quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Pedro, o 1º PAPA

Por Marcos Paulo Teixeira

Os protestantes afirmam que Pedro não poderia ser PAPA porque todos os 12 apóstolos teriam autonomia perante a Igreja e que a obediência era exclusiva à Jesus. Então proponho-me fazer uma viagem bíblica para mostrar o papel de Pedro na liderança dos demais apóstolos.

Que Pedro foi chamado por Jesus para ser um dos doze ninguém pode negar. Ninguém também pode negar que Jesus previu uma longa duração de sua obra. Basta lembrar das paróbolas do joio e do trigo (Mt 13,24-30), dos peixes bons e maus (Mt 13,49), do grão de mostarda (Mt 13,31s) etc. Cristo sabia que iria ser crucificado, morrer e ressuscitar e depois partir para o Pai. Logo, escolheu alguém para dirigir a sua obra em seu nome e com o auxílio do Espírito Santo. Nesse contexto entra a figura de Pedro, o primeiro pai da Igreja.

É fato que no Novo Testamento nenhum apóstolo é citado mais que Pedro. Ele é citado 171 vezes, enquanto o segundo mais citado, João, aparece 46 vezes.

Pedro em diversas ocasiões aparece como uma figura de relevo, sendo aquele que fala pelos apóstolos. Vejamos: “Jesus saiu com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e pelo caminho perguntou-lhes: “Quem dizem os homens que eu sou?” Responderam-lhe os discípulos: “João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas.” Então perguntou-lhes Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Respondeu Pedro: “Tu és o Cristo”. (Mc 8,27-29) Veja que Jesus pergunta para todos, mas só Pedro responde. Isso acontece inúmeras vezes na bíblia, Pedro é sempre o porta-voz dos apóstolos, aquele que carrega a posição oficial dos doze. Pedro também é aquele que se aproxima de Jesus para tirar as dúvidas, não só as suas, mas dos doze. “Então Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim?” (Mt 18,21) Veja também é Lc 12,41: “Disse-lhe Pedro: Senhor, propõe esta parábola só a nós, ou também a todos?

Em um dos momentos, que considero, mais marcantes da vida pública de Jesus é o seu discurso sobre o Pão da vida. Faço aqui uma observação importante. Sempre que um judeu prega ou ensina, no final ele diz amém amém, e o povo que escutou se concordar com o que foi dito também diz amém. O fato curioso é que Jesus ao falar do seu corpo já começa dizendo amém amém, ou seja, em verdade em verdade vos digo. Isso é uma maneira de Jesus mostrar que não está contando uma parábola, mas sim falando diretamente. Esse foi o ensinamento de Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6,67).

Ora, era lógico que as pessoas iriam ficar confusas. Como pode alguém comer a carne e beber o sangue de Jesus? Por isso que muitos dos discípulos de Jesus o abandonaram já aí nesse momento. Confira: “Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: Isto é muito duro! Quem o pode admitir? Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: Isso vos escandaliza?” (Jo 6 30-61) “Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele” (Jo 6, 66).

Com certeza os apóstolos também não estavam entendendo o que Jesus estava falando e, lógico, guardavam muitas dúvidas em seus corações. Porém, Jesus pergunta para os doze se eles também irão embora: “Então Jesus perguntou aos Doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.”(Jo 6,67-68)

Pedro mais uma vez responde pelos doze. Ninguém porém vai embora, todos ficaram com a resposta de Pedro. Vai ficando claro que Pedro é quem toma as decisões, mesmo em situações de grande dúvida como nesse episódio.

Um outro fato importante é que quando os evangelistas citam o catálogo dos apóstolos, o nome de Pedro sempre vem em primeiro lugar. “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram a ele. Designou doze entre eles para ficar em sua companhia. Ele os enviaria a pregar, com o poder de expulsar os demônios. Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nme de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão. Ele escolheu também André, Filipe, Bartolomou, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador; e Judas Iscariotes, que o entregou.” (Mc 3, 13-19)

Você pode conferir em outras passagens como Mt 10, 1-4; Lc 6,12-16 e At 1,13.

Pedro já estava tão consolidado como o chefe dos apóstolos que Lucas e Marcos usavam termos como “Pedro e os seus”. Veja: “Entretanto, Pedro e seus companheiros tinham deixado vencer-se pelo sono...” (Lc 9, 32s).

Quando Jesus ressuscitou e deixou o sepulcro vazio, um jovem, vestido de roupas brancas apareceu a Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e Salomé e disse: “Não tenhais medo. Buscai Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram. Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia.” (Mc 16, 6-7). Vejam meus amigos, que importância tem Pedro para que seu nome seja destacado em relação aos demais? Realmente Pedro tem um chamado mais sublime.

Vejamos agora Jesus selando a escolha de Pedro como chefe da Igreja.

“Disse-lhes Jesus: “E vós quem dizeis que eu sou?’ Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” Jesus então lhe disse: “Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16, 15-19)

Vamos agora às observações: Na tradição bíblica, quando Deus muda o nome de alguém é porque o seu novo nome está relacionado à sua missão. Por exemplo Abrão para Abraão, Sarai para Sara, Jacó para Israel. Jesus muda o nome de Simão para PEDRO (Kepha) que significa rocha. Nesse fundamento sólido seria erguida a SUA (do Cristo) IGREJA. Ekklesía em grego significa convocação, assembléia. Em hebraico “qahal” significa povo santo, separado para o serviço do Senhor. Mas o que Jesus traz de novo é que ao invés de falar da Igreja, ele falou da SUA IGREJA. Por que isso? Jesus quis mostrar que, embora a Igreja esteja confiada a Pedro, Ele (Jesus) é centro da obra da Salvação.

Essa Igreja que Cristo entrega à Pedro, é indestrutível. Ou seja, não pode acabar. Jesus prometeu que as portas do Inferno não tem poder para destruí-la.

As chaves significa poderes. Essa entrega de poderes já fora aludida no Antigo Testamento: “Naquele dia chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias. Revesti-lo-ei com a tua túnica, cingi-lo-ei com o teu cinto, e lhe transferirei os teus poderes; ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá. Porei sobre os seus ombros a chave da casa de Davi; se ele abrir, ninguém fechará, se fechar, ninguém abrirá: fixá-lo-ei como prego em lugar firme, e ele será um trono de honra para a casa de seu pai.” (Is 22,20-22).

Essa passagem de Isaías é emocionante. Assim como a serpente foi levantada no deserto como alusão à Cristo levantado na Cruz, encontramos aqui o pré-anúncio de Mt 16. Eliacim será um pai para os habitantes de Jerusalém assim como Pedro é um pai para os habitantes da Jerusalém celeste.

Sobre o ligar e desligar, essas expressões eram comuns entre os rabinos. Significavam proibir e permitir ou, mais precisamente, declarar algo como verdade (ligar) ou declarar algo como erro (desligar). Dentre os apóstolos, só a Pedro foi outorgado tamanha tarefa. O mais importante é o fato da ligação entre a terra e o céu. O que Pedro ligar na Terra será também ligado no céu. Isso significa que as decisões dogmáticas de Pedro serão transcendentais e confirmadas pelo Senhor Jesus.

Pelo óbvio, Jesus não poderia ligar erro no céu. O céu é perfeito! Logo, o próprio Espírito Santo auxilia de modo direto o Papa nas questões dogmáticas para que não tenha erro. Se entende aqui o dogma da infalibilidade Papal. Veja que não é impacabilidade. O Papa peca porque é homem, mas não erra em questões de fé porque é Papa. Se o Papa falar de política, ciência etc, não está imune ao erro. Para ser mais prático, o Papa é imune ao erro em três situações quando fala nas condições “ex-cathedra”:

1. Quando, na qualidade de Pastor Supremo e Doutor de todos os fiéis, se dirige a toda a Igreja;

2. Quando o objeto de seu ensinamento é a moral, fé ou os costumes;

3. Quando manifesta a vontade de dar decisão dogmática e não simples advertência, instrução de ordem geral.

É importante também dizer que o ordinário universal dos Bipos reunidos com Papa e reiterando a doutrina que sempre fora professada pela Igreja, é infalível.

Agora vamos analisar a seguinte passagem: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.” (Lc 22, 31-32). Aqui Jesus fala da inclinação de Satanás preferencial por Pedro. Mas Cristo roga ao Pai por ele. Até satanás sabe que Pedro é o chefe da Igreja. Jesus porém roga ao Pai e pede que Pedro confirme os seus irmãos na fé.

Analisemos agora a entrega do primado à Pedro: “Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?” Respondeu ele: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo.” Disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros.” Perguntou-lhe outra vez: “Simão, filho de João, amas-me?” Respondeu-lhe: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo.” Disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros.” Perguntou-lhe pela terceira vez: “Simão, filho de João, amas-me?” Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: “amas-me?”, e respondeu-lhe: “Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo.” Disse-lhe Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas.”

Pedro declara seu amor à Jesus e o Senhor entrega a missão de pastorear o seu rebanho. Agora faço aqui uma observação minha. Jesus diz “apascenta os meus cordeiros” duas vezes e depois troca por ovelha. Cordeiro é ele mesmo, ou seja, é o cristo o cordeiro imolado e as ovelhas somos nós, do seu aprisco. Logo, apascenta os meus cordeiros lembra-nos que Pedro também irá pastorear aqueles que agirão “In persona Christi”, ou seja, os sacerdotes. Pedro é chefe do clero e dos leigos (ovelhas)!

Vou parar por aqui, mas teria muitos episódios para comentar que deixarei para um próximo texto como a posição de Pedro no Concílio de Jerusalém, a admissão de Cornélio na Igreja e a divergência entre Pedro e Paulo.

Jesus disse: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo."(Jesus Cristo à sua Igreja). Se ele mandou ensinar é porque deu poder a Igreja para não ensinar erro.

http://marcospauloteixeira.wordpress.com/

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