quinta-feira, 20 de outubro de 2011

UNÇÃO E TÉCNICA MUSICAL

O músico precisa ter cuidado para não se preocupar somente com a música ou com a técnica musical; deve buscar um equilíbrio em sua caminhada, deixando que o Espírito Santo conduza sua vida ao deserto, para a provação e libertação e, em seguida, o mesmo Espírito o conduza para o meio do povo, a fim de libertar e curar por intermédio da música.

Muitos músicos ainda não foram "aprovados" no deserto, estão sendo reprovados diante das provações e tentações; não se entregaram à graça do Espírito Santo para vencer o pecado. No entanto, se preocupam em estar no meio do povo, mas sem consciência de que sua presença não tem autoridade diante do demônio e, muito menos, sua música pode libertar alguém. Muitos músicos precisam ser libertos para depois sair e ajudar as pessoas a se libertarem.

Como ajudar alguém a sair do adultério se nós não conseguimos sair dele? Como ajudar alguém a se libertar dos vícios se ainda não vencemos essa tentação em nossas vidas? Como falar em roubo, masturbação, mentira, irresponsabilidade se no deserto nos entregamos a tudo isso? O músico precisa ter equilíbrio e estar aberto para as libertações que Deus precisa fazer nele.

Muitos querem tocar para Deus todo o tempo que puderem, porém, não entendem que a verdadeira música do céu não pode ser tocada sem o Espírito os conduzir ao deserto. É no deserto que Ele os liberta dos males e dos pecados, lhes dá a vitória sobre o inimigo e, em seguida, os conduz a fazer um "barulho de Deus" nos corações das pessoas.

Nos grupos de oração, o músico pode até tentar exorcizar com seu canto, mas o que faz a diferença é se ele já foi aprovado no deserto. Caso não, as pessoas vão embora no mesmo estado em que entraram no grupo.


Trecho do livro: "O Músico e a Arte de Servir a Deus"
Fonte: www.cancaonova.com

COMUNHÃO DOS SANTOS


Meus irmãos, a frase protestante “Igreja não salva, quem salva é Jesus”, traz uma conclusão falsa: “Igreja não importa”. Logo, as pessoas podem participar de qualquer igreja e ao mesmo tempo podem não congregar em nenhuma. Esse relativismo religioso deixa a doutrina apostólica da comunhão dos Santos de lado.

A Igreja Católica não é uma instituição puramente compreensível neste mundo. Ela possuí três estados, porém continua sendo a mesma Igreja Católica, fundada por Cristo e apascentada por Pedro.

A Igreja Católica é composta por uma igreja visível, dita militante que caminha neste mundo (que somos nós), uma igreja que está se purificando no purgatório (Igreja Padecente) e uma Igreja triunfante que já está na glória, junto de Deus. Porém a comunhão espiritual e a comunhão de bens entre os santos não é rompida com a morte. Isso deriva do lógico: Se Cristo venceu a morte, como poderia ela ainda nos separar?

A Comunhão dos Santos é a união entre todos os membros da Igreja e a palavra de Deus nos mostra essa realidade. Vejamos:

“Porque, como o corpo é um todo tendo muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo. Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres; e todos fomos impregnados do mesmo Espírito. Assim o corpo não consiste em um só membro, mas em muitos.” (I Cor 12, 12-14)

Paulo mostra que quando somos batizados, somos agora um só corpo. Essa é a graça de receber o Espírito do Ressuscitado que nos torna filhos de Deus e membros do corpo de Cristo, isto é a Igreja.

A morte já não seria mais uma barreira para os que estão na graça de Deus. Logo, os santos que morreram na graça de Deus também participam dessa comunhão e podem manifestar essa comunhão também com intercessão. Vejam:

“Quando recebeu o livro‚ os quatro Animais e os vinte e quatro Anciãos prostraram-se diante do Cordeiro‚ tendo cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfume (que são as orações dos santos)” (Ap 5‚8).

São João mostra que diante do cordeiro as orações dos santos são como taças cheias de perfumes.

Agora uma observação: Nem todos os mortos podem interceder, apenas os que estão na presença de Deus. Aquelas almas condenadas ao inferno não participam dessa comunhão, como mostro nas passagens que seguem.

“Com efeito, os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem mais nada; para eles não há mais recompensa, porque sua lembrança está esquecida” (Ecl 9‚5)

“Tudo que tua mão encontra para fazer, faze-o com todas as tuas faculdades, pois que na região dos mortos, para onde vais, não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria.” (Ecl 9‚10)

Esses mortos que Eclesiastes cita, não são os mesmo mortos que diante do trono de Deus clamam por Justiça. Confira:

“Depois disso‚ vi uma grande multidão que ninguém podia contar‚ de toda nação‚ tribo‚ povo e língua: conservavam-se em pé diante do trono e diante do Cordeiro‚ de vestes brancas e palmas na mão‚ e bradavam em alta voz: “A salvação é obra de nosso Deus‚ que está assentado no trono‚ e do cordeiro.” (Ap 7‚9-10)

“Quando abriu o quinto selo‚ vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz‚ dizendo: “Até quando tu‚ que és o Senhor‚ o Santo‚ o Verdadeiro‚ ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra?” (Ap 6‚ 9-10)

Viram a diferença? Os que podem interceder estão dentro da grande comunhão dos Santos.

Há testemunho da Igreja primitiva sobre essa comunhão? Sim, vou citar alguns:

São Clemente (Século I) : “Os que suportaram com confiança, herdaram glória e honra; foram exaltados, e Deus os inscreveu no seu memorial pelos séculos dos séculos. Amém.”

Orígenes, pelo ano 250 d.C., afirmava que: “virtudes nesta vida são definitivamente aperfeiçoadas no além. Ora, a mais valiosa de todas é a caridade; esta, portanto, na outra vida é ainda mais ardente do que na vida presente. Por conseguinte, os santos exercem seu amor sobre os irmãos na terra, mediante a intercessão dirigida a Deus em favor das necessidades destes peregrinos.”

Santo Inácio no ano 107 d.C, antes do seu martírio, escreveu: "Meu espírito se sacrifica por vós, não somente agora, mas também quando eu chegar a Deus"

Então meus caros amigos, a Comunhão dos Santos não é uma doutrina nova. Ela é apostólica!

Mas a Comunhão dos Santos se resume em intercessão? Não! É algo muito maior.

No Catecismo lemos: “Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros... assim, é preciso crer que existe uma comunhão dos bens na Igreja. Mas o membro mais importante é Cristo, por ser a Cabeça... Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, e essa comunicação se faz por meio dos sacramentos da Igreja.” [Sto. Tomás de Aquino, Symb. 13]. “Como esta Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens que ela recebeu se tornam necessariamente um fundo comum.” (CIC 947).

“O termo “comunhão dos Santos” tem, pois, dois significados intimamente interligados: “comunhão nas coisas santas (sancta)” e “comunhão entre as pessoas santas (sancti)”. (CIC 948)

Vamos entender: os bens espirituais da Igreja, pertencem a todos os santos (não apenas os canonizados), mas todos nós que buscamos a santidade.

Pela comunhão dos santos, um ato de virtude, caridade, etc...torna-se patrimônio da Igreja podendo auxiliar um outro membro da Igreja que se precipita no abismo do pecado, porém, um ato pecaminoso pode ter conseqüência a todos os membros, pois somos um único corpo místico.

A comunhão dos Santos é também comunhão entre os três estados da Igreja (Militante, padecente e triunfante) e as orações da Igreja desta terra pode contribuir para a purificação das almas do purgatório, bem como as orações dos santos diante de Deus contribuem para a nossa vida enquanto Igreja militante.

É por isso que dizemos que um monge, que nunca sai do mosteiro, pode contribuir imensamente com Igreja. Pois os seus méritos diante de Deus são compartilhados por todos. Quando estamos em estado de graça conservamos essa graça no corpo (a Igreja) e esse bem espiritual é usufruído por todos.

Em Atos 4, Lucas mostra que essa comunhão é espiritual e também material: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuíam, mas tudo entre eles era comum.” (At 4,32).

A Igreja é um só coração e uma só alma. E em relação aos bens, a Igreja passou a se ajudar mutuamente. Por isso que pagamos o dízimo diferente dos protestantes, para eles o dízimo que os Judeus pagavam para sustentar os levitas deve continuar ainda hoje, porém não mais aos levitas e sim as igrejas. Nós, porém usamos o termo “dízimo”, mas é a comunhão a nossa lei.

Obs: Já adiantando, pois sei que os leitores protestantes pedirão fundamentação bíblica do purgatório, já gostaria de indicar esse texto disponível em http://marcospauloteixeira.wordpress.com/2008/12/13/deve-se-acreditar-no-purgatorio/ , e também um texto sobre a intercessão dos santos disponível em http://marcospauloteixeira.wordpress.com/2010/03/12/jesus-e-o-unico-intercessor/ .

Termino com a frase de S. Domingos moribundo a seus irmãos: “Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida.”

Em Cristo,

Marcos Paulo

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Vale à pena lançar as redes

Conheça o testemunho de um Grupo de Oração Universitário do Paraná, texto que nos demonstra a importância de lançar as redes e até mesmo insistir para que, cada vez mais, mais irmãos se aproximem de Jesus.

No ano passado, nosso Grupo recebeu um e-mail de alguém que participava de um GOU (Grupo de Oração Universitário) numa cidade do interior do estado de São Paulo. A mensagem pedia que acolhêssemos uma pessoa que tinha passado no vestibular para uma universidade de Maringá e que não conhecia ninguém na cidade. Designamos uma das servas do Grupo para visitar a nova universitária e convidá-la para o GOU.

Depois de algumas tentativas, a serva do Grupo não tinha conseguido encontrar ninguém em casa. Mas não desistiu e, com muito carinho, preparou diversos cartazes com mensagens bíblicas e de acolhida. Foi até o prédio onde a garota morava e com autorização da síndica, literalmente encheu a porta do apartamento dela com os cartazes e, por baixo da porta, deixou os dados do GOU e seus contatos pessoais. A garota não demorou a entrar em contato para agradecer a acolhida carinhosa. Aceitou participar do GOU, esteve conosco algumas vezes, mas depois sumiu.

Em março deste ano, tivemos um Encontro de Primeiro Anúncio para universitários aqui em nossa diocese e qual não foi a surpresa quando esta garota chegou para fazer o encontro! Ela testemunhou como havia conhecido o GOU, que havia participado de algumas reuniões, mas que suas atividades no trabalho e na faculdade dificultavam muito sua participação. Falou também que havia sentido muita saudade e que agora, com as atividades melhor organizadas, estava decidida a voltar para o GOU e que o encontro era o seu primeiro passo para este retorno!

Um testemunho que nos mostra que vale a pena lançar as redes sempre. Quantas vezes forem necessárias!

Grupo de Oração Miles Domini – Maringá/PR

E você, tem uma história parecida ou gostaria de compartilhar algum momento especial de sua caminhada? Mande seu testemunho para nós pelo e-mail dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br. Edifique vidas com seu testemunho!

O Ciclo Carismático

Conheça mais, neste artigo do coordenador nacional do Ministérios de Pregação, Lázaro Praxedes, sobre a metodologia básica das nossas reuniões de oração

Por Lázaro Praxedes
Coordenador Nacional do Ministério de Pregação
Grupo de Oração Fonte de Água Viva

Um dos mais belos relatos bíblicos de um relacionamento de intimidade entre Deus e um homem certamente é aquele narrado no I Samuel 3, 4-10. Depois de ser orientado pelo sacerdote Heli, o menino Samuel aprendeu que era preciso sintonizar seu ouvido com a boca de Deus, através da oração. Não há nenhuma referência posterior falando de outra dificuldade semelhante, ele aprendeu a ouvir a voz de Deus.

Este é um desafio que precisa ser vencido por todos aqueles que desejam se aventurar na vida no Espírito: aprender a se colocar em permanente escuta, pois o Espírito Santo deseja dirigir, orientar nossas vidas.

Deus deseja revelar-se a nós, para isto precisamos nos manter em constante oração para discernir qual a direção a seguir, qual a vontade de Deus para esta ou aquela situação de nossa vida. Esta é uma das características da Renovação Carismática Católica: estar continuamente a escuta do Espírito Santo. Em nosso Movimento, não apresentamos a Deus os nossos projetos para que sejam abençoados, ao contrário disto, perguntamos a Deus quais são os Seus projetos.

Sendo nosso Deus um Deus vivo, é natural que responda às nossas orações. Nossa oração não deve ser de forma alguma um monólogo, no qual nos colocamos diante de Deus e simplesmente despejamos nossos problemas, pecados, medos, sonhos. Ao contrário, deve ser um diálogo, no qual falamos com Deus e em seguida silenciamos para ouvir sua voz, que nos orienta, direciona, exorta e consola. Ao nos colocarmos em oração, devemos ter a certeza que Deus deseja responder-nos. No entanto, para isso precisamos aprender a silenciar.

Em nossas reuniões de oração, cria-se assim o que é denominado em nosso ambiente de “ciclo carismático”, que é composto pelos seguintes elementos:

a) Oração, louvor (cânticos ou preces)

b) Orações em línguas

c) Momento de silêncio

d) Profecia

e) Resposta à palavra dirigida pelo Senhor, com exultante louvor

Para ouvirmos a voz de Deus, é preciso cultivar em nossas reuniões de oração momentos de silêncio, que são extremamente fecundos, pois é no silêncio que o Espirito Santo irá falar conosco em profecia, ou nos dar o tom a ser seguido na condução da oração.

O silêncio não é somente a ausência de algum barulho exterior, mas uma atitude interior, de alguém que com fé expectante aguarda ouvir a voz do Senhor. Quando nos colocamos diante da presença de Deus desta maneira, com toda certeza ouviremos a sua voz suave em nosso interior.

A Exortação Apostólica Pós Sinodal Verbum Domini em seu número 14 diz o seguinte:

"Consequentemente, o Sínodo recomendou que se ajudassem os fiéis a bem distinguir a Palavra de Deus das revelações privadas, cujo papel não é (…) “completar” a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada época histórica. O valor das revelações privadas é essencialmente diverso do da única revelação pública: esta exige a nossa fé; de fato nela, por meio de palavras humanas e da mediação da comunidade viva da Igreja, fala-nos o próprio Deus. O critério da verdade de uma revelação privada é a sua orientação para o próprio Cristo. Quando aquela nos afasta d’Ele, certamente não vem do Espírito Santo, que nos guia no âmbito do Evangelho e não fora dele. A revelação privada é uma ajuda para a fé, e manifesta-se como credível precisamente porque orienta para a única revelação pública. Por isso, a aprovação eclesiástica de uma revelação privada indica essencialmente que a respectiva mensagem não contém nada que contradiga a fé e os bons costumes; é lícito torná-la pública, e os fiéis são autorizados a prestar-lhe de forma prudente a sua adesão. Uma revelação privada pode introduzir novas acentuações, fazer surgir novas formas de piedade ou aprofundar antigas. Pode revestir-se de um certo caráter profético (cf. 1 Ts 5, 19-21) e ser uma válida ajuda para compreender e viver melhor o Evangelho na hora atual; por isso não se deve desprezá-la."

Assim, precisamos valorizar o Ciclo Carismático em nossa oração pessoal e também em nossas reuniões de oração, pois uma palavra profética, como nos ensina a Verbum Domini traz uma nova ênfase sobre determinado aspecto sobre aquilo que já nos foi revelado em Cristo.

Meditação é fundamental para crescimento espiritual

Acompanhe a catequese dada por Bento XVI, na qual o papa nos exorta a necessidade de guardarmos as coisas boas em nosso coração e meditarmos sobre elas, as aplicando em nossa vida. Esta é uma bonita forma de oração cujo nosso maior exemplo é a mãe de Jesus.

Queridos irmãos e irmãs:

Maria chegou ao Paraíso e este é o nosso destino: nós podemos alcançar o Paraíso. A pergunta é: como? Maria já chegou; Ela – diz o Evangelho – é aquela que “acreditou que o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido” (Lc 1,45). Portanto, Maria acreditou, confiou-se a Deus, entrou com sua vontade na do Senhor e, assim, estava no caminho direto, na via rumo ao Paraíso. Crer, confiar-se ao Senhor, entrar em sua vontade: esta é a direção essencial.

Hoje eu não gostaria de falar sobre este caminho de fé, mas somente sobre um pequeno aspecto da vida de oração, que é a vida de contato com Deus, isto é, sobre a meditação. O que é a meditação? Meditar quer dizer “fazer memória” do que Deus fez e não esquecer dos seus muitos benefícios (cf. Sal 103, 2b). Frequentemente, vemos somente as coisas negativas; devemos ter em nossa memória também as coisas positivas, os dons que Deus nos fez, estar atentos aos sinais positivos que vêm de Deus e recordá-los. Portanto, falamos de um tipo de oração que, na tradição cristã, é conhecida como “oração mental”. Nós conhecemos normalmente as orações com as palavras; naturalmente, também a mente e o coração devem estar presentes neste tipo de oração, mas, neste caso, falamos de uma meditação que não está feita de palavras, mas que é uma forma de contato da nossa mente com o coração de Deus. E Maria, nisso, é um modelo muito real.

O evangelista Lucas repete, várias vezes, que Maria “guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração” (2,19; cf. 2,51b). Quem guarda não esquece. Ela está atenta a tudo o que o Senhor lhe disse e fez, e medita, ou seja, tem contato com diversas coisas, aprofundando nelas dentro do coração.

Aquela que, portanto, “acreditou” no anúncio do Anjo, que se tornou instrumento para que a Palavra eterna do Altíssimo pudesse se encarnar, acolheu também em seu coração o admirável prodígio desse nascimento humano-divino, meditou sobre ele, se deteve diante de tudo o que Deus estava realizando nela para acolher a vontade divina em sua vida e corresponder a ela. O mistério da Encarnação do Filho de Deus e da maternidade de Maria é tão grande, que exige um processo de interiorização; não é somente algo físico que Deus realiza nela, mas algo que exige uma interiorização por parte de Maria, que busca aprofundar no conhecimento, interpretar o sentido, compreender suas implicações e consequências. Assim, dia a dia, no silêncio da vida cotidiana, Maria continuou guardando em seu coração os maravilhosos acontecimentos posteriores de que foi testemunha, até a prova extrema da cruz: seus deveres cotidianos, sua missão de mãe, mas soube manter em si um espaço interior para refletir sobre a palavra e a vontade de Deus, sobre o que acontecia nela mesma, sobre os mistérios da vida do seu Filho.

Em nossa época, estamos sendo absorvidos por muitas atividades e compromissos, preocupações, problemas; muitas vezes se tende a preencher todos os espaços do dia, sem ter um momento para parar, meditando e nutrindo a vida espiritual, o contato com Deus. Maria nos ensina quão necessário é encontrar em nossas jornadas, com todas as atividades, momentos para recolher-nos em silêncio e meditar sobre o que o Senhor quer nos ensinar, sobre como Ele está presente e age no mundo e na nossa vida: ser capazes de parar um momento e meditar. Santo Agostinho compara a meditação sobre os mistérios de Deus à assimilação dos alimentos e usa um verbo que aparece em toda a tradição cristã: “rumiar”. Que os mistérios de Deus, que ressoam continuamente em nós até se tornarem familiares, guiem a nossa vida, nos alimentem, como acontece com o alimento necessário para sustentar-nos. E São Boaventura, referindo-se às palavras da Sagrada Escritura, diz que “devem ser rumiadas para que possamos fixá-las com ardente aplicação no ânimo” (Coll. In Hex, ed. Quaracchi 1934, p. 218). Meditar, portanto, quer dizer criar em nós uma situação de recolhimento, de silêncio interior, para refletir, assimilar os mistérios da nossa fé e o que Deus opera em nós. Podemos fazer esta meditação de várias formas, tomando, por exemplo, uma breve passagem da Sagrada Escritura, sobretudo dos Evangelhos, dos Atos dos Apóstolos, das cartas dos Apóstolos, ou talvez uma página de algum autor espiritual que nos aproxima e torna mais presentes as realidades de Deus no nosso hoje; talvez também buscando o conselho do confessor ou do diretor espiritual, ler e refletir sobre o que se leu, parando para pensar nisso, procurando compreender, entender o que diz a nós, no dia de hoje; abrir nossa alma ao que o Senhor quer nos dizer ou mostrar. Também o santo terço é uma oração de meditação: repetindo a Ave Maria, somos convidados a refletir sobre o mistério que proclamamos. Podemos nos deter também em qualquer experiência espiritual intensa, nas palavras que ficam impressas na participação da Eucaristia dominical. Portanto, como podem ver, há muitas maneiras de meditar e de ter contato com Deus, de aproximar-nos dele e, dessa forma, estar no caminho rumo ao Paraíso.

Queridos amigos, a constância em dedicar tempo a Deus é um elemento fundamental para o crescimento espiritual; é o próprio Senhor quem nos dará o prazer pelos seus mistérios, pelas suas palavras, pela sua presença e ação, por sentir quão belo é que Deus fale conosco; Ele nos fará compreender de maneira mais profunda o que quer de nós – afinal, este é o objetivo da meditação: colocar-nos cada vez mais nas mãos de Deus, com confiança e amor, na certeza de que somente fazendo a sua vontade seremos, finalmente, felizes.

Fonte: Zenit

O louvor na luta contra o mal

“Temei a Deus e dai-lhe glória, porque é chegada a hora do seu julgamento. Adorai aquele que fez o céu e a terra, o mar e as fontes” (Ap 14,7).

O livro do Apocalipse, no capítulo 14, nos fala da luta contra as forças do mal, luta essa que deve ser sustentada pelos eleitos do Cordeiro. Recentemente, recebemos como direcionamento por parte do Senhor os capítulos 13 e 14 do livro do Apocalipse. O capítulo 13 fala da ação do mal no mundo, por exemplo, diz que à Fera, ao Dragão foi dada a faculdade de proferir arrogâncias e blasfêmias contra Deus, para blasfemar o nome de Deus, o seu tabernáculo e os habitantes do céu;  e foi-lhe dado também, fazer guerra aos santos e vencê-los.  Porém, no mesmo capítulo, a Palavra nos diz: “Esta é a ocasião para a constância e a confiança dos santos”.

A seguir, no capítulo 14, recebemos a orientação de como neutralizar a arrogância e a blasfêmia do Acusador: declarando a vitória do Cordeiro sobre o mal.
Os eleitos do Cordeiro são convidados a unir as suas vozes à voz do coro celeste que canta um cântico novo diante do Trono. Esse cântico novo, o louvor daqueles que são constantes, fiéis e pacientes não pode ser acorrentado, ele tem poder libertador porque declara a verdade: Jesus é Senhor!
Através dessas passagens, somos convocados a retomar o louvor como estilo de vida, o louvor que declara a quem pertencemos e de quem é a vitória na nossa vida.

Retomo uma profecia que já partilhei anteriormente e que recebemos durante um momento de adoração em reunião do Conselho Nacional:
“Convido que passem todos os dias um tempo diante de mim reconhecendo que Eu sou o Senhor, vosso Deus Todo Poderoso, Invencível. Passem um tempo diante de mim reconhecendo a minha vitória, a minha soberania. Esqueçam-se de suas dificuldades e preocupações, de seus problemas e me adorem na minha realeza, na minha onipotência, na minha força poderosa, no meu amor grandioso, ilimitado.”
Que o Espírito Santo nos capacite a dar uma resposta a esse convite ao louvor, resposta essa que vai trazer a vitória de Deus para as nossas vidas e as vidas de todos os que amamos.
Maria Beatriz Spier Vargas
Secretária geral do Conselho Nacional da RCCBRASIL

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Não aceite soluções fáceis

Há sempre duas maneiras de solucionar um problema
Muitos erros e sofrimentos acontecem porque queremos dar soluções facéis e rápidas para problemas difíceis; o que é um grave erro que causa sérios problemas.
Quanto mais difícil o problema, tanto mais difícil será a sua solução, pois não há solução fácil quando o problema é difícil.
Na vida também é assim, não há solução fácil, cômoda, rápida e barata para os problemas difíceis. Mas, infelizmente, no campo do comportamento estamos cheios de “soluções fáceis”, que, em vez de solucionarem os problemas, os tornam ainda mais graves.
Há sempre duas maneiras de solucionar um problema: a primeira será “fácil”: improvisada, rápida, cômoda, sem sacrifícios e, muitas vezes, imoral. A segunda será “difícil”: demorada, planejada, árdua e dispendiosa. A segunda maneira de se resolver um problema será eficaz e duradoura; a primeira, inócua e falsa. Não se arrisque.
É fácil, por exemplo, retirar o pobre da rua e escondê-lo das vistas dos turistas; contudo, é difícil retirar a miséria do pobre e promovê-lo, mas esta é a medida difícil e correta. É fácil limitar o número de nascimentos, é fácil esterilizar homens e mulheres em massa como se fossem animais; assim como é fácil distribuir pílulas… Contudo, é difícil implantar uma eficaz e digna paternidade responsável.
É fácil fazer a guerra; difícil manter a paz. É fácil distribuir preservativos e seringas para se evitar a Aids; mas é difícil ensinar as pessoas sobre o emprego moral do sexo e o valor da castidade…
O grande problema do mundo não é resolver os seus problemas, mas “como” resolvê-los. Nunca acredite numa solução fácil e rápida. A sabedoria popular já aprendeu que “o barato sai caro” e que “a pressa é inimiga da perfeição”.
As soluções sérias são eficazes e duradouras; geradas no sofrimento, na oração, na paciência, nas lágrimas, no diálogo, na compreensão, entre outros.
Não há solução fácil para problema difícil. Esta é a pior tendência do homem moderno: querer resolver todos os problemas de maneira rápida, com soluções imediatistas, atropelando o tempo, a moral, os costumes, a fé e o próprio Deus. Por fim ele se dá conta de que correu em vão. Acostumado a lidar com as coisas, a técnica e as máquinas, o homem de hoje se esquece de que ele é dotado de uma alma transcedente e imortal.
O Papa João Paulo II nos ensinou que as soluções propostas por Cristo, para os graves problemas da humanidade, são difíceis, mas jamais decepcionam. Jamais eu vi alguém chorar porque viveu os preceitos do Evangelho, mas eu já vi muita gente chorar porque não quis vivê-los.
O Mestre disse que aquele que não pratica os Seus ensinamentos é como aquele que constrói a casa na areia; e logo esta é destruída pelas tempestades e correntezas.
Todo problema tem uma solução; senão deixa de ser problema. A solução nem sempre é facíl, mas sempre existe.
Prof. Felipe Aquino

Como lidar com a infertilidade?

Em primeiro lugar é preciso buscar os recursos da medicina. Há muitas causas que podem gerar a infertilidade. Para o homem pode ser, por exemplo, um problema hormonal: nível baixo dos hormônios testosterona ou prolactina; isto pode ser detectado por exames em uma consulta com um endocrinologista.   Também a varicoceli pode causar infertilidade no homem; bem como o baixo número de espermatozóides (hipoespermia); um exame pedido pelo urologista pode detectar a contagem, qualidade e motricidade dos mesmos.

Em relação à mulher, ela deve consultar um ginecologista e endocrinologista; pois qualquer glândula com a sua função desequilibrada na mulher pode levá-la à infertilidade. Assim, os ovários, as suprarrenais, tireóides, hipófise, etc., precisam ser examinadas. Além disso, pode haver problemas uterinos como miomas, pólipo, endometriose, que podem ser resolvidos em muitos casos com cirurgia. Há além disso as más formações congênitas que podem impedir a fertilidade.

Alguns médicos também apontam o fator psicológico da mulher, às vezes a ansiedade em querer engravidar pode dificultar a gravidez; não são poucos os casos de mulheres que conseguiram engravidar após a adoção de uma criança... Para esse tipo de problema recomenda-se um acompanhamento psicológico.

O método Billings pode ajudar a mulher a engravidar; se ela aprender bem como detectar os dias de fertilidade, quando aparece o muco uterino, ela terá mais chance de engravidar se tiver o ato sexual nestes dias. Há livros simples que ensinam o método.   A Igreja Católica entende que a geração de um filho deve acontecer somente pela ação dos pais; por isso não aceita a inseminação artificial ou "in vitro" (bebê de proveta).

O Catecismo da Igreja explica que: "As técnicas que provocam uma dissociação do parentesco, pela intervenção de uma pessoa estranha ao casal (doação de esperma ou de óvulo, empréstimo de útero), são gravemente desonestas. Estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais heterólogas) lesam o direito da criança de nascer de um pai e uma mãe conhecidos dela e ligados entre si pelo casamento. Elas traem "o direito exclusivo de se tornar pai e mãe somente um através do outro" (CDF, instr. DV, 2,1). Praticadas entre o casal, essas técnicas (inseminação e fecundação artificiais homólogas) são talvez menos claras a um juízo imediato, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o ato sexual do ato procriador. O ato fundante da existência dos filhos já não é um ato pelo qual duas pessoas se doam uma à outra, mas um ato que "remete a vida e a identidade do embrião para o poder dos médicos e biólogos, e instaura um domínio da técnica sobre a origem e a destinação da pessoa humana. Uma tal relação de dominação é por si contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos" (CDF, instr. DV, II,741,5). "A procriação é moralmente privada de sua perfeição própria quando não é querida como o fruto do ato conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos... Somente o respeito ao vínculo que existe entre os significados do ato conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação de acordo com a dignidade da pessoa". (CDF, instr. DV, II,4)" (§2376-2377)

Mas a Igreja aceita os tratamentos médicos para que o homem ou a mulher possam chegar a fertilidade.
"As pesquisas que visam a diminuir a esterilidade humana devem ser estimuladas, sob a condição de serem colocadas "a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis, de seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projeto e a vontade de Deus" (CDF, instr. DV, intr. 2). (Cat. §2375)

Mas o fato do casal não ter filhos não quer dizer que o casamento deles perdeu o sentido. A Igreja ensina que: "Os esposos a quem Deus não concedeu ter filhos podem no entanto ter uma vida conjugal cheia de sentido, humana e cristã. Seu Matrimônio pode irradiar uma fecundidade de caridade, acolhimento e sacrifício." (§1654). E o casal pode viver sua vida sexual normalmente, pois se não há para o casal o aspecto procriativo, há ao menos o unitivo.

A Igreja sabe que: "É grande o sofrimento de casais que descobrem que são estéreis." (§2374). Para esses casais, ela recomenda a adoção e ensina que "O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de terem esgotado os recursos legítimos da medicina, sofrerem de infertilidade, unir-se-ão à Cruz do Senhor, fonte de toda fecundidade espiritual. Podem mostrar a sua generosidade adotando crianças desamparadas ou prestando relevantes serviços em favor do próximo". (§2379)

Sobretudo o casal cristão deve enfrentar a infertilidade na fé; sabemos que "tudo concorre para o bem dos que amam a Deus" (Rm 8,29) e que devemos "dar graças em todas as circunstâncias" (1Ts 5,17). O casal não deve questionar a Deus "o porquê" de não ter filhos, mas entregar-se em suas mãos divinas na fé, mesmo que isto seja difícil.
A Bíblia nos dá exemplos de mulheres estéreis que oraram a Deus e conseguiram engravidar; assim foi com a mãe de Samuel e de Sansão. Portanto, o casal cristão deve fazer o que Jesus mandou: "Pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á." Portanto, na fé, o casal cristão deve pedir o filho tão desejado a Deus, e fazer como as santas mulheres da Bíblia, oferecer esta criança a Deus, mesmo antes de ser concebida. As orações podem ser variadas: diante do Santíssimo, o Rosário da Virgem, na Comunhão eucarística, nas Novenas e ladainhas, enfim, com todos os meios que se possa e saiba rezar.
Se mesmo com tudo isso, o filho não vier, "seja feita a vontade de Deus", certamente Ele tem algum desígnio que não conhecemos, mas que a fé nos garante que é para o bem do casal. É a hora da fé; mas é também a hora do consolo; só esta fé pode dar de fato ao casal paz e felicidade.


Prof. Felipe Aquino

O poder das nossas palavras

Um dos mais excelentes dons que Deus nos deu foi a palavra. Alguém já disse que elas são mais poderosas que os canhões. De fato, um canhão pode ser aprisionado, mas aprisionar a palavra não será possível. Como tudo o que Deus fez, também a palavra é bela, construtora do bem e da paz; encanta os corações e as mentes; contudo, mal empregada pode ser muito destruidora.

Através dela geramos grandes amizades, elevamos o ânimo abatido do irmão que sofre, despertamos forças adormecidas; mas também, podemos destruir a honra e a imagem do outro, sufoca-lo até a asfixia de suas forças e podemos gerar a guerra. É incrível o poder da palavra! Ela leva consigo o próprio espírito e poder da pessoa que a comunica. Jesus disse que: "A boca fala daquilo que está cheio o coração" (Lc 6,45). Se você só pensa em política, você fala de política. Se você só pensa em dinheiro e em negócios, você também só fala de dinheiro e de negócios. Se você pensa em Deus, gosta de falar de Deus... e assim por diante. Se o seu coração estiver em paz; vivendo na mansidão, na humildade, cheio de misericórdia, também as suas palavras transmitirão essas virtudes. Mas se o seu coração for exaltado, rebelde, violento, cheio de ódio... cuidado com as suas palavras, elas transmitirão o seu espírito. As palavras "mostram" o coração.

Pela palavra, Jesus curou cegos e leprosos, expulsou demônios, multiplicou pães, acalmou os ventos e o mar... ressuscitou mortos, amaldiçoou a figueira estéril (Mc 11,14). Também nossas palavras poderão fazer milagres de alegria ou de dor, conforme esteja o nosso coração. Mais uma vez, portanto, é preciso insistir na mudança do coração e na sua conversão segundo a lei de Deus, por que: "É do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraude, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e loucura" (Mc 7, 21). Sem um coração puro, uma consciência bem formada e um espírito vigilante, nossas palavras poderão ser mais destruidoras do que edificadoras. Não é à toa que São Paulo nos exorta: "Nenhuma palavra má saia de vossas bocas, mas só boas palavras que sirvam para edificação e que sejam benfazejas aos que a ouvem" (Ef 4,29).

Sem dúvida, a palavra má é destruidora. Destrói o irmão, machuca o seu ser, fere a sua sensibilidade, julga, condena e difama sem piedade, inescrupulosamente. Por isso Jesus nos proibiu terminantemente de julgar alguém. "Não julgueis para que não sejais julgados, pois com a mesma medida com que medirdes sereis medidos" (Mt 7,1-2). Está claro, quem quiser acolher a misericórdia de Deus e não ser julgado por Ele, terá que não julgar o outro. Quem julga o outro aborrece a Deus, porque, julgando" o, e condenando-o, no fundo acha"se melhor que ele. É um ato de orgulho e de soberba que ofende a Deus, Pai de todos. É conhecida a estória daquela mulher que foi se confessar e disse ao padre que tinha difamado uma amiga, falando mal dela às outras.

Após o perdão, o sacerdote deu-lhe como reparação dos pecados soltar do alto da torre da igreja um saco cheio de penas. Após cumprir a penitência, a mulher foi comunicar ao sacerdote, que lhe disse: "agora a senhora vai juntar todas as penas que o vento levou". Assim como é impossível juntar todas essas penas, é quase impossível restaurar os efeitos destruidores da calúnia, da fofoca e dos julgamentos indevidos. Vale a pena meditar a séria exortação de São Tiago: "Se alguém não cair por palavras, este é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo. Quando pomos o freio na boca do cavalo, para que nos obedeça, governamos também todo o seu corpo.

Vede também os navios, por grandes que sejam e embora agitados por ventos impetuosos, são governados por um pequeno leme à vontade do piloto. Assim também a língua é um pequeno membro, mas pode gloriar-se de grandes coisas. Uma pequena chama pode incendiar uma floresta. Com a língua bendizemos o Senhor nosso Pai, e com ela amaldiçoamos os homens feitos à semelhança de Deus" (Tg 3,1-12). Seremos também julgados por nossas palavras. Por tudo de bom que construirmos com ela seremos premiados . E tudo o que tivermos destruído com elas, teremos que reconstruir, ainda que seja no Purgatório, se Deus nos permitir.

É preciso tomar consciência do poder que possuem as palavras, para com elas fazermos apenas o bem. Jesus disse: "Eu vos digo, no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido. É por tuas palavras que serás justificado ou condenado" (Mt 12,36). Ao explicar esse versículo, a Bíblia de Jerusalém diz que "não se trata simplesmente de palavras "ociosas", mas de palavras "perversas"; em suma, calúnia". Portanto, teremos de prestar contas ao Senhor de toda calúnia proferida contra o irmão. A razão disto é que a calúnia fere profundamente a pessoa ofendida; é um pecado contra a caridade; e Deus, que é Amor, não suporta o pecado contra o amor. Um dos mandamentos é:

"Não levantar falso testemunho".

Há uma  lógica profunda quando o Senhor diz que seremos julgados por nossas palavras; pois elas expressam o conteúdo que vai no nosso coração. Jesus, tomou o cuidado de dizer que: "A boca fala daquilo que está cheio o coração" (Mt 12,34). Assim como um mau hálito pode significar, muitas vezes, que algo não vai bem no estômago, da mesma forma as más palavras indicam que algo não está bem no coração. "A chicotada faz um ferimento, porém uma língua má quebra os ossos" ( Eclo 28,21 ). "Feliz o homem que não pecou por palavras" (Eclo14,1). "Muitos homens morreram pela espada, mas não tanto quanto morreram pela língua" ( Eclo 28,22). O provérbio popular diz que "o peixe morre pela boca"; muitos homens morrem por suas palavras. Quem fala o que não deve, acaba escutando o que não quer. Sejamos prudentes no falar, dispostos a muito ouvir e cautelosos no falar.

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Prof Felipe Aquino

Bento XVI aos jovens: "Não tenham vergonha de Cristo"


Viver a fé com liberdade é um dos maiores desafios atuais, segundo Papa

MADRI, quinta-feira, 18 de agosto de 2011 (ZENIT.org) - "Venho aqui para me encontrar com milhares de jovens de todo o mundo, católicos, interessados por Cristo ou à procura da verdade que dê sentido genuíno à sua existência."

Estas foram as primeiras palavras de Bento XVI ao chegar a Madri hoje, para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em um discurso no qual o Pontífice falou especialmente das dificuldades que muitos jovens cristãos enfrentam para viver e manifestar suas crenças.

O Papa Bento XVI partiu, com 10 minutos de atraso com relação ao horário previsto, às 9h30 da manhã, do aeroporto Roma-Ciampino, em um A320 de Alitalia, rumo à Espanha, acompanhado pelo seu secretário pessoal, Georg Gaenswein, pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, pelo substituto, Dom Giovanni Angelo Becciú, e outros 30 membros do séquito papal, bem como cerca de 50 jornalistas acreditados no voo papal.

Ao chegar ao aeroporto internacional de Barajas, o Santo Padre foi recebido pelos Reis da Espanha, pelo núncio, Dom Renzo Frattini, e pelo cardeal Antonio María Rouco Varela, arcebispo de Madri.

Também foi acolhido por um simpático grupo de crianças vestidas com o uniforme da Guarda Suíça, como em outras visitas anteriores do Papa à Espanha, e por cerca de 2 mil jovens. Por parte das autoridades civis, esteve na cerimônia uma representação do Parlamento espanhol, encabeçada pelo presidente do Conselho, José Bono.

Da parte eclesiástica, estiveram presentes o presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, cardeal Stanislaw Rylko, o secretário do dicastério, Dom Josef Clemens, o bispo auxiliar de Madri e coordenador da JMJ, Dom Cesar Franco, além de 20 bispos espanhóis.

Em seu breve discurso no aeroporto, o Papa Bento XVI afirmou que este encontro mundial de jovens traz "uma mensagem de esperança, como uma brisa de ar puro e juvenil, com aromas renovadores que nos enchem de confiança face ao amanhã da Igreja e do mundo".

O Pontífice quis ressaltar a importância da JMJ como expressão pública da fé dos jovens, bem como a necessidade, na Igreja, de reforçar esta mesma fé, em uma época em que estas manifestações acabam sendo difíceis.

Destacou também, entre os maiores desafios que os jovens devem superar hoje, além da crise e do vazio moral, as dificuldades econômicas e as incertezas, precisamente a do secularismo, que pretende afogar a presença do âmbito religioso.

Muitos jovens, afirmou, "por causa da sua fé em Cristo, são vítimas de discriminação, que gera o desprezo e a perseguição, aberta ou dissimulada, que sofrem em determinadas regiões e países".

"Molestam-lhes querendo afastá-los d'Ele, privando-os dos sinais da sua presença na vida pública e silenciando mesmo o seu santo Nome."

Neste contexto, sublinhou, "é urgente ajudar os jovens discípulos de Jesus a permanecerem firmes na fé e a assumirem a maravilhosa aventura de anunciá-la e testemunhá-la abertamente com a sua própria vida. Um testemunho corajoso e cheio de amor pelo homem irmão, ao mesmo tempo decidido e prudente, sem ocultar a própria identidade cristã, num clima de respeitosa convivência com outras legítimas opções e exigindo ao mesmo tempo o devido respeito pelas próprias".

"Eu volto a dizer aos jovens, com todas as forças do meu coração: que nada e ninguém lhes tire a paz; não tenham vergonha do Senhor", exortou o Papa.

Por sua parte, o Rei da Espanha, em seu discurso de boas-vindas, insistiu na preocupação pela crise de valores que a sociedade atravessa hoje. "Estes não são tempos fáceis para uma juventude tantas vezes frustrada por falta de horizontes pessoais e trabalhistas, que se rebela diante dos graves problemas que afetam o ser humano e o mundo de hoje", reconheceu o monarca.

Os jovens precisam "não somente de oportunidades, mas também da exemplaridade dos mais velhos; não somente de razões, mas de atitudes que motivem, preencham e impulsionem a sua existência e alimentem a sua esperança".

"Experimentar o anseio pelo que é realmente grande faz parte do ser jovem", acrescentou.

O que é inspiração bíblica?

A Bíblia é a Palavra de Deus inspirada. Mas como se dá essa inspiração? Talvez imaginemos um ditado mecânico como a de um chefe à sua datilógrafa. Esta escreve coisas que não entende e que são entendidas apenas pelo chefe e sua equipe. Isso não é a inspiração bíblica. Pois, ela não dispensa certa compreensão do autor humano (o hagiógrafo), nem sua participação na redação do texto sagrado.


A inspiração bíblica também não é revelação de verdades que o autor humano não conheça. Existe sim, o carisma da Revelação, especialmente nos profetas. Mas é diferente da inspiração bíblica. Esta se exercia, por exemplo, quando o hagiógrafo descrevia uma batalha ou outros fatos documentados em fontes históricas, sem receber revelação divina.

Inspiração Bíblica é a iluminação da mente do autor humano para que possa, com os dados de sua cultura religiosa e profana, transmitir uma mensagem fiel ao pensamento de Deus. O Espírito Santo fortalece a vontade e as potências executivas do autor para que realmente o hagiógrafo escreva o que ele percebeu.

Tais livros são todos humanos (Deus em nada dispensa a atividade racional do homem) e divinos (Deus acompanha a redação do homem escritor). A Bíblia é um livro divino-humano. Transmite o pensamento de Deus em roupagem humana. Assemelha-se ao mistério da Encarnação, onde Deus se revestiu de carne humana, pois na Bíblia a Palavra de Deus se revestiu da palavra do homem (judeu, grego, com todas as suas particularidades de expressão).

A finalidade da inspiração bíblica é estritamente religiosa. Não foi escrita para nos ensinar ciências naturais, mas aquilo que ultrapassa a razão humana (o sentido do mundo, do homem, da vida, da morte, etc diante de Deus). Portanto, não há contradição entre a Bíblia e as ciências naturais. Mesmo Gênesis 1-3 não pretende ensinar como nem quando o mundo foi feito.

A Bíblia só é inspirada quando trata de assuntos religiosos? Há páginas na Bíblia não inspiradas?

Toda a Bíblia, em qualquer de suas partes, é inspirada, qualquer que seja a sua temática. Ocorre, porém, que Deus comunica sua mensagem religiosa em linguagem familiar pré-científica, bem entendida no trato quotidiano. Por exemplo, quando falamos em "nascer-do-sol" ou "pôr-do-sol", supomos o sistema geocêntrico (ultrapassado), mas não somos taxados de mentirosos, porque não pretendemos definir assuntos de astronomia. Assim, quando a Bíblia diz que o mundo foi feito em 6 dias, ou que a luz foi feita antes do sol e das estrelas, ela não ensina teorias astronômicas, mas alude ao mundo em linguagem dos hebreus antigos para dizer que o mundo todo é criatura de Deus. Portanto, em assuntos não-religiosos, a Bíblia adapta-se ao modo de falar familiar ou pré-científico dos homens que, devidamente entendido, não é portador de erro.

Também todas as "palavras" da Escritura são inspiradas. Os conceitos dos homens estão sempre ligados às palavras. Quando o Espírito Santo iluminava a mente dos autores sagrados, iluminava também as palavras. É por isto que os próprios autores sagrados fazem questão de realçar de realçar vocábulos da Bíblia: Jo 10,34-35; Hb 8,13; Gl 3,16.

Notemos, porém, que somente as palavras das línguas originais (hebraico, aramaico e grego) foram assim iluminadas. As traduções bíblicas não gozam do carisma da inspiração. Por isso, ao ler a Bíblia, devemos nos certificar de estarmos usando uma tradução fiel e equivalente aos originais.

"Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça." (2Tm 3,16).

Para extrair a mensagem religiosa é absolutamente necessário levar em conta o gênero literário do texto. Por exemplo, "leis" tem seu gênero literário próprio (claro e conciso para que ninguém possa se desculpar), a poesia tem gênero literário oposto ao das leis (metafórico, subjetivo). Uma crônica é diferente de uma carta. Uma carta comercial é diferente de uma carta de família, uma fábula é diferente de um fato histórico.

Na Bíblia há diversos gêneros: histórico; história em estilo popular (Sansão); poesia; parábola; alegoria (Jo 15,1-6); a lei e muitos outros. Cada gênero tem suas regras de interpretação próprias. Não posso entender uma poesia (cheia de imagens) como entendo uma lei (clara e sem imagens). Assim, a criação do mundo em Gn 1 é poesia. Enquanto a narração da Última Ceia é relato histórico. Este devo entender ao pé da letra, enquanto aquele outro não o posso.

Antes de ler um livro da Bíblia é necessário se informar do seu gênero literário, a fim de entender os critérios de redação adotados pelo autor. Tal informação pode ser obtida nas introduções que as edições bíblicas apresentam para cada livro sagrado.

Pergunta-se ainda: se a Bíblia é toda inspirada, como se pode explicar as "contradições" e "erros" que ela contêm? Afinal Deus existe como afirma Jo 1,18 ou não existe como afirma Sl 52(53), 1? O sol parou, conforme Js 10,12-14 e Is 38,7s? De Abraão a Jesus houve apenas 42 gerações (Mt 1,17)? Afinal o maná, era insípido e pouco atraente (Nm 11,4-9) ou saboroso (Sb 16,20s) ?

Responde-se: A Bíblia é isenta de erros em tudo aquilo que o hagiógrafo como tal afirma e no sentido em que o hagiógrafo entendeu.

Portanto, em outras palavras, para obtermos a mensagem isenta de erros devemos verificar se é algo afirmado pelo próprio hagiógrafo, ou se ele afirmou em nome de outrem e qual o gênero que ele adotou.

Voltando aos casos apontados: Em Jo 1,18 o hagiógrafo, como tal, é quem afirma que Jesus revelou Deus Pai. Mas no salmo 52(53), 1, o hagiógrafo apenas afirma (com plena veracidade) que o insensato nega a existência de Deus. O insensato erra ao negar, o salmista apenas verifica o fato. A "parada do sol" está dentro de um contexto de poesia lírica, onde "estacionamento do sol" quer dizer "escurecimento da atmosfera, clima de tempestade de granizo". Josué pediu a Deus essa tempestade, a qual é relatada em Js 10,11. Os demais casos se enquadram no uso do gênero literário do midraxe.

Midraxe é uma narração de fundo histórico, ornamentada pelo autor sagrado para servir à instrução teológica. O autor conta o fato de modo a destacar o valor ou o significado religioso deste fato. Sua intenção não é a de um cronista, mas a de um catequista ou teólogo. O caso do maná: em Nm há uma narração de cronista, enquanto em Sb é apresentado o sentido teológico do maná num midraxe. O maná era saboroso não por seu paladar, mas por ser o penhor da entrada do povo na Terra Prometida. As 42 gerações relatadas entre Abraão e Jesus visa destacar a simbologia do número 42 (3x14): em Cristo se cumpre todas as promessas feitas a Israel, é o Consumador da obra de Davi.

Ao meditarmos a Bíblia, oremos como Santo Agostinho: "Faze-me ouvir e descobrir como no começo criaste o céu e a terra. Assim escreveu Moisés, para depois ir embora, sair deste mundo. Agora não posso interrogá-lo. Se pudesse, eu lhe imploraria para que me explicasse estas palavras. Mas não posso interrogá-lo. Por isso dirijo-me a Ti, Verdade, Deus meu, de que estava ele possuído quando disse coisas verdadeiras. E Tu, que concedeste a teu servo enunciar estas coisas verdadeiras, concede também a mim compreendê-las." (Confissões XI 3,5)

"Nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular. Nenhuma foi proferida pela vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus" (2 Pd 1,20-21)
***
D. Estêvão Bettencourt, osb

Fonte: Apostila do Mater Ecclesiae: Curso Bíblicohttp://ww.veritatis.com.br

Bento XVI se preocupa com os jovens que não acham seu caminho

Vaticano, 05 Set. 11 / 10:54 am (ACI) O P. Eric Jacquinet, Responsável pela Seção de Jovens do Pontifício Conselho para os Leigos, afirmou que o Papa Bento XVI se preocupa "pelos jovens que precisam encontrar seu caminho" e nesse sentido os convida a participar da Igreja, como foi a Jornada Mundial da Juventude Madrid 2011 (JMJ).


"Vejo muitos jovens perdidos e os 'indignados' são o testemunho disso. Enfrentamos uma grave crise econômica e moral na Espanha e em outros países e devemos nos juntar para ver como seguir adiante. Este é o fundo da proposta do Santo Padre" em atos como a JMJ, afirmou o sacerdote que velou desde o Vaticano pelo êxito do evento mundial realizado na Espanha.

Em entrevista difundida na sexta-feira passada pelo jornal La Razón, o sacerdote também disse que "uma das grandes preocupações de Bento XVI é a falta de Deus no ambiente europeu. Este drama é a causa de todos os males da sociedade na Europa".

"O problema da Espanha não é só o desemprego, é um problema de sociedade", afirmou o Pe. Jacquinet e disse que "quando se lê a história dos últimos 20 séculos dos países europeus, vê-se que a acolhida do Evangelho contribuiu ao crescimento social, cultural e também econômico".

"Há um mapa do cristianismo e um mapa dos países desenvolvidos que se sobrepõem. O Evangelho é uma ferramenta de desenvolvimento econômico e cultural da sociedade", assegurou.

Finalmente, o sacerdote disse que as JMJ são, como afirmou João Paulo II, "um encontro com Cristo na Igreja", e que ajudaram ao crescimento das vocações religiosas. "Muitos sacerdotes dizem que para eles participar de uma JMJ foi uma etapa importante em seu processo de decisão", assinalou.

A entrevista completa ao jornal espanhol pode ser vista no link:
http://www.larazon.es/noticia/9251-o-evangelho-é-uma-ferramenta-de-desenvolvimento-economico-e-cultural

Setembro, mês da Bíblia

Estamos em setembro, e no Brasil já é uma tradição que este mês seja lembrado como o "Mês da Bíblia". Setembro foi escolhido pelos Bispos do Brasil como o mês da Bíblia, em razão da festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30. São Jerônimo, que viveu entre 340 e 420, foi o secretário do papa Dâmaso e por ele encarregado de revisar a tradução latina da Sagrada Escritura.
Essa versão latina feita por São Jerônimo recebeu o nome de Vulgata, que, em latim, significa popular e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia até os nossos dias.
Ao celebrar o mês da Bíblia, a Igreja nos convida a conhecer mais a fundo a Palavra de Deus, a amá-la, cada vez mais, e a fazer dela, cada dia, uma leitura meditada e rezada. É essencial ao discípulo missionário o contato com a Palavra de Deus para ficar solidamente firmado em Cristo e poder testemunhá-lo no mundo presente, tão necessitado de sua presença. "Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. Se queremos ser discípulos e missionários de Jesus Cristo é indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus. É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda a nossa vida cristã na rocha da Palavra de Deus" (DA 247).
A Bíblia contém tudo aquilo que Deus quis nos comunicar em relação a nossa salvação. Jesus é o centro e o coração da Bíblia. Em Jesus se cumprem todas as promessas feitas no Antigo Testamento para oPovo de Deus.
Ao lê-la, não devemos nos esquecer que Cristo é o ápice da revelação de Deus. Ele é a Palavra viva de Deus. Todas as palavras da Sagrada Escritura tem seu sentido definitivo Nele, porque é no mistério de sua morte e ressurreição que o plano de Deus para a nossa salvação se cumpre plenamente.
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Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida - SP

Como entender o livro do Apocalipse?

O Apocalipse foi escrito pelo Apóstolo São João, já no final de sua vida, por volta do ano 100, sob a forma de uma carta escrita às Igrejas da Ásia menor, que viviam tempos difíceis de perseguição romana. É um livro bastante enigmático e difícil de ser entendido, e que pode gerar muitos erros de interpretação como já ocorreu muitas vezes na história da Igreja se não observarmos com cuidado como a Igreja o interpreta. O imperador romano Domiciano (81-96) moveu forte perseguição aos cristãos, tendo deportado São João, que era o bispo de Éfeso, para a ilha de Patmos. 

Ao mesmo tempo os cristãos eram hostilizados pelo judeus e aguardavam a volta de Cristo, que não acontecia, para livrá-los de todos os males. Foi neste contexto que o Apóstolo escreveu o Apocalipse para confortar e animar os cristãos das já inúmeras comunidades da Ásia Menor. Apocalipse, em grego "apokálypsis"( revelação), era um gênero literário que se tornou usual entre os judeus após o exílio da Babilônia (587-535 a.C.), e descreve os fins dos tempos onde Deus vai julgar os homens. Essa intervenção de Deus abala a natureza (fenômenos cósmicos), com muita simbologia e números. O Apocalípse não pretende dar uma descrição antecipada dos acontecimentos do futuro, mas de apresentar uma mesma realidade sob vários símbolos diferentes; e tudo é feito com uma linguagem intencionalmente figurada para despertar a atenção do leitor, que estava acostumado ao gênero apocalíptico usado pelos judeus.

Alguns símbolos tem significado preciso: o Cordeiro simboliza o Cristo; a mulher, a Igreja ou a Virgem Maria; o dragão, as forças hostis ao reino de Deus; as duas feras (cap.13), o império romano e o culto imperial; a fera (cap.17), simboliza Nero; Babilônia, a Roma pagã; as vestes brancas, a vitória; o número três e meio, coisa nefasta ou caduca. Mas esses símbolos não são exclusivos; o Cristo é, às vezes representado como "filho do homem"ou cavaleiro. O Apocalipse é uma revelação sobrenatural, velada, sob símbolos, representando tanto o passado, quanto o presente da Igreja, e também o futuro. Se refere a um período indefinido que separa a Ascensão de Cristo de sua volta gloriosa.
Deixa claro da impossibilidade de escapar à luta e ao sofrimento, às perseguições e ao fracasso aparente no plano terrestre, à realidade da salvação que lhe será concedida no meio de suas obrigações, e à vitória final, que é obra de Cristo ressuscitado que venceu o pecado e a morte.

A mensagem principal do livro é que Deus é o Senhor da História dos homens, e no final haverá a vitória dos justos, em que pese o sofrimento e a morte. Mostra a vida da Igreja na terra como uma contínua luta entre Cristo e Satanás, mas que no final haverá o triunfo definitivo do Reino de Cristo, triunfo que implica na ressurreição dos mortos e renovação da natureza material. As calamidades que são apresentadas não devem ser interpretadas ao pé da letra. Deus sabe e saberá tirar de todos os sofrimentos da humanidade a vitória final do Bem sobre o Mal.

Prof. Felipe Aquino

O 11 de setembro


Em 2001 tivemos o triste fato da destruição das Torres Gêmeas nos Estados Unidos, ocasionando pânico em todo o mundo. Foi a expressão que revelou até que ponto chega a violência entre as pessoas. Como consequência, tivemos a ceifa de tantas vidas.

Diante de um acontecimento como esse, a sensação natural é de vingança. Parece até que não cabe aí a palavra "perdão". A morte de Bin Laden foi consequência disto. No coração de muita gente brotou um sintoma de alívio, de corte do mal pela raiz.

Não só esse fato, mas sofremos tantos atos de violência todos os dias sejam nos assaltos, nos lares, no trânsito, na ação das quadrilhas defendendo pontos de venda de drogas etc. É sinal de que todos nós estamos na vulnerabilidade.

Fomos criados para a vida e a morte natural. Na verdade, a pessoa humana é patrimônio da humanidade. Não existe para ser objeto de violência e de vingança. Nos ensinamentos de Jesus Cristo, a felicidade passa pelo perdão, "até setenta vezes sete".

Num mundo de violência e vingança, não é fácil entender o Mistério do Amor de Deus. É o Mistério do Perdão como gesto profundo de gratuidade. Não é a vingança por vingança, que causa cada vez mais violência, deixando o povo sem esperança.

O rancor e a raiva são coisas detestáveis, que prejudicam o relacionamento humano. O perdão é sempre mais forte do que a vingança. Conseguimos usufruir da vida se for na liberdade e no respeito mútuos, no saber entender a diversidade.

Só a justiça é capaz de construir relações novas e um mundo novo. Ela leva ao perdão de qualidade, a gestos de nobreza e de bênçãos de Deus. É a superação do "olho por olho e dente por dente". Aquilo que as nações não têm conseguido fazer.

A morte e a destruição nos nivelam a todos. Só aí vão cessar o rancor e a raiva. O ensinamento de Deus se apóia na misericórdia e na capacidade do perdão em todas as circunstâncias.

***Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto - SP

Papa aos namorados: não temer o casamento






O namoro deve ser um "caminho de fé"


O Papa Bento XVI celebrou um emotivo encontro com jovens casais de namorados na Praça do Plebiscido, em Ancona, neste domingo.

Ao se dirigir aos casais de namorados, Bento XVI os convidou a considerar o namoro como "um itinerário de fé" e a não ter medo de assumir as responsabilidades que o matrimônio cristão implica.

"A Eucaristia - disse o pontífice -, dom de Cristo para a salvação do mundo, indica e contém o horizonte mais verdadeiro da experiência que vocês estão vivendo: o amor de Cristo como plenitude do amor humano".

"A experiência do amor tem dentro de si a tensão para Deus", disse. Ele pediu que os jovens façam do tempo de preparação ao casamento "um itinerário de fé".

"Redescubram em sua vida de casal a centralidade de Jesus Cristo e do caminhar na Igreja". "Não descuidem da importância vital deste encontro; da Eucaristia brota o sentido cristão da existência e uma forma nova de viver".

"Não tenham medo de assumir a comprometida responsabilidade da eleição conjugal; não temam entrar neste 'grande mistério', no qual duas pessoas se tornam uma só carne".