quarta-feira, 17 de novembro de 2010

CONHECER A CARIDADE DE DEUS

Por Marcos Paulo Teixeira

As virtudes são forças habituais que aparecem na nossa caminhada para que possamos conhecer e realizar os desígnios de Deus em nossas vidas. Comparando a virtude com os dons, gosto de lembrar uma criança com 10 meses de idade que está engatinhando e arrisca os primeiros passos. Quando ela, por forças próprias forças, consegue caminhar sozinha, isto é virtude, porém essa iniciativa só é possível porque já existem alterações metabólicas suficientes no seu organismo que garantem forças para tal ato. Quando porém, a mãe segura sua mão ela caminha com mais facilidade ainda, isto é dom. As virtudes acompanham os cristãos quando estão em estado de graça. Todavia, quando pecamos gravemente, perdemos todas essas preciosidades. A confissão tem a premissa de reconstituir as virtudes que deixamos escapar pelo pecado.

Como sabemos, existem as virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade) e as virtudes cardeais (Prudência, Justiça, Força e temperança). As virtudes teologais nos fazem agir bem em relação à Deus.

A fé é a virtude que nos dá o conhecimento certo de Deus. A caridade é o verdadeiro amor de Deus. Não poderíamos conhecê-lO sem a fé. Não poderíamos experimentá-lO sem a caridade.

A caridade nos faz amar a Deus como ele é, e não como queríamos que ele fosse. Por exemplo, Judas, que entregou o senhor, esperava que Jesus fosse um messias tirano e vingativo, que libertasse Israel das garras do império Romano. Porém, ao perceber que Jesus mandava amar até os inimigos, a decepção foi grande. Outro exemplo foi Pedro, que não queria que Jesus passasse pela cruz, mas no fundo havia uma preocupação também com ele, pois se ele era discípulo do mestre e se o mestre passasse pela cruz, logo logo ele também passaria. Nós somos assim, queremos um Deus ao nosso gosto. Queremos um Deus que resolva todos os nossos problemas e pronto. E os dos outros? Parece que não importa!

A virtude da caridade nos faz amar a Deus da maneira como ele se apresenta para nós, como o servo sofredor de Isaías, como o messias, como o filho do carpinteiro, como um Deus que quis morrer por nós numa cruz, como um Deus que ressuscitou. A caridade nos faz amar a Deus de todo o coração. É a virtude que nos seguir com amor o 1º e 2º mandamentos da lei de Deus.

Quando amamos outra pessoa por caridade, não nos importante com o que ela tem ou o que ela é. Amamos apenas por transbordamento desse amor que está em nós. Amamos de graça! Amamos sem receber nada em troca. Quanto mais amamos, mais satisfazemos a nossa alma. Foi assim que os cristão começaram a ser reconhecidos. “Veja como eles se amam”.

Lembro-me agora de Madre Teresa de Calcutá quando estava limpando feridas de um leproso. Naquele momento um jornalista se aproximou e disse: “Eu não faria isso nem por um milhão de dólares”. Madre Teresa responde: “Nem eu”.

Isso é amor! Isso é caridade cristã!

Veja agora a carta de Paulo aos Efésios: “Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai, ao qual deve a sua existência toda família no céu e na terra, para que vos conceda, segundo seu glorioso tesouro, que sejais poderosamente robustecidos pelo seu Espírito em vista do crescimento do vosso homem interior. Que Cristo habite pela fé em vossos corações, arraigados e consolidados na caridade, a fim de que possais, com todos os cristãos, compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, isto é, conhecer a caridade de Cristo, que desafia todo o conhecimento, e sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” (Ef 3, 14-20).

Paulo nos fala da necessidade de conhecermos e compreendermos a largura, o comprimento, a altura e a profundidade da caridade de Cristo. Caridade não é apenas dar ajuda a quem precisa. Jesus quando fazia um milagre, sempre se compadecia primeiro. Ou seja, ele partilhava a mesma dor com o sofredor. Quando Paulo disse aos maridos para amar as esposas como Cristo amou a Igreja, estava dada a maior missão da caridade. Como foi que Cristo amou a Igreja? Dando a vida por ela.

Amar é dar ao outro o que ele precisa. Deus nos amou e deu aquilo que precisávamos: A sua vida em sacrifício!

Para manifestar essa caridade em nossas vidas precisamos de alguns pré-requisitos:

1 – Amor por si mesmo.

O amor a Deus compreende o amor por suas obras. Entretanto as que mais se parecem com Deus somos nós. Deus nos fez a sua imagem e semelhança. Então, como podemos provar o amor por nós mesmos? Trabalhando pela nossa salvação. Tendo uma vida de oração, recebendo os sacramentos e cumprindo em TUDO a lei de Deus. Amar por si mesmo também é zelar pelo nosso corpo. Não coloca-lo em perigo e não aderir ao suicídio.

2 – Amor ao próximo

Devemos amar ao próximo em Deus. Porque sem Deus só iríamos escolher apenas algumas pessoas para amar. Quem são nossos próximos? Pai, mãe, irmãos, familiares e conhecidos. Também faz parte desse amor ao próximo manifestar amor aos desconhecidos. Colocamos isso em prática quando damos um copo d´água a um desconhecido, quando damos informações, uma esmola ou uma palavra de consolo.

3 – Devemos evitar os pecados contra a caridade

Devemos evitar todos os pecados mortais, pois eles colocam Deus em segundo plano em nossas vidas e assim não estamos seguindo o 1º mandamento que é Amar a Deus sobre todas as coisas.

Devemos evitar a preguiça espiritual como fraqueza nos atos de amor, desânimo na vida de oração, faltar a Santa Missa e não realizar práticas de mortificações espirituais, como o jejum. Evitar também o indiferentismo religioso, que mesmo sem percebermos manifesta em nossas vidas um ódio contra Deus.

É pela caridade que começamos a realizar pequenas coisas dia após dias, e quando menos se esperar, estaremos realizando grandes coisas sem percebermos.

“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível.” (São Francisco de Assis)

http://marcospauloteixeira.wordpress.com/

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