (1559 e 1565); acompanhou o cardeal Stanislao Hozjusz, enviado do Papa ao Imperador Ferdinando (1560); interveio na sessão final do Concílio de Trento, onde falou sobre a questão da Comunhão sob as duas espécies e sobre o Índice de Livros Proibidos (1562).

Em 1580, retirou-se para Friburgo, na Suíça, dedicado inteiramente à pregação e à composição de suas obras. Morreu lá, em 21 de dezembro de 1597. Beatificado pelo Beato Pio IX, em 1864, foi proclamado, em 1897, segundo Apóstolo da Alemanha pelo Papa Leão XIII; foi canonizado pelo Papa Pio XI e proclamado Doutor da Igreja em 1925.

São Pedro Canísio passou grande parte de sua vida em contato com as pessoas socialmente mais importantes da sua época e exerceu uma influência especial com seus escritos. Foi editor das obras completas de São Cirilo de Alexandria e de São Leão Magno, das Cartas de São Jerônimo e das Orações de São Nicolau de Flüe. Publicou livros de devoção em vários idiomas, biografias de alguns santos suíços e muitos textos de homilética. Mas seus escritos mais populares foram os três Catecismos elaborados entre 1555 e 1558. O primeiro foi desenvolvido para estudantes com um nível de compreensão das noções elementares de teologia; o segundo, para as crianças do povoado, para o início de uma instrução religiosa; o terceiro, para jovens com uma formação escolar média ou superior. A doutrina católica foi exposta em forma de perguntas e respostas, brevemente, em termos bíblicos, de forma muito clara e sem menções críticas.

Somente durante a sua vida, foram feitas 200 edições desse Catecismo! E depois surgiram centenas de edições, até o século XX. Assim, na Alemanha, ainda na geração do meu pai, as pessoas chamavam o Catecismo simplesmente de "Canísio": ele foi realmente o catequista dos séculos; formou a fé das pessoas durante séculos.

Esta é uma característica de São Pedro Canísio: saber apresentar harmonicamente a fidelidade aos princípios dogmáticos com o respeito devido a cada pessoa. São Canísio distinguiu a apostasia consciente e culpada da fé, da perda da fé inocente devido às circunstâncias. E declarou, diante de Roma, que a maioria dos alemães passou ao protestantismo sem ter culpa. Em um momento histórico de fortes contrastes confessionais, evitou as asperezas e a retórica da ira - uma raridade naquela época de discussões entre os cristãos -, centrando-se na apresentação das raízes espirituais e na revitalização da fé na Igreja. Para isso, foi-lhe muito útil o vasto e penetrante conhecimento que tinha das Sagradas Escrituras e dos Padres da Igreja: o mesmo conhecimento que refletia sua relação pessoal com Deus e a austera espiritualidade que derivada da devotio moderna e da mística renana.

A característica da espiritualidade de São Canísio é uma amizade profunda com Jesus. Por exemplo, escreveu em seu diário, no dia 4 de setembro de 1549, conversando com o Senhor: "Tu, no final, como se pudesses abrir o coração do Santíssimo Corpo, que eu parecia ver na minha frente, mandaste-me beber dessa fonte, convidando-me, por assim dizer, a tirar as águas da minha salvação das tuas fontes, ó meu Salvador". Percebe-se que o Salvador lhe dá uma veste com três partes, que se chamam paz, amor e perseverança. E com essa vestimenta feita de paz, amor e perseverança, Canísio realizou o seu trabalho de renovação do catolicismo. Esta amizade com Jesus - que é o centro de sua personalidade -, nutrida pelo amor à Bíblia, pelo amor ao Sacramento, pelo amor aos Padres, estava claramente unida à consciência de ser, na Igreja, um continuador da missão dos Apóstolos. E isso nos lembra que todo evangelizador é sempre um instrumento unido - e, por isso mesmo, fecundo - a Jesus e à sua Igreja.

São Pedro Canísio tinha se formado nessa amizade com Jesus dentro da atmosfera espiritual da Cartuxa de Colônia, onde ele tinha mantido contato próximo com os dois místicos cartuxos, Johann Lansperger, latinizado como Lanspergius, e Nicolas van Hesch, latinizado como Eschius. Mais tarde, aprofundou na experiência dessa amizade, familiaritas stupenda nimis, com a contemplação dos mistérios da vida de Jesus, que ocupam uma grande parte dos exercícios espirituais de Santo Inácio. Sua intensa devoção ao Coração do Senhor, que culminou na consagração ao ministério apostólico na Basílica Vaticana, encontra aqui seu fundamento.

Na espiritualidade cristocêntrica de São Pedro Canísio existe uma convicção profunda: não existe alma cuidadosa da própria perfeição que não pratique todos os dias a oração mental, caminho ordinário que permite que o discípulo de Jesus viva a intimidade com o divino Mestre. Por isso, nos escritos destinados à educação espiritual do povo, nosso santo salienta a importância da liturgia com os comentários sobre os Evangelhos, as festas, o rito da Santa Missa e demais sacramentos, mas, ao mesmo tempo, preocupa-se por mostrar aos fiéis a necessidade e a beleza de que a oração pessoal diária acompanhe e inspire a participação no culto público da Igreja.

Trata-se de uma exortação e de um método que conservam intacto o seu valor, especialmente depois de terem sido propostos novamente pelo Concílio Vaticano II, na constituição Sacrosanctum Concilium: a vida cristã não crescerá se não for alimentada pela participação na liturgia, em particular na Santa Missa dominical, e pela oração pessoal diária, pelo contato pessoal com Deus. Entre as muitas atividades e os múltiplos estímulos que nos cercam, é preciso encontrar, cada dia, momentos de recolhimento diante do Senhor, para ouvi-lo e falar com Ele.

Ao mesmo tempo, é sempre atual e de valor permanente o exemplo que São Pedro Canísio nos deixou, não só em suas obras, mas acima de tudo com sua vida. Ele nos ensina claramente que o ministério apostólico é incisivo e produz frutos de salvação no coração somente se o pregador for uma testemunha pessoal de Jesus e souber ser um instrumento à sua disposição, intimamente unido a Ele pela fé no seu Evangelho e na sua Igreja, por uma vida moralmente coerente e por uma oração incessante como o amor. E isso se aplica a todo cristão que quer viver com esforço e fidelidade sua adesão a Cristo.

No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:

Queridos irmãos e irmãs:

São Pedro Canísio, sacerdote jesuíta e doutor da Igreja, nasceu em Nimega, na Holanda, no ano 1521. Interveio em acontecimentos decisivos do seu tempo, como o Concílio de Trento, e exerceu uma influência especial com os seus escritos. A sua obra mais difundida é o Catecismo, onde aparece a doutrina exposta sob a forma de breves perguntas e respostas, elaboradas em termos bíblicos e sem tons polêmicos. E dele preparou três versões: uma para pessoas com elementares noções de teologia, outra para crianças sem escolaridade e a terceira para estudantes liceais ou universitários. Nisto se revela uma das características de Pedro Canísio: sabia harmonizar a fidelidade aos princípios dogmáticos com o respeito devido a cada pessoa.

Amados peregrinos de língua portuguesa, para todos a minha saudação amiga e encorajadora! Antes de vós, veio peregrino a Roma Pedro Canísio para invocar a intercessão dos Apóstolos São Pedro e São Paulo sobre a missão que lhe fora confiada na Alemanha, o seu campo de apostolado mais longo. No seu diário, descreve como aqui sentiu a graça divina que fazia dele um continuador da missão dos Apóstolos. Como ele, todos nós, cristãos, somos enviados a evangelizar, mas para isso precisamos permanecer unidos a Jesus e à Igreja. Sobre vós e vossas famílias, desça a minha bênção.

Animados em Cristo, vamos lutar contra o aborto

Os encontros de Carnaval são uma maneira alternativa que muitos cristãos encontraram para aproveitar a folia de uma forma sadia. Animados pela Palavra de Jesus, viveremos os dias do feriado de maneira alegre e testemunhando nossa fé.

Essa é uma boa oportunidade de lançarmos as redes, como no caso do compromisso que fizemos em defender a vida em todas as suas instâncias e fases.

Há alguns anos buscamos reunir assinaturas contra um projeto de lei que tenta descriminalizar o aborto no Brasil. Temos que reunir um milhão de assinaturas para que a iniciativa seja considerada representativa.

Falta pouco para atingirmos essa marca. Por isso, nossa mobilização é tão importante. Vamos terminar essa empreitada que começamos há alguns anos atrás.

Baixe aqui a lista do abaixo assinado, convide mais pessoas a assinar e leve-as preenchidas ao Encontro de Carnaval da sua diocese.

Coordenador: envie as listas preenchidas para o Escritório Nacional. Preste atenção no nosso novo endereço: Praça Vinte de Setembro, 482 – Pelotas/RS – CEP: 96015-360.

Falta pouco: vamos lutar pela vida nascente!



Saiba mais:
Novo ânimo na luta contra o aborto
Bento XVI afirma que ser humano não é objeto

Moções Proféticas para a Renovação Carismática do Brasil

Temos observado ao longo dos anos que, quando Deus dá uma moção ao Conselho Nacional através de sua Palavra, Ele está sinalizando o caminho que quer que sigamos e também a bênção especial que tem preparada para nós. Foi assim com as passagens que falavam de portas abertas (Isaías 45, 1-3; Sofonias 3, 15-18; Apocalipse 3, 7-12) e que geraram muitos testemunhos de pessoas que viram portas de sua vida se abrirem com novas oportunidades na vida pessoal, profissional e muitos campos novos de missão. A Boa Nova para aqueles que ainda não viram portas se abrirem é que esse tempo de graças foi inaugurado, mas ainda não se encerrou. Deus é o Eterno Eu Sou, o Hoje. Nele, o passado e o futuro sempre se atualizam no agora. Nele, tudo é sempre presente e o tempo é sempre kairós.

Tem sido assim com o livro de Neemias que fomos inspirados a ler e que nos convocou a um tempo de reconstrução espiritual e construção da nossa Sede Nacional através da unidade. Não se esgotou também a profecia que recebemos em 2006: “Apressai-vos, apressai-vos filhos meus. Assumi os vossos postos, tendes muito para avançar. Serão dias em que ampliarei vossa visão, mas peço que assumais vossos postos para que o Espírito Santo possa vos conduzir”. Ainda continua válida para nós a convocação que o Senhor nos fez através da passagem do livro de Macabeus: “Levantemos nossa pátria de seu abatimento e lutemos por nosso povo e nossa religião. É fácil a um punhado de gente fazer-se respeitar por muitos; para o Deus do céu não há diferença entre a salvação de uma multidão e de um punhado de homens, porque a vitória no combate não depende do número, mas da força que desce do céu” (1Mc 3, 43.18-19).

Este ano estamos fazemos nossa caminhada iluminados pelo tema “Por causa de Tua Palavra, lançaremos as redes.” Esta passagem é retirada do Evangelho de Lucas, capítulo cinco, a passagem da pesca milagrosa, onde depois de ter pregado da barca de Pedro para o povo, Jesus lhe diz: “Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar”. Pedro e seus companheiros haviam pescado a noite toda e não tinham apanhado nada. Eles sabiam pela evidência e também por sua longa experiência de pescadores que o mar não estava dando peixe naquele dia, mas entendem que Jesus lhes pede que ajam baseados na fé e não nas evidências e nem na experiência. Essa é a moção para nós. Tem uma graça especial contida nessa palavra. Jesus está nos pedindo para pescar onde parece não haver peixe, porque Ele pode trazer à existência coisas que não existem, a nossa fé nele pode fazer o invisível se tornar visível. Pela graça especial de Deus, aquilo que tentamos antes e não conseguimos pode acontecer.

O texto bíblico diz: “Faze-te ao largo, e lançai vossas redes para pescar”. Fazer-se ao largo é ir mais para o fundo. A leitura que fazemos é de deixarmos de ser rasos e superficiais na nossa fé, na nossa adesão ao Senhor e, com base na nossa confiança total e absoluta nele, voltar a pescar naquela situação que nos frustrou, voltar a sonhar os sonhos que abandonamos. Jesus nos pede uma atitude nova e nos dá uma força nova. A força nova é a graça de Deus contida nessa palavra; a atitude nova é de enfrentarmos tudo com a profundidade da fé, com profunda adesão ao que Deus tem nos pedido através das passagens bíblicas, das profecias e das moções que nos dá.

Em novembro de 2010, durante a reunião do Conselho Nacional, refletíamos que se juntarmos todas as profecias, todas as palavras rhema, todos os direcionamentos que o Senhor tem nos dado, eles podem ser resumidos em alguns princípios, a saber, o princípio da consciência de nossa identidade, o princípio do bem, o da verdade e o da partilha.

Maria Beatriz Spier Vargas
Secretária Geral do Conselho Nacional da RCCBRASIL

Bento XVI: a perfeição é fazer a vontade de Deus

Apresentamos a seguir o texto introdutório da oração do Angelus que o Papa rezou neste domingo com os peregrinos na praça de São Pedro.

* * *

Queridos irmãos e irmãs,

Neste sétimo domingo do Tempo Comum, as leituras bíblicas nos falam da vontade de Deus de fazer os homens partícipes da sua vida: “Sereis santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” – lê-se no Levítico (19, 1). Com estas palavras, e os preceitos que se seguem a elas, o Senhor convidava o povo eleito a ser fiel à aliança com Ele caminhando por seus caminhos, e fundava a legislação social sobre o mandamento “amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19, 18). Se escutamos, além disso, Jesus, em que Deus assumiu um corpo mortal para se fazer próximo de cada homem e revelar seu amor infinito por nós, encontramos esse mesmo chamado, esse mesmo audaz objetivo. Diz, de fato, o Senhor: “Sede perfeitos como é perfeito o Pai que está no céu” (Mt 5, 48). Mas quem poderia chegar a ser perfeito? Nossa perfeição é viver com humildade como filhos de Deus, cumprindo concretamente sua vontade. São Cipriano escrevia que “à paternidade de Deus deve corresponder um comportamento de filhos de Deus, para que Deus seja glorificado e louvado pela boa conduta do homem” (De zelo et livore, 15: CCL 3a, 83).

Como podemos imitar Jesus? Jesus mesmo diz: “Amai vossos inimigos, rezai por vossos perseguidores; assim sereis filhos do Pai que está no céu” (Mt 5, 44-45). Quem acolhe o Senhor em sua própria vida e o ama com todo o coração é capaz de um novo início. Consegue cumprir a vontade de Deus: realizar uma nova forma de existência animada pelo amor e destinada à eternidade. O apóstolo Paulo acrescenta: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Cor 3,16). Se formos verdadeiramente conscientes desta realidade, e nossa vida for profundamente moldada por ela, então nosso testemunho converte-se em claro, eloquente e eficaz. Um autor medieval escreveu: “Quando todo o ser do homem, por assim dizer, se mesclou com o amor de Deus, então o esplendor de sua alma se reflete também no aspecto exterior” (João Clímaco, Scala Paradisi, XXX: PG 88, 1157 B), na totalidade de sua vida.

“Grande coisa é o amor – lemos no livro da Imitação de Cristo –, um bem que faz leve cada coisa pesada e suporta tranquilamente toda coisa difícil. O amor aspira a subir ao alto, sem ser barrado por nada terreno. Nasce em Deus e só em Deus pode encontrar repouso” (III, V, 3).

Queridos amigos, depois de amanhã, 22 de fevereiro, celebraremos a festa da Cátedra de São Pedro. A ele, o primeiro dos Apóstolos, Cristo confiou a tarefa de Mestre e Pastor para a guia espiritual do Povo de Deus, para que este possa elevar-se até o céu. Exorto, portanto, todos os Pastores a “assimilar este ‘novo estilo de vida’ que foi inaugurado pelo SenhorJesus e que foi feito próprio pelos Apóstolos” (Carta de convocatória do Ano Sacerdotal). Invoquemos a Virgem Maria, Mãe de Deus e da Igreja, para que nos ensine a amar-nos uns aos outros e a nos acogelhermos como irmãos, filhos do mesmo Pai celestial.

[©Libreria Editrice Vaticana]

DOMINGO VIII do TEMPO COMUM

Leituras: Is 49,14-15; 1 Cor 4, 1-5; Mt 6, 24-34

Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo.”

Animado pelo Espírito Santo durante o batismo recebido por mão de João, e proclamado pelo Pai como o Filho em que ele se compraz, Jesus é levado pelo mesmo Espírito ao deserto para ser submetido a várias provas pelo diabo. Sua longa batalha é conduzida a bom fim, enquanto se deixa guiar pela repetida afirmação da sua total submissão e dedicação ao Pai e à sua missão de messias humilde, que traz seu vigor somente da palavra/relação com o Pai:Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus!” (Mt 4, 4 ).

Em força desta identificação da sua existência e missão com o Pai, Jesus inicia a pregar a boa-nova. É ele mesmo a nova presença de Deus na história e o início da nova maneira de existir que essa presença suscita e exige, para que a semente desta história nova se torne messe de frutos abundantes: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus/Deus” (Mt 4,17).

Ao abrir “caminhos novos” para os discípulos, Jesus inicia a partir de sua própria experiência pessoal e oferece a possibilidade de partilhar esta experiência. Seguindo-o, em seu exemplo e em sua atração interior, o discípulo entra no mesmo caminho para o Pai. Jesus não é somente o “mestre”, que ensina e dá orientações de vida, como os outros mestres da lei em Israel e os sábios das tradições sapienciais humanas. Ele é o inicio e o primeiro a viver a nova maneira de ser homem e mulher, segundo o projeto original de Deus. É o novo Adão, que gera uma nova humanidade, segundo a incisiva expressão de Paulo (cf. Rm 5,14). Ele transmite no Espírito a capacidade de seguir seu caminho. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida!” (Jo 14,6).

Jesus define sua atitude fundamental em relação ao Pai e à sua missão, frente às sugestões do diabo, que procura impeli-lo a construir, ao invés, seu próprio projeto de Messias no sinal do poder. É o caminho que Israel, escolhido e amado por Deus como seu “filho”, não conseguiu guardar durante a longa peregrinação rumo a terra prometida da liberdade para servir com amor ao Senhor, reconhecido como seu único Deus libertador. Fascinado pela perspectiva de tornar-se um povo “como os outros”, Israel plasma o seu Deus à própria imagem e segundo as próprias expectativas. Procura um Deus que lhe doe segurança, pela sua semelhança a si mesmo. É pesada demais a perspectiva de uma liberdade, que faz alguém diferente dos outros. Caminhar na multidão com a maioria dá a ilusão de caminhar certo, sem a fadiga de pensar, de escolher, de assumir o risco e a responsabilidade da escolha.

Jesus assume conscientemente a escolha do messias pobre e humilde, que confia somente na força da palavra de Deus. E abre o mesmo caminho para os discípulos de todo tempo. Ninguém pode servir a dois senhores... Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24).

O dinheiro resume em si mesmo todos os ídolos e as armadilhas que, com a falsa promessa da auto-garantia, submetem o homem e a mulher a formas de escravidão sempre novas. O urgente convite de Jesus para, “não vos preocupeis com a vossa vida” (6,25), não é certo um convite a deixar cair o compromisso responsável que cada um tem que assumir frente às justas exigências da existência.

Ao contrário, Jesus pretende colocar no centro o que é verdadeiramente essencial: a cuidadosa ação de Deus para com cada um dos seus filhos e filhas, cuidado que vai bem além daquele cuidado zeloso que, por instinto maternal, tem para com seus filhos, qualquer mãe que não seja desnaturada (primeira leitura: Is 49, 14-15).

É a confusão entre o essencial e o secundário, que destrói a nascente da verdadeira vida no coração da pessoa, e transforma seu empenho por um objetivo que pode se revelar errôneo, em desperdício da energia vital.

Esta é a critica pontual, embora cheia de amor, que Jesus faz a Marta, sua amiga e hóspede tão generosa: “Marta, Marta, tu te preocupas e te inquietas com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a parte melhor, que não lhe será tirada” (Lc 10, 41-42). Maria tinha dado a precedência à escuta sedenta de Jesus e à comunicação profunda e doce que tal escuta criava entre Jesus e seus amigos. Esta ao fim era a razão que tinha feito daquela casa de Betânia, a casa da amizade e da alegria, e que a própria Marta pretendia servir no seu afã.

Jesus orienta os discípulos na mesma direção de atenção ao que é essencial: o dom da vida recebida pelo Pai, e o cuidado zeloso com que o Pai providencia, com generosidade ímpar, mesmo aos seres mais frágeis, como os pássaros e as flores do campo. Eles ficam expostos a toda imprevisibilidade do tempo e das estações, e o Pai não deixa lhes faltar nada, pelo contrário, os reveste de beleza e esplendor com toda gratuidade.

Vós não valeis mais do que os pássaros?.... Não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé?” (Mt 6, 26.30). A contemplação da beleza, da harmonia e da ordem que o olho simples descobre com maravilha na natureza, assim como na história, abre a mente e o coração ao estupor, diante da criatividade fantasiosa de Deus e da sua fidelidade ao ter cuidado dela. Hoje os instrumentos de altíssima tecnologia à nossa disposição nos permitem dilatar quase ao infinitamente pequeno e ao infinitamente extenso a contemplação extasiada das maravilhas do Senhor, já cantadas pelo salmista (cf. Sl 8;19; 104). Pensemos nos detalhes sempre menores alcançados pelos microscópios eletrônicos e, de outra parte, nas profundidades cósmicas a que se dirigem os olhos dos telescópios de última geração como o Kepler, recentemente lançado no espaço, e que continua descobrindo inúmeras estrelas além do nosso sistema solar.

É precioso e urgente recuperar o olhar simples das crianças, capazes de se maravilhar diante da beleza que resplende na criação, na história da humanidade, nas vicissitudes de cada um de nós. Assim a Providência do Pai, à qual nos convida Jesus, como o centro dinâmico que alimenta nossa vida e nossa liberdade, assume a consistência do nosso tempo, do nosso nome, e fundamenta o nosso verdadeiro empenho, a serviço do reino de Deus e da sua justiça, em prol dos nossos irmãos.

Só em Deus a minha alma tem repouso, porque dele é que me vem a salvação! Só ele é meu rochedo e salvação, a fortaleza onde encontro segurança” (Sal resp., 62, 2-3).

A cultura moderna destaca de maneira muito forte a autonomia, a iniciativa e a responsabilidade do indivíduo, em relação ao seu presente e a seu futuro, assim como a sorte das futuras gerações. Somos filhos e filhas da subjetividade, que constitui um grande avanço da modernidade. Suas raízes se encontram na dignidade da pessoa, criada à imagem de Deus. À sua responsabilidade zelosa foi entregue o cuidado da criação e do caminho da família humana para que alcançasse sua vida plena. A história de fato não caminhou nesta direção. Muitas vezes o cuidado sobre o criado se transformou num desfrute destruidor, e o cuidado recíproco se transformou em violenta competição entre os humanos e até mesmo com Deus. É a história do pecado que envenena nosso sangue e obscurece nossos olhos. Jesus cura esta paralisia interior e esta cegueira, abrindo o caminho para o horizonte original.

Portanto não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações. Para cada dia bastam seus próprios problemas” (Mt 6, 34). Jesus não ensina a despreocupar-se e a se subtrair às próprias responsabilidades da vida, seja em relação a si próprio, seja em relação aos outros, mas convida a restabelecer a correta escala das prioridades e das preocupações.

Quando Israel chega à terra de Canaan, a terra recebida como dádiva pelo Senhor, e que o povo agora tem que cultivar e promover com responsabilidade e criatividade, o Senhor admoesta o povo para que “não esqueça” a experiência do deserto. Não se identifique simplesmente com o bem-estar material provindo das atividades agrícolas, do comércio ou da especulação edilícia na cidade.

“Lembra-te, porém, de todo o caminho que Iahweh teu Deus te fez percorrer durante quarenta anos no deserto, a fim de humilhar-te, tentar-te, e conhecer o que tinhas no teu coração... Não vás dizer no teu coração: Foi a minha força e o poder das minhas mãos que me proporcionaram estas riquezas” (Dt 8, 2; cf. 8, 1-20).

Esquecer a experiência do deserto significaria perder a mais profunda identidade de povo de Deus, chamado a viver a fraternidade entre seus membros, e não a cobiça de ter sempre mais bens materiais, narcotizando a alma e destruindo as relações.

Talvez a admoestação do Senhor a Israel ressoe com renovada urgência e verdade para nós hoje. Graças ao desenvolvimento econômico mundial e do Brasil, milhões de pessoas estão saindo da condição de pobreza e de falta de dignidade, e ganhando novas oportunidades para se promover ao nível social, cultural e econômico. O novo desafio para a missão evangelizadora da Igreja, isso é o desafio de cada um de nós, neste novo contexto histórico, é o de contribuir a um processo de desenvolvimento integral das pessoas e da sociedade, a fim de que o crescimento numa fé mais formada, e na experiência do Senhor, possam acompanhar o desenvolvimento social, ajudando as pessoas a se manterem abertas às dimensões mais profundas da existência humana: “o reino de Deus e a sua justiça”.

A Igreja depara-se com a mesma tentação de Israel, que era a de “tornar-se como os outros povos”, frente à modernidade. Confiar na força do evangelho, ou no poder dos instrumentos que toda empresa econômica e social quer à sua disposição, para potencializar sua imagem?

Como tornar-se “memória viva e crível” da primazia de Deus, e do seu amor que chama, escolhe e sustenta cada um em Cristo, para que as experiências inevitáveis de “deserto” e de duras provações ao longo da vida tornem-se caminho para a vida plena?

No deserto Deus cuida do seu povo, dando o maná cotidiano e a água viva que jorra da rocha. Ao mesmo tempo, porém, acompanha o dom com a indicação de recolher cada dia somente a porção suficiente para satisfazer as necessidades do dia. Ele entende promover e verificar a capacidade de confiar no Senhor (Ex 16,4). Deus providencia o maná a cada dia em superabundância. E se alguém tenta guardá-lo para o dia seguinte, com o intento de garantir a si próprio, o maná estraga (cf. Ex 16, 17 -21).

A queixa pela dificuldade do deserto e a monotonia de um alimento, garantido por Deus mas “sem gosto”, exprime a recusa do povo em ficar dependente de quem tem cuidado por ele, e a vontade de afirmar a própria independência. Mesmo se essa possa pedir um preço muito alto: a renúncia ao caminho desafiador para a liberdade e uma nova submissão à velha escravidão, dura, mas com a aparência de satisfazer as necessidades mais imediatas (Ex 16, 2-3). A liberdade, e sobretudo, a liberdade no amor, incute sempre medo.

Jesus, pelo contrário, abre o caminho da nova humanidade com a perturbadora perspectiva das bem-aventuranças, e sua afirmação central: “Felizes os pobres no espírito, porque deles é o reino dos Céus” (Mt 5,3). Mais do que constituírem o programa fundamental da sua pregação e missão, estas palavras nos oferecem o retrato íntimo de Jesus, e deixam vislumbrar o dinamismo profundo que guiou a sua inteira existência, até manifestar-se plenamente no grito confiante na cruz: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23,46).

Com a força simbólica da liturgia, cada noite, ao celebrar Completas, a Igreja nos convida a nos unirmos ao grito confiante de Jesus, renovando a entrega da nossa vida ao Pai. Completas é a oração da Liturgia das Horas que cumpre jornada, rezada ao final do dia; é como a síntese dos sentimentos, trabalhos, alegrias e fadigas de um dia. Mas é símbolo de todos os dias e de todas as atividades, através das quais realizamos nossa missão no mundo. É o selo de uma existência vivenciada no sinal do reconhecimento e agradecimento a Deus, da sua presença fiel ao nosso lado, enquanto desenvolvemos nossas responsabilidades e iniciativas em prol de nós mesmos e dos irmãos.

O Senhor se tornou o meu apoio, libertou-me da angústia e me salvou porque me ama” (Antífona de Entrada - Sal. 17, 19-20).

Não há reforma da Igreja sem conversão

Papa apresenta vida de São Roberto Belarmino, o “bispo simples”
Apesar de ser o sobrinho de um papa e tendo vivido a maior parte de sua vida nos "ambientes mundanos" do governo e da diplomacia, o Papa não hesitou em propor hoje a figura de São Roberto Belarmino, como modelo de bispo "simples e cheio de zelo apostólico".

Deste santo, que escreveu várias obras de espiritualidade e doutrina, além de ter contribuído grandemente para a Igreja dos séculos XVI e XVII, o Papa quis destacar seu perfil como um homem de oração e contemplação.

"Belarmino ensina com muita clareza e com o exemplo de sua própria vida que não pode haver uma verdadeira reforma da Igreja, se antes não acontece nossa reforma pessoal e a conversão do nosso coração", sublinhou o Papa.

Roberto Belarmino (1542-1621) foi uma figura fundamental para a Igreja da Contrarreforma, ao sistematizar a concepção da Igreja, em resposta à crise provocada pela Reforma luterana.

Nascido em Montepulciano (Itália), entrou muito jovem na Companhia de Jesus. Primeiramente, foi professor de teologia em Lovaina e Roma, época em que elaborou uma de suas obras mais famosas, Controvérsia.

"O Concílio de Trento tinha terminado pouco tempo antes e, para a Igreja Católica, era necessário reforçar e confirmar sua identidade também no que diz respeito à Reforma Protestante. A ação de Belarmino se insere neste contexto", explicou o Pontífice.

Sua obra constitui, afirmou, "um ponto de referência, ainda válido para a eclesiologia católica, sobre as questões acerca da Revelação, da natureza da Igreja, dos sacramentos e da antropologia teológica".

"Nelas, acentua-se o aspecto institucional da Igreja, devido aos erros que estavam circulando sobre tais questões."

Nesta obra monumental, que tenta sistematizar as várias controvérsias teológicas da época, o santo "evita todo tom polêmico e agressivo com relação às ideias da Reforma, usando os argumentos da razão e da Tradição da Igreja para ilustrar de maneira clara e eficaz a doutrina católica", destacou o Papa.

Apesar de ser brilhante como teólogo, prosseguiu o Papa, seu legado "consiste na maneira como ele concebeu seu trabalho. Os trabalhos tediosos de governo não o impediram, de fato, de caminhar rumo à santidade, na fidelidade às exigências do seu próprio estado de religioso, sacerdote e bispo".

"Sendo - como sacerdote e bispo -, em primeiro lugar, um pastor de almas, ele sentiu o dever de pregar assiduamente", explicou.

"Sua pregação e suas catequeses têm esse mesmo caráter de simplicidade que ele recebeu da educação jesuíta, toda dirigida a concentrar as forças da alma em Jesus, profundamente conhecido, amado e imitado."

São Belarmino oferece "um modelo de oração, a alma de toda atividade: uma oração que escuta a Palavra do Senhor, que é preenchida com a contemplação da grandeza, que não se fecha em si mesma, que se alegra em abandonar-se nas mãos de Deus".

O santo, "que viveu na pomposa e muitas vezes insalubre sociedade dos últimos anos do século XVI e início do século XVII, esta contemplação inclui aplicações práticas e projeta a situação da Igreja do seu tempo com a corajosa inspiração pastoral".

Suas obras, concluiu o Papa, "nos lembram que o objetivo da vida é o Senhor, o Deus que se revelou em Jesus Cristo, em quem Ele continua nos chamando e prometendo-nos a comunhão com Ele".

"Elas nos recordam a importância de confiar no Senhor, de viver uma vida fiel ao Evangelho, de aceitar e iluminar, com a fé e a oração, toda circunstância e toda ação da nossa vida, sempre ansiando a união com Ele."

Detalhes da cerimônia de beatificação do Papa João Paulo II

A celebração de beatificação do Papa João Paulo II, marcada para o dia 1º de maio, na Praça São Pedro (Vaticano) será um grande evento eclesial, dividido em cinco momentos. No dia 30 de abril será realizada uma vigília de preparação, que será guiada pelo cardeal Agostino Vallini, Vigário Geral do Papa para a Diocese de Roma. O Papa Bento XVI participará da vigília por meio de videoconferência.

Bento XVI presidirá a celebração de beatificação no domingo, 1º de maio, data em que os fiéis poderão venerar os restos mortais de João Paulo II, que estarão na Basílica de São Pedro. O último evento público será a missa de Ação de Graças, celebrada na Praça São Pedro, no dia 2.

O sepultamento dos restos mortais do novo beato, na Basílica Vaticana, ocorrerá de forma privada

Amar Jesus para poder amar o próximo, segundo Papa

É necessário estabelecer uma profunda amizade com Jesus para poder servir os outros.

Isto é o que disse o Papa no sábado passado aos participantes da Assembleia Geral da Fraternidade Sacerdotal dos Missionários de São Carlos Borromeu, que nasceu há 25 anos do movimento Comunhão e Libertação.

Esta obra conta com 25 casas em 16 países em todo o mundo, 104 sacerdotes e 40 seminaristas, empenhados primariamente na missão paroquial e no ensino, com o testemunho - disse o Papa - da "fecundidade" do carisma de Dom Luigi Giussani.

E propriamente da "sabedoria cristã" de Dom Giussani, e do "seu amor a Cristo e aos homens, unidos indestrutivelmente", surgiu a Fraternidade Sacerdotal, disse seu fundador e superior geral, Massimo Camisasca, em um breve discurso de saudação ao Papa.

Em particular, explicou que "a experiência da comunhão, da qual Dom Giussani foi um professor, levou-nos, desde o início, a escolher a vida em comum e, portanto, a casa como um lugar de irradiação da fé".

Em seu discurso, Bento XVI afirmou, antes de tudo, que "o sacerdócio cristão não é um fim em si mesmo". E frisou esta ideia dizendo que "foi querido por Jesus em função do nascimento e da vida da Igreja".

"A glória e a alegria do sacerdócio consistem em servir a Cristo e seu Corpo Místico", disse o Pontífice.

O Papa sublinhou a importância da oração vivida como "um diálogo com o Senhor ressuscitado" e "o valor da vida em comum", não apenas em resposta às necessidades atuais, como a falta de padres, mas como "expressão do dom de Cristo que é a Igreja, (...) prefigurada na comunidade apostólica, que deu lugar aos presbíteros".

Viver com os outros, observou, "aceitar a necessidade de conversão própria e contínua e, especialmente, descobrir a beleza deste caminho, a alegria da humildade, da penitência, e também da conversa, do perdão mútuo, do apoio de uns aos outros".

Além de que a "vida em comum sem a oração" não é possível, também é verdade que é "imprescindível estar com Jesus para poder estar com os outros".

"Este é o coração da missão. Em companhia de Cristo e dos irmãos, qualquer sacerdote pode encontrar a energia necessária para servir os homens, para atender as necessidades espirituais e materiais com que se encontra, para ensinar com palavras sempre novas, que vêm do amor, as verdades eternas da fé, das quais nossos contemporâneos também têm sede - concluiu."

Ser santo é deixar-se amar por Deus

O caminho para a união mística com Deus não consiste tanto em "fazer", mas em "deixar-se fazer". Esta é a grande lição de São João da Cruz, cuja obra é um dos cumes da mística cristã de todos os tempos.

O Papa Bento XVI dedicou sua catequese de hoje, na audiência geral realizada na Sala Paulo VI, a este santo espanhol, em sua série dedicada aos doutores da Igreja.

Depois de falar sobre Santa Teresa de Jesus (2 de fevereiro) e São Pedro Canísio (9 de fevereiro), o Papa dedicou a sua intervenção de hoje a São João da Cruz, conhecido como "Doutor místico" e autor de obras místicas universais como "Subida ao Monte Carmelo", "Noite escura da alma", "Cântico Espiritual" e "Chama viva de amor".

No entanto, a vida de São João da Cruz, afirmou o Papa, "não era um ‘voar pelas nuvens místicas'; foi uma vida dura, muito prática e concreta, tanto como reformador da ordem, onde encontrou muitas oposições, quanto como superior provincial, ou na prisão dos seus irmãos na religião, onde foi exposto a insultos incríveis e agressões físicas".

"Foi uma vida dura, mas precisamente nos últimos meses na prisão, ele escreveu uma de suas obras mais belas", explicou.

O caminho com Cristo, prosseguiu o Papa, "não é um peso adicional à carga já bastante difícil da nossa vida; não é algo que tornaria ainda mais pesado este fardo, e sim algo completamente diferente, é uma luz, uma força que nos ajuda a carregar esse peso".

"Se um homem tem em si um grande amor, este amor quase lhe dá asas, e então suporta mais facilmente todos os aborrecimentos da vida, porque carrega dentro de si esta grande luz; esta é a fé: ser amado por Deus e deixar-se amar por Deus em Cristo Jesus."

"Esse deixar-se amar é a luz que nos ajuda a carregar o peso de cada dia. E a santidade não é obra nossa, muito difícil, mas é precisamente esta ‘abertura': abrir as janelas da nossa alma para que a luz de Deus possa entrar", sublinhou o Papa.

A cruz de São João

Este santo espanhol, contemporâneo e amigo espiritual de Santa Teresa de Jesus, colaborou com ela na reforma da Ordem do Carmelo, sofrendo por isso grandes privações e penalidades.

O Papa percorreu brevemente sua biografia, desde sua infância pobre e difícil até seu ingresso no Carmelo, sua ordenação sacerdotal e seu encontro com Teresa de Ávila, que transformaria o curso da sua vida.

"O jovem padre ficou fascinado pelas ideias de Teresa, chegando a se tornar um grande apoio para o projeto" de reforma do Carmelo, afirmou.

No entanto, "a adesão à reforma carmelita não foi fácil e custou a João inclusive graves sofrimentos. O episódio mais dramático foi, em 1577, sua captura e reclusão no convento dos Carmelitas da Antiga Observância de Toledo, devido a uma acusação injusta".

Depois de seis meses de prisão em duras condições, e de conseguir fugir repentinamente, São João foi destinado aos conventos de Andaluzia. Lá, em Úbeda (Jaén), faleceu dez anos mais tarde.

De suas quatro grandes obras místicas, o Papa destacou os ensinamentos do santo sobre o caminho de purificação que a alma deve percorrer até sua união mística com Deus.

Esta purificação "é proposta como um caminho que o homem empreende, em colaboração com a ação divina, para libertar a alma de todo apego ou afeto contrário à vontade de Deus".

"De acordo com João da Cruz, tudo o que existe, criado por Deus, é bom. Através das criaturas, podemos chegar à descoberta d'Aquele que deixou nelas seu selo", explicou.

No entanto, qualquer coisa criada "não é nada comparada com Deus e nada vale fora d'Ele; por conseguinte, para alcançar o amor perfeito de Deus, qualquer outro amor deve ser conformado, em Cristo, ao amor divino".

Por isso, esta "purificação, sublinhou Bento XVI, "não é mera ausência física de coisas ou de sua utilização; o que torna a alma pura e livre, na verdade, é eliminar toda a dependência desordenada das coisas. Tudo deve ser colocado em Deus como centro e fim da vida".

Neste sentido, acrescentou o Papa, este processo de purificação "exige esforço pessoal, mas o verdadeiro protagonista é Deus: tudo que o homem pode fazer é "dispor-se" para estar aberto à ação divina e não colocar obstáculos a ela".

O esforço humano, prosseguiu, "por si só é incapaz de chegar às raízes profundas das más inclinações e maus costumes da pessoa: pode freá-las, mas não desenraizá-las totalmente.".

"Para fazê-lo, é necessária a ação especial de Deus, que purifica radicalmente o espírito e o dispõe para a união de amor com Ele", afirmou o Pontífice. "Neste estado, a alma está sujeita a todo tipo de provas, como se estivesse em uma noite escura."

"Quando se alcança este objetivo, a alma mergulha na própria vida trinitária, de forma que São João diz que esta chega a amar a Deus com o mesmo amor com que Ele ama, porque a ama no Espírito Santo."

Padre Lombardi esclarece uso do iPhone na confissão

Não substitui a presença física do sacerdote
O aplicativo Confession para iPhone e outras novas tecnologias similares pode ajudar a fazer o exame de consciência preparatório à Confissão, mas nunca poderia substituir o diálogo pessoal entre o penitente e o sacerdote.

Foi o que explicou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, diante das dúvidas manifestadas por alguns jornalistas que cobrem informação vaticana sobre o Imprimatur (declaração que valida uma publicação) concedido ao aplicativo Confession, tal como informou ZENIT (ver http://www.zenit.org/article-27181?l=portuguese).

Após algumas informações que sugeriam que se tratava de Confissão através do iPhone, o padre Lombardi esclareceu que “é essencial compreender bem que o sacramento da Penitência requer necessariamente a relação de diálogo pessoal entre penitente e confessor, assim como a absolvição por parte do confessor presente”.

“Isso não pode ser substituído por nenhum aplicativo informático”. Portanto, “não se pode falar de ‘Confissão pelo iPhone’”, explicou.

Segundo Lombardi, entretanto, em um mundo em que muitas pessoas utilizam suportes informáticos para ler e refletir (e inclusive textos para rezar), não se pode excluir que uma pessoa faça sua reflexão de preparação à Confissão tomando a ajuda de instrumentos digitais. Isso de forma parecida ao que se fazia no passado, “com textos e perguntas escritas em papel, que ajudavam a examinar a consciência”.

Neste caso – prosseguiu – tratar-se-ia de um subsídio pastoral digital que “poderia ser útil”, mas sabendo que “não é um substituto do Sacramento”.

E, além disso, deve ter “uma verdadeira utilidade pastoral” e nunca se tratar de um negócio “alimentado por uma realidade religiosa e espiritual importante como um Sacramento”.

O aplicativo Confession foi desenvolvido pela empresa Little iApps e recebeu há poucos dias o Imprimatur das mãos de Dom Rhodes, bispo de Fort Wayne-Southbend (Estados Unidos).

Segundo explicou a ZENIT Patrick Leinen, programador e cofundador da Little iApps, o aplicativo está pensado para ajudar na preparação à Confissão, oferecendo roteiro de exame de consciência, guia passo a passo do sacramento, ato de contrição e outras orações.

O carnaval já está a chegar!

É bom, portanto, fazermos, desde já, uma reflexão sobre a alegria, este dom maravilhoso de Deus que restaura nossas forças, lembrando-nos da dignidade de nossa criação e de nossa redenção!

A tristeza leva-nos às profundezas da terra, a um lugar inóspito, como lamentava Jó, onde não há ordem e habita o eterno horror. (Cf. Jó 10,22).

Quão grande é o amor de Deus e o quanto as “alegrias” do mundo são falsas, passageiras e muitas vezes vêm disfarçadas com uma embalagem bem bonita, com cara de confete, brilhos e serpentina.

Na carta aos Gálatas São Paulo diz: “Fostes chamados à liberdade, não abuseis, porém da liberdade como pretexto para prazeres carnais…” (Gl 5,13) e depois “Deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfareis os apetites da carne” (Gl 5, 16).

E aqui estou eu para te falar que a vida em Deus, ou seja, a vida no Espírito é muito melhor do que a vida na carne e posso te falar isso com propriedade, pois já provei das duas.

Não falo do que não conheço e aí está o motivo para eu louvar a Deus por tudo que experimentei, porque hoje posso te dizer: “não vá por aí!” Porque eu tive a graça de voltar, de ser encontrado a tempo por Deus, mas muitos não têm e acabam se perdendo de vez e tudo começa em um carnaval.

Pode ser que você ainda não tenha idade ou seus pais não deixem você ir pra avenida ou para o baile de carnaval, mas já estou te prevenindo para que quando você puder sair de casa saiba fazer a escolha certa. E para você que já está se programando para o carnaval, existem em muitas cidades e paróquias o Festival do Senhor, carnaval com Cristo, ou “Acampamento de carnaval”. Oportunidades de se divertir sem ofender a Deus não faltam. Mas a escolha depende de você!

Tenha um santo carnaval! Porque vale a pena ser de Deus!

Carnaval: O céu e o inferno te disputam

O céu e os infernos te disputam neste tempo de carnaval. A verdade é exatamente essa, não só no tempo de carnaval, mas em todos os tempos. Onde a arte se confunde com o pecado e o pecado se confunde com a arte.

O diabo é um viciado em querer imitar o que Deus faz. Deus faz algo muito bonito e ele quer fazer caricatura daquilo, e faz tão bem parecido que muitas vezes nos engana.

Como por exemplo: Eu não posso negar que a beleza plástica do carnaval brasileiro é muito bonita, o desfile de escola de samba, as fantasias, aquela batucada com aqueles instrumentos é muito bonito. Tecnicamente falando, é maravilhoso de se ver.

Mas nestes dias de carnaval se corre um grande perigo de perder o sentido da vida, porque nós nos encontramos em um contexto, onde o inferno vai querer te penetrar misturando com a beleza plástica do carnaval, com situações concretas de pecado – pecado que nos leva à prostituição, à violência, à violência no trânsito, violência das facas e das balas, ao homossexualismo e à drogadição.

Cabe a nós decidirmos para que lado vamos pender. A quem nós iremos ouvir: a Deus ou ao seu inimigo, o Diabo? E para falar a verdade nós sabemos discernir o que é melhor para nós.

A natureza, a criação anseia, espera ansiosamente pela revelação dos filhos de Deus, você é filho de Deus! Chegou a nossa hora! Confirme a sua escolha por Deus!

Neste carnaval, espero te ver aqui no Festival do Senhor na matriz da Paróquia São Paulo em Teresina - PI ! Se não puder estar aqui, não perca tempo, procure um retiro, deseje estar em sintonia com Deus, escolha por Aquele que te dá a verdadeira alegria!

A Moralidade é Ouro

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É preciso criar o gosto pela transparência e pelo que é honesto

A sociedade está povoada de notícias que comprovam o quanto a corrupção e a desonestidade estão corroendo relações, provocando prejuízos irreversíveis na vida de cidadãos e de famílias, com sérios comprometimentos sociopolíticos. A confiança que se deposita em pessoas, no exercício de suas responsabilidades funcionais e ofícios, está e certamente continuará sendo abalada. O mesmo ocorre também na relação com as instituições, que têm tarefas de proteção aos direitos e à integridade de todos, constituídas para proteger o bem público, garantir a ordem e a justiça. Quando menos se espera, estouram aqui e ali acontecimentos que provocam decepção e generalizam a insegurança. Não se esperam conivências interesseiras dos que têm tarefa de garantir a justiça. Conveniências que comprometem a vida de jovens e de outros que têm seus sonhos inviabilizados de maneira irreversível.

As providências que governos, instituições e outras instâncias da sociedade precisam e devem tomar diante de fatos graves no tecido social e cultural, não podem retardar mais a consideração da moralidade como ouro na história de todos. Esse cenário, com suas violências, desmandos, corrupções, tráficos e outras condutas imorais, é origem de tudo o que esgarça o tecido moral da cidadania. Valor que é a base para vencer seduções e ter força para permanecer do lado do bem, com gosto pela justiça e fecundo espírito de solidariedade. É imprescindível redobrar a atenção quanto à moralidade que baliza a vida de cada indivíduo e regula suas relações. É urgente e necessário avaliar o quanto o relativismo tem emoldurado critérios na emissão de juízos, na formatação de discernimentos, trazendo direções equivocadas e prejudiciais nas escolhas, tanto no âmbito privado quanto no exercício da profissão, da política e de outras ocupações na sociedade.

É preciso diagnosticar esses pontos críticos na moralidade sustentadora da conduta cidadã e honesta. Não se pode desconsiderar a gravidade da situação vivida neste tempo de avanços e conquistas - marcado pela "démarche" (disposição para resolver assuntos ou tomar decisões) - imposta pela falta de moralidade pública, profissional e individual. Jesus, em Seus preciosos ensinamentos para bem formar os discípulos, não deixava de advertir e indicar critérios para comprovar os comprometimentos da moralidade. Ele dizia que “o irmão entregará o irmão à morte, o pai entregará o filho; os filhos ficarão contra os pais e os matarão”, convidando-os para não se escandalizarem e a permanecerem firmes diante do caos provocado pela imoralidade. A decomposição das relações familiares configura o paradigma da perda da moralidade, considerando a família com seu insubstituível papel de formadora de consciência.

Com a família, o conjunto das instituições educativas, religiosas e outras prestadoras de serviços à sociedade, é preciso fortalecer o coro de vozes, como o fez a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), quanto à necessidade de incluir na pauta da sociedade a compreensão da moralidade como um tesouro do qual não se pode abrir mão. Sua ausência significa a produção de perdas irreparáveis, de vidas, de credibilidade e de conquistas e avanços de todo tipo, pelos inevitáveis comprometimentos advindos de uma cultura permissiva e cega a valores balizadores da vida cidadã. Nesse âmbito, é preciso retomar a tematização da responsabilidade dos meios de comunicação - também sublinha a CNBB. A apurada qualidade técnica e os admiráveis recursos da mídia, em particular da televisão, lamentavelmente, estão a serviço de programas que atentam contra a dignidade humana. Não se pode simplesmente ajuizar que os cidadãos são livres para escolher o que é de baixo nível moral. É melhor não produzi-los. Então, é preciso combatê-los, investindo na formação da consciência moral, com uma consistência tal que se rejeite, com lealdade, os fascínios da celebridade fugaz, o gosto mórbido pelo dinheiro e pelo poder, e substituí-los pelo apreço ao bem, à verdade; criar o gosto pela transparência e pelo que é honesto.

As culturas e as sociedades não podem prescindir de investimentos, abordagens e compreensões da consciência na sua insubstituível e específica função de discernimento e juízo moral. É urgente superar considerações de que tratar e investir na moralidade é um viés antigo, e até superado. A liberdade e a autonomia que caracterizam a sociedade contemporânea não podem prescindir do exercício dos valores morais sob pena de continuarmos a fabricar o precioso tempo do Terceiro Milênio como um tempo de abominação da desolação.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Cresce o número de católicos no mundo

O Anuário Pontifício, edição 2011, apresentado ao Papa Bento XVI no último fim de semana mostra que o número de católicos no mundo aumentou 1,7% entre 2008 e 2009, principalmente na África e na Ásia.


De acordo com os números, atualmente existem 1,18 bilhão de católicos no mundo. Quase a metade (49%) vive no continente americano. Já na Europa, a população católica corresponde a 24%.

O Anuário também mostra crescimento do clero. O número de bispos aumentou, de 5002 em 2008 para 5056 em 2009, um aumento de 1,3% . O número de padres passou de 405.178 em 2000 para 410.593 em 2009.

O Anuário mostra também que o número de diáconos permanentes teve um crescimento de 2,5%, de 37.203 em 2008 para 38.155 em 2009. Quantos às religiosas, o número diminuiu, de 739 mil para 729 mil, em apenas num ano. Apesar disto as vocações aumentam na África e Ásia.

Houve crescimento de 0,82% no número de seminaristas. O maior aumento foi registrado na África e Ásia, com um ritmo de crescimento de 2,2% e 2,39%, respectivamente. No mesmo período a Europa e América diminuíram suas porcentagens em 1,64% e 0,17%, respectivamente.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Fernanda Brum grava música sobre Maria

A cantora evangélica Fernanda Brum deu um passo para a unidade plena entre os cristãos surpreendendo a muitos – católicos e protestantes – gravando uma canção em seu álbum sobre Maria, deixando de lado uma fobia desnecessária infelizmente ainda pregada por muitos.

A música foi ainda contemplada por um comentário no blog de Padre Joãozinho, scj, sacerdote da Igreja Católica e ministro de música cuja opinião é bastante influente no meio. Ele afirma que, apesar de surpreendente para alguns, não existe polêmica em torno do tema pois Maria faz parte do Evangelho. Confira o que ele disse em seu blog:


“Algo de novo está acontecendo. Acabo de ouvir, com satisfação, a canção gravada pela evangélica FERNANDA BRUM: Maria. Faz tempo que a grande maioria dos evangélicos mantém um estranho pudor para falar sobre Maria. É estranho porque sendo “evangélicos” deveriam cantar todo o Evangelho. É o que acontece nesta bela intepretação de Fernanda Brum que canta o primeiro capítulo do evangelho de Lucas. A mãe sorri e o Filho agradece!”



Ficou curioso? Então confira a música gravada pela cantora Fernanda Brum: “Maria [Download]

“.




fonte: http://blog.dyegocarletti.net/2010/05/fernanda-brum-grava-musica-sobre-maria/

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quem é Deus?

“Deus é amor” (1Jo 4, 8)

Iniciar um relacionamento significa começar um processo de conhecimento do outro. Entre o homem e Deus isso também acontece. Relacionar-se com Ele significa buscar conhecê-lo cada vez mais. Nessa busca, muitos tentam definir a Deus. O Catecismo da Igreja Católica faz isso, logo no primeiro parágrafo: “Deus, infinitamente Perfeito, Bem-aventurado em sim mesmo, em um desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para fazê-lo participar de sua vida bem-aventurada. Eis por que desde sempre e em todo o lugar, está perto do homem. Chama-o e ajuda-o a procurá-lo, a conhecê-lo e a amá-lo com todas suas forças”.

No parágrafo 36: “A Santa Igreja, nossa mãe, sustenta e ensina que Deus, princípio e o fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana a partir das coisas criadas. Sem esta capacidade, o homem não poderia acolher a revelação de Deus. O homem tem esta capacidade por ser criado à imagem de Deus”.

E ainda no parágrafo 27: “O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem para si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar”.

Na sequência deste texto, segue parte da Constituição Pastoral Gaudium et Spes (GS 19, 1): “O aspecto mais sublime da dignidade humana está nesta vocação do homem à comunhão com Deus. Este convite que Deus dirige ao homem, de dialogar com ele, começa com a existência humana. Pois se o homem existe, é porque Deus o criou por amor e, por amor, não cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu criador”.

Estes três parágrafos não são os únicos. Porém, mostram com clareza o que a Igreja Católica pensa e prega a respeito de Deus. Nestes textos encontra-se a imagem de Deus Criador, início de tudo, que por um infinito amor criou o homem. Além disso, pode-se perceber a presença de Deus na vida do homem e o desejo de que este homem, por sua livre iniciativa, procure Deus, e o ame com todas as suas forças. Sabendo que esta tarefa não é simples. Ele está sempre presente e disposto a ajudar.

A palavra “homem”, repetida inúmeras vezes nas passagens anteriores, pode tornar o texto impessoal e distante. Para tornar estes textos mais presentes na nossa vida, pode-se trocar a palavra “homem” pelo nosso próprio nome. Com isso, fica mais fácil perceber o chamado e o cuidado particular de Deus com cada um de nós.

Na Bíblia, podem ser encontradas mais características de Deus, como, por exemplo, na 1ª Carta de São João, onde ele revela que “Deus é amor”. Essa é a essência de Deus. O discípulo que ‘Jesus amava’ nos revela a mais profunda verdade sobre Deus: Ele é amor. Isso é determinante para conhecê-lo. Precisamos estar profundamente convencidos dessa essência, pois isso determina a maneira como nos relacionamos com Ele. Se Deus é amor, Ele ama. Não pode deixar de amar. E se não pode deixar de amar, tudo o que faz, o faz por amor. Todo medo de Deus sucumbe quando nos convencemos de que Deus é amor. Se Deus é amor, não há nele maldade, ressentimento, vingança ou autoritarismo. Todas essas características viciadas que muitas vezes trazemos inconscientemente de Deus caem por terra quando tomamos consciência de que Deus é amor. Se isso é verdade, ele não é indiferente à dor humana. Se Deus é amor, então ele não pode ser um Deus distante, ausente ou carrasco. Ele é Amor!

Porém, a definição mais pedagógica de Deus é apresentada pelo próprio Jesus, quando chama Deus de Pai (Mt 6, 5-13). Dentro da cultura judaica, Deus era visto de várias maneiras, mas nunca como um Pai. Quando Jesus o chama não apenas de Pai, mas de ‘Abba’ – Papai – ele revela a nós qual é o amor paternal que Deus tem para conosco e qual é o amor filial que devemos ter em relação a Deus. A partir dessa fala de Jesus, já não podemos mais conhecer um Deus a quem devemos apenas servir e adorar. Um Deus que está distante em seu trono aguardando nosso sacrifício. Não! Após a fala de Jesus chamando Deus de Papai, entendemos que somos seus filhinhos queridos e devemos nos relacionar com Ele assim, de maneira íntima, como dependentes, como criancinhas que precisam de seu colo, de sua companhia, de sua Graça.

No conceito de ‘pai’ estão embutidas as ideias de: origem, autoridade, verdade, sabedoria, providência, fidelidade, misericórdia, amor. Muitas vezes, por experiências ruins em relação a nossos pais naturais, temos dificuldades em aceitar a figura paterna de Deus. É preciso orar pedindo a cura disso. Orar para aceitar a Deus como Pai e para perdoar nossos pais. Eles ao limitados como nós. Provavelmente também não receberam o amor paterno equilibrado quando pequenos e por isso não souberam manifestar esse amor a nós. Como diz o cantor católico Martin Valverde: “Deus não é um pai, Ele é O Pai!”. Todas as falhas e limitações de nossos pais que possam ter nos machucado não estão presentes em Deus. O Senhor detém a plenitude da paternidade. Ele é o Pai Perfeito.

Esse amor de Pai zeloso é manifestado em nossas vidas a todo o momento. Mesmo que não o percebamos, cegos pelas dores ou pela incredulidade, esse amor nos envolve carinhosamente. Se há uma coisa que o Pai não pode fazer é deixar de nos amar. “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).

Esse amor se manifesta antes mesmo do nosso nascimento. O salmista celebra as maravilhas de Deus: “Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no seio da minha mãe. Sede bendito por me haveres feito de modo tão maravilhoso” (Sl 138). Nossa natureza, nossas características (todas e cada uma delas) são sinais do amor de Deus por nós.

Reconhecemos este Deus Pai e Criador sempre que rezamos o Pai Nosso, o Creio, ou mesmo no simples “em nome do Pai, do filho e do Espírito Santo”. Ao longo da nossa vida nos habituamos a estas orações e, às vezes, nem nos damos conta do que estamos rezando. Além de reconhecê-lo efetivamente como Pai, é fundamental que cada um se aproxime de deus e queira ardentemente estar junto dele em todos os momentos.

QUIROGA, Aldo Flores e FLORES, Fabiana Pace Albuquerque. Práticas de Vida e Relacionamento – Ministério Jovem RCCBrasil. Módulo Serviço – Apostila I. 2ª edição.

Siglas:
CIC – Catecismo da Igreja Católica
GS - Constituição Pastoral Gaudium et Spes

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Carismáticos de todo o Brasil colaboram com afetados pelas enxurradas

O Encontro Nacional de Formação, ocorrido na cidade de Lorena/SP, também foi um espaço de solidariedade. Pessoas de todo o Brasil levaram ao evento alimentos, roupas, produtos de limpeza e higiene pessoal para doar aos atingidos pelas enxurradas nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

O coordenador da RCC Rio de Janeiro, Ricardo Emílio, conta que a iniciativa de arrecadar donativos durante o Encontro surgiu logo após as chuvas que afetaram as cidades da região serrana. Segundo Emílio, membros da Renovação de vários lugares ficaram preocupados e procuraram saber como ajudar os atingidos. Com isso, foi feito o apelo, divulgado pelo portal da RCCBRASIL, pedindo ajuda às pessoas que viriam ao ENF.

No estande dos projetos do Movimento, foram recebidas roupas e, principalmente, alimentos. A missionária da Arquidiocese de Belo Horizonte Tânia Araújo ficou responsável por separar os donativos para que cheguem ao seu destino final. Ela destaca que muitas doações vieram dos estados das regiões Norte e Nordeste, que ainda não tinham encontrado uma oportunidade de contribuir eficazmente. Para ela, isso é um belo exemplo de solidariedade e fraternidade.

Aqueles que não puderam enviar suas colaborações ao ENF podem encaminhá-las para o Escritório Estadual da RCC Rio de Janeiro, que mantém um posto de coleta fixo para receber esses donativos. Para saber como doar, basta ligar para (21) 2264-9116 ou acessar o site da RCC-RJ.

Ação entre amigos Nossa Casa, Nossa Bênção

O Encontro Nacional de Formação 2011, ocorrido de 26 a 30 de janeiro em de Lorena/SP, foi marco de importantes passos para a construção da Sede Nacional. O primeiro deles foi a inauguração da capela “Cenáculo de Nossa Senhora de Pentecostes”. O outro foi o lançamento da Ação entre Amigos “Nossa Casa, Nossa Bênção”.

Ao comprar um número da campanha, no valor de R$ 10,00, você tem a chance de concorrer no sorteio de três automóveis Fiat Uno. O resultado será conhecido durante o Congresso Estadual da RCC Espírito Santo, no dia 31 de julho.

Para adquirir o seu número, procure o coordenador do seu Grupo de Oração. Os blocos da Ação entre Amigos foram distribuídos aos coordenadores estaduais durante o Encontro Nacional de Formação. Eles irão entregar os números para os diocesanos, que, em seguida, repassarão aos Grupos.

Atos 4, 32
A iniciativa já faz parte do projeto de partilha de recursos da RCCBRASIL com estados e dioceses, inspirado no trecho do livro dos Atos dos Apóstolos que conta que os primeiros cristãos tinham tudo em comum. Parte do dinheiro arrecadado com a venda dos números da ação será revertida para os escritórios estaduais e diocesanos. Dessa forma, todas as instâncias do Movimento serão beneficiadas pela campanha.

Para mais informações e regulamento, acesse o site da Ação entre Amigos "Nossa Casa, Nossa Bênção".

Descubra o Poder do Silêncio na sua vida

Cale-se para seu bem, recomenda o monge beneditino Anselmo Grün, autor de "O Poder do Silêncio" (Vozes). São 11 capítulos em que o monge prega a necessidade de se fechar a boca como caminho para a paz de espírito. Não só isso: quem economiza palavras pode evitar aborrecimentos desnecessários causados geralmente pela mania de falar pelos cotovelos. Assim, observando mais do que colocando o bedelho em tudo, dá para diminuir ruídos de comunicação.

A meditação ajuda a acalmar nossos diabinhos, e o monge conta como sossegar uma mente desgovernada. Ele defende que o silêncio é o ambiente ideal para brecar as angústias provocadas pela velocidade e pelo excesso de informações, de estímulos e demandas do cotidiano. É por isso que muitos se isolam em florestas, desertos e praias para conseguir um pouco de tranquilidade e organizar os pensamentos e as emoções.

O monge explica as diferentes técnicas de meditação, dependendo do credo (católicos, budistas e judeus, por exemplo). Em comum, há o forte desejo de dar um significado mais elevado para a vida, permitindo a convivência sadia com os outros e o desenvolvimento de nossas potencialidades.

São rituais que podem ser adaptados pelo seu ritmo de atividades, aquele momento em que, sem palavras, sua mente reavaliará os últimos capítulos de sua vida, captando aquilo que escapou ao seu primeiro crivo. Com uma linguagem acessível, o livro do monge Grün pinça ensinamentos de simplicidade presentes na tradição do catolicismo, inspirando a cada página uma repentina vontade de ficar em silêncio apenas contemplando a beleza e o privilégio de estar vivo.

O monge beneditino, da abadia de Münsterschwarzach (Alemanha), tem livros publicados em mais de 28 línguas. Procurado como palestrante e conselheiro na Alemanha e no exterior, tornou-se mestre do autoconhecimento.

É bom manter uma regularidade no exercício da meditação. O melhor horário é de manhã cedo, quando está tudo calmo. Quando medito de manhã, o dia começa bem, tenho a sensação de que eu mesmo estou dando forma ao dia; começo o dia como se ele fosse feito para mim. Em cursos de meditação, mutias pessoas se animam a adotar o horário da manhã para meditar, mas, quando são principiantes, não lhes convém, pois costumam sentir cansaço, ou têm a atenção distraída por alguma coisa, nesse horário. Não é fácil manter diariamente essa disciplina em meio a todos os imprevistos com que lidamos, além do que não se deve tomar a prática da meditação como uma tirania. Graf Dürckheim, a quem muito devo, costumava dizer: Devemos abrir exceção com seriedade num dia em que não nos sintamos em condições de meditar. Isto é melhor do que querermos meditar todo dia e ficarmos constantemente atormentados por uma obrigação autoimposta. A função da regra é facilitar, de modo que não precisemos sempre decidir se vamos meditar ou não.

Em todo o caminho espiritual, sempre há fases em que não temos prazer algum em meditar, portanto não devemos nos forçar a meditar a todo custo, mas, pelo contrário, devemos nos perguntar o que essa resistência tem a nos dizer. Devo reduzir minhas expectativas referentes à meditação? Meditação é coisa do dia a dia. Nem sempre eu consigo perceber se algo falhou durante a prática, e isso não tem importância alguma. Eu pratico sem grandes expectativas. Pode ser, também, que a resistência que experimento queira me dizer: "Você se autoimpôs algo que não se ajusta. Talvez seja melhor você seguir outro caminho para encontrar o silêncio. Talvez você só queira ficar imitando este ou aquele mestre de meditação, mas você precisa encontrar seu próprio caminho. Se o seu caminho é este, siga-o com prazer". É claro que também a disciplina é necessária, mas o fundamental é a alegria da prática.

Muitos autores espirituais recomendam combinar a postura correta com a respiração consciente. Posso associar a expiração ao ato de escoar os pensamentos incessantes. Entre expiração e inspiração, há uma fração de segundo na qual não estou expirando nem inspirando. Graf Dürckheim comentou certa vez que esse é o momento mais importante: é como algo entre a vida e a morte, entre estar prendendo a prática a mim mesmo, ou estar entregue a Deus.

Deus abre as portas para quem é fiel

Testemunho da Graça de Deus em Minha vida, especialmente na vida de meu filho.

Há cinco anos, em 2006, o meu filho, com 18 anos, passou no vestibular de uma faculdade particular, para o Curso de Engenharia e Petróleo e Gás. Eu não tinha condições financeiras para pagar a matrícula inicial. Pois somos somente nós dois. Foi quando me deparei numa situação, onde somente Deus poderia me dar uma direção. O que fazer?

Coloquei-me diante do Sacrário numa capela e ali orei, supliquei e também chorei, pois não tinha como pagar a faculdade de meu filho. Mas, ao mesmo tempo, pensava como privá-lo do estudo, uma vez que ele é muito fiel, dedicado ao estudo?

A Palavra que Deus me deu naquele momento foi Hebreus 10, 36-39: "Pois vos é necessária a perseverança para fazerdes a vontade de Deus e alcançardes os bens prometidos. Ainda um pouco de tempo - sem dúvida, bem pouco -, e o que há de vir virá e não tardará. Meu justo viverá da fé. Porém, se ele desfalecer, meu coração já não se agradará dele. Não somos, absolutamente, de perder o ânimo para nossa ruína; somos de manter a fé, para nossa salvação!".

E o sentimento que me veio ao coração era de que portas iriam se abrir, que pessoas iriam me ajudar financeiramente para ajudar a pagar a faculdade. Saí da capela confiante na promessa de Deus. Depois de uma semana, quatro pessoas vieram até mim com a proposta de ajudar-me a pagar as mensalidades, sendo que uma delas se comprometeu de pagar o transporte: a faculdade fica a 36 km da cidade onde moramos. Uma tia, dona de um restaurante, arrumou um emprego das 11h até 14h, onde pagava muito além do que era necessário e um horário que não prejudicava ele nos estudos.

E foram assim cinco anos de providência. No final de 2010, ele, para Honra e Glória do Senhor se formou e passou na prova para fazer mestrado, mas agora numa faculdade com bolsa.

Quando Deus me deu aquela palavra, eu confiei, procurei vivê-la e ser fiel ao chamado, principalmente nas missões às quais ele tem me enviado (pregações, retiros, aprofundamentos etc.) Pois um Dia Jesus me disse: “Cuida dos meus, que eu cuido dos Teus”. Isso tudo foi graças à minha perseverança, à minha fidelidade e à crença na Palavra de Deus, pois nunca perdi o ânimo. Porque a Palavra de Deus é um Porto Seguro, pois sei que quem está à frente é Deus e sei que muitas portas ainda se abrirão.

Eu sou uma apaixonada por Jesus Cristo.

Ivone Maria Pin
RCC Castelo/ES

Perfeição, aspiração e meta de toda a vida cristã

O papa Bento XVI vem apresentando, nas últimas semanas, uma série de catequeses sobre os doutores da Igreja. O portal RCCBRASIL, em parceria com a agência de notícias católica Zenit, apresentará os textos do Santo Padre a partir desta quinta-feira (17). A primeira delas é dedicada à Santa Teresa d’Ávila.

Queridos irmãos e irmãs:

Ao longo das catequeses que eu quis dedicar aos Padres da Igreja e a grandes figuras de teólogos e mulheres da Idade Média, pude falar sobre alguns santos e santas que foram proclamados Doutores da Igreja por sua eminente doutrina. Hoje, eu gostaria de começar com uma breve série de encontros para completar a apresentação dos Doutores da Igreja.

E iniciamos com uma santa que representa um dos cumes da espiritualidade cristã de todos os tempos: Santa Teresa de Jesus. Ela nasceu em Ávila, Espanha, em 1515, com o nome de Teresa de Ahumada. Em sua autobiografia, ela menciona alguns detalhes da sua infância: o nascimento "de pais virtuosos e tementes a Deus", em uma grande família, com nove irmãos e três irmãs. Ainda jovem, com pelo menos 9 anos, leu a vida dos mártires, que inspiram nela o desejo de martírio, tanto que chegou a improvisar uma breve fuga de casa para morrer como mártir e ir para o céu (cf. Vida 1, 4): "Eu quero ver Deus", disse a pequena aos seus pais. Alguns anos mais tarde, Teresa falou de suas leituras da infância e afirmou ter descoberto a verdade, que se resume em dois princípios fundamentais: por um lado, que "tudo o que pertence a este mundo passa"; por outro, que só Deus é para "sempre, sempre, sempre", tema que recupera em seu famoso poema: "Nada te perturbe, nada te espante; tudo passa, só Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem tem a Deus, nada lhe falta. Só Deus basta!". Ficando órfã aos 12 anos, pediu à Virgem Santíssima que fosse sua mãe (cf. Vida 1,7).

Se, na adolescência, a leitura de livros profanos a levou às distrações da vida mundana, a experiência como aluna das freiras agostinianas de Santa Maria das Graças, de Ávila, e a leitura de livros espirituais, em sua maioria clássicos da espiritualidade franciscana, ensinaram-lhe o recolhimento e a oração. Aos 20 anos de idade, entrou para o convento carmelita da Encarnação, sempre em Ávila. Três anos depois, ela ficou gravemente doente, tanto que permaneceu por quatro dias em coma, aparentemente morta (cf. Vida 5, 9). Também na luta contra suas próprias doenças, a santa vê o combate contra as fraquezas e resistências ao chamado de Deus. Escreve: "Eu desejava viver porque compreendia bem que não estava vivendo, mas estava lutando com uma sombra de morte, e não tinha ninguém para me dar vida, e nem eu poderia tomá-la, e Aquele que podia dá-la a mim, estava certo em não me socorrer, dado que tantas vezes me voltei contra Ele, e eu o havia abandonado" (Vida 8, 2).

Em 1543, ela perdeu a proximidade da sua família: o pai morre e todos os seus irmãos, um após o outro, migram para a América. Na Quaresma de 1554, aos 39 anos, Teresa chega o topo de sua luta contra suas próprias fraquezas. A descoberta fortuita de "um Cristo muito ferido" marcou profundamente a sua vida (cf. Vida 9). A santa, que naquele momento sente profunda consonância com o Santo Agostinho das "Confissões", descreve assim a jornada decisiva da sua experiência mística: "Aconteceu que, de repente, experimentei um sentimento da presença de Deus, que não havia como duvidar de que estivesse dentro de mim ou de que eu estivesse toda absorvida Nele" (Vida 10, 1).

Paralelamente ao amadurecimento da sua própria interioridade, a santa começa a desenvolver, de forma concreta, o ideal de reforma da Ordem Carmelita: em 1562, funda, em Ávila, com o apoio do bispo da cidade, Dom Álvaro de Mendoza, o primeiro Carmelo reformado, e logo depois recebe também a aprovação do superior geral da Ordem, Giovanni Battista Rossi. Nos anos seguintes, continuou a fundação de novos Carmelos, um total de dezessete. Foi fundamental seu encontro com São João da Cruz, com quem, em 1568, constituiu, em Duruelo, perto de Ávila, o primeiro convento das Carmelitas Descalças. Em 1580, recebe de Roma a ereção a Província Autônoma para seus Carmelos reformados, ponto de partida da Ordem Religiosa dos Carmelitas Descalços. Teresa termina sua vida terrena justamente enquanto está se ocupando com a fundação.

Em 1582, de fato, tendo criado o Carmelo de Burgos e enquanto fazia a viagem de volta a Ávila, ela morreu, na noite de 15 de outubro, em Alba de Tormes, repetindo humildemente duas frases: "No final, morro como filha da Igreja" e "Chegou a hora, Esposo meu, de nos encontrarmos". Uma existência consumada dentro da Espanha, mas empenhada por toda a Igreja. Beatificada pelo Papa Paulo V, em 1614, e canonizada por Gregório XV, em 1622, foi proclamada "Doutora da Igreja" pelo Servo de Deus Paulo VI, em 1970. Teresa de Jesus não tinha formação acadêmica, mas sempre entesourou ensinamentos de teólogos, literatos e mestres espirituais. Como escritora, sempre se ateve ao que tinha experimentado pessoalmente ou visto na experiência de outros (cf. Prefácio do "Caminho de Perfeição"), ou seja, a partir da experiência. Teresa consegue tecer relações de amizade espiritual com muitos santos, especialmente com São João da Cruz. Ao mesmo tempo, é alimentada com a leitura dos Padres da Igreja, São Jerônimo, São Gregório Magno, Santo Agostinho.

Entre suas principais obras, deve ser lembrada, acima de tudo, sua autobiografia, intitulada "Livro da Vida", que ela chama de "Livro das Misericórdias do Senhor". Escrito no Carmelo de Ávila, em 1565, conta o percurso biográfico e espiritual, por escrito, como diz a própria Teresa, para submeter a sua alma ao discernimento do "Mestre dos espirituais", São João de Ávila. O objetivo é manifestar a presença e a ação de um Deus misericordioso em sua vida: Para isso, a obra muitas vezes inclui o diálogo de oração com o Senhor. É uma leitura fascinante, porque a santa não apenas narra, mas mostra reviver a profunda experiência do seu amor com Deus. Em 1566, Teresa escreveu o "Caminho da perfeição", chamado por ela de "Admoestações e conselhos" que dava às suas religiosas. As destinatárias são as doze noviças do Carmelo de São José, em Ávila. Teresa lhes propõe um intenso programa de vida contemplativa ao serviço da Igreja, em cuja base estão as virtudes evangélicas e a oração. Entre os trechos mais importantes, destaca-se o comentário sobre o Pai Nosso, modelo de oração. A obra mística mais famosa de Santa Teresa é o "Castelo Interior", escrito em 1577, em plena maturidade. É uma releitura do seu próprio caminho de vida espiritual e, ao mesmo tempo, uma codificação do possível desenvolvimento da vida cristã rumo à sua plenitude, a santidade, sob a ação do Espírito Santo. Teresa refere-se à estrutura de um castelo com sete "moradas", como imagens da interioridade do homem, introduzindo, ao mesmo tempo, o símbolo do bicho da seda que renasce em uma borboleta, para expressar a passagem do natural ao sobrenatural. A santa se inspira na Sagrada Escritura, especialmente no "Cântico dos Cânticos", para o símbolo final dos "dois esposos", que permite descrever, na sétima "morada", o ápice da vida cristã em seus quatro aspectos: trinitário, cristológico, antropológico e eclesial. À sua atividade fundadora dos Carmelos reformados, Teresa dedica o "Livro das fundações", escrito entre 1573 e 1582, no qual fala da vida do nascente grupo religioso. Como na autobiografia, a história é dedicada principalmente a evidenciar a ação de Deus na fundação dos novos mosteiros.

Não é fácil resumir em poucas palavras a profunda e complexa espiritualidade teresiana. Podemos citar alguns pontos-chave. Em primeiro lugar, Santa Teresa propõe as virtudes evangélicas como base da vida cristã e humana: em particular, o desapego dos bens ou a pobreza evangélica (e isso diz respeito a todos nós); o amor de uns aos outros como elemento essencial da vida comunitária e social; a humildade e o amor à verdade; a determinação como resultado da audácia cristã; a esperança teologal, que descreve como sede de água viva. Sem esquecer das virtudes humanas: afabilidade, veracidade, modéstia, cortesia, alegria, cultura. Em segundo lugar, Santa Teresa propõe uma profunda sintonia com os grandes personagens bíblicos e a escuta viva da Palavra de Deus. Ela se sente em consonância sobretudo com a esposa do "Cântico dos Cânticos", com o apóstolo Paulo, além de com o Cristo da Paixão e com Jesus Eucarístico.

A santa enfatiza, depois, quão essencial é a oração: rezar significa "tratar de amizade com Deus, estando muitas vezes tratando a sós com quem sabemos que nos ama" (Vida 8, 5). A ideia de Santa Teresa coincide com a definição que São Tomás Aquino dá da caridade teologal, como “amicitia quaedam hominis ad Deum”, uma espécie de amizade entre o homem e Deus, quem primeiro ofereceu sua amizade ao homem (Summa Theologiae II-ΙI, 23, 1). A iniciativa vem de Deus. A oração é vida e se desenvolve gradualmente, em sintonia com o crescimento da vida cristã: começa com a oração vocal, passa pela interiorização, através da meditação e do recolhimento, até chegar à união de amor com Cristo e com a Santíssima Trindade. Obviamente, este não é um desenvolvimento no qual subir degraus significa abandonar o tipo de oração anterior, mas um gradual aprofundamento da relação com Deus, que envolve toda a vida. Mais que uma pedagogia da oração, a de Teresa é uma verdadeira "mistagogia": ela ensina o leitor de suas obras a rezar, rezando ela mesma com ele; frequentemente, de fato, interrompe o relato ou a exposição para fazer uma oração.

Outro tema caro à santa é a centralidade da humanidade de Cristo. Para Teresa, na verdade, a vida cristã é uma relação pessoal com Jesus que culmina na união com Ele pela graça, por amor e por imitação. Daí a importância que ela atribui à meditação da Paixão e à Eucaristia, como presença de Cristo na Igreja, para a vida de cada crente e como coração da liturgia. Santa Teresa vive um amor incondicional à Igreja: ela manifesta um vivo sensus Ecclesiae frente a episódios de divisão e conflito na Igreja do seu tempo. Reforma a Ordem Carmelita com a intenção de servir e defender melhor a "Santa Igreja Católica Romana" e está disposta a dar sua vida por ela (cf. Vida 33, 5).

Um último aspecto fundamental da doutrina de Teresa que eu gostaria de sublinhar é a perfeição, como aspiração de toda vida cristã e sua meta final. A Santa tem uma ideia muito clara da "plenitude" de Cristo, revivida pelo cristão. No final do percurso do "Castelo Interior", na última "morada", Teresa descreve a plenitude, realizada na inabitação da Trindade, na união com Cristo mediante o mistério da sua humanidade.

Queridos irmãos e irmãs, Santa Teresa de Jesus é uma verdadeira mestra de vida cristã para os fiéis de todos os tempos. Em nossa sociedade, muitas vezes desprovida de valores espirituais, Santa Teresa nos ensina a ser incansáveis testemunhas de Deus, da sua presença e da sua ação; ensina-nos a sentir realmente essa sede de Deus que existe em nosso coração, esse desejo de ver Deus, de buscá-lo, de ter uma conversa com Ele e de ser seus amigos. Esta é a amizade necessária para todos e que devemos buscar, dia após dia, novamente.

Que o exemplo desta santa, profundamente contemplativa e eficazmente laboriosa, também nos encoraje a dedicar a cada dia o tempo adequado à oração, a esta abertura a Deus, a este caminho de busca de Deus, para vê-lo, para encontrar a sua amizade e, por conseguinte, a vida verdadeira; porque muitos de nós deveríamos dizer: "Eu não vivo, não vivo realmente, porque não vivo a essência da minha vida". Porque este tempo de oração não é um tempo perdido, é um tempo no qual se abre o caminho da vida; abre-se o caminho para aprender de Deus um amor ardente a Ele e à sua Igreja; e uma caridade concreta com nossos irmãos. Obrigado.

No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:

Queridos irmãos e irmãs,

Santa Teresa de Jesus, nascida no século XVI, é um dos vértices da espiritualidade cristã de todos os tempos, e deu início, junto com São João da Cruz, à Ordem dos Carmelitas descalços. Apesar de não possuir uma formação acadêmica, sempre soube se alimentar dos ensinamentos de teólogos, literatos e mestres espirituais. Suas principais obras são "O livro da Vida", "Caminho da perfeição", "Castelo Interior" e "O Livro das Fundações". Entre os elementos essenciais da sua espiritualidade, podemos destacar, em primeiro lugar, as virtudes evangélicas, base de toda a vida cristã e humana. Depois, Santa Teresa insiste na importância da oração, entendida como relação de amizade com Aquele que se ama. A centralidade da humanidade de Cristo, outro tema que lhe era muito caro, ensina que a vida cristã é uma relação pessoal com Jesus, a qual culmina na união com Ele pela graça, pelo amor e pela imitação. Por fim, está a perfeição, aspiração e meta de toda vida cristã, realizada na inabitação da Santíssima Trindade, na união com Cristo através do mistério da Sua humanidade.

Dou as boas-vindas a todos os peregrinos de língua portuguesa, presentes nesta audiência! Que o exemplo e a intercessão de Santa Teresa de Jesus vos ajudem a ser, através da oração e da caridade aos irmãos, testemunhas incansáveis de Deus em uma sociedade carente de valores espirituais. Com estes votos, de bom grado, a todos abençoo.