quinta-feira, 24 de março de 2011

Beatificação de João Paulo II: acolher bondade de Deus

CEP divulga nota pastoral por ocasião da beatificação de João Paulo II

A beatificação de João Paulo II, no próximo dia 1º de maio, é uma oportunidade para agradecer e acolher a bondade de Deus, que suscita pessoas disponíveis a apontar Cristo como caminho seguro.

Esse é o teor da Nota Pastoral da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa) por ocasião da beatificação do Papa João Paulo II. O texto foi divulgado nesta terça-feira pelo organismo episcopal, que está reunido em Fátima em retiro espiritual.

Ao beatificar João Paulo II – afirma a nota –, a Igreja “está a sublinhar certos traços de uma santidade particular, considerando que não só merece ser conhecida e admirada, como pode ser luz que guia e estimula a prosseguir nos caminhos da conversão ao amor de Deus e do serviço aos homens e mulheres dos nossos dias”.

O texto assinala que a santidade “é fruto da relação entre a Graça de Deus e a Liberdade humana”.

Traços

Ao apontar alguns traços da santidade de João Paulo II, a nota pastoral afirma que Wojtyla foi um “homem de intensa vida interior que se comunica”.

“Quem não se lembra do modo intenso e profundo como celebrava a Eucaristia, como se recolhia longamente em oração, onde quer que chegasse, e a devoção com que falava espontaneamente de Cristo e de Nossa Senhora?”

“Ao mesmo tempo, manifestava uma invulgar capacidade de comunicação pessoal, tanto diante das multidões, como em particular, atraindo magneticamente tantos jovens, entre os quais muitos que se afirmavam estar distantes da Igreja.”

O texto da CEP destaca também que João Paulo II foi um “profeta de audazes intervenções em nome da justiça e da paz”.

“Nas primeiras palavras que disse ao povo reunido na Praça de S. Pedro, logo depois de ser eleito Papa, assim nos exortou: «Não tenhais medo!». E ele foi um homem sem medo, ao enfrentar muitas e difíceis situações políticas, sociais e morais, intervindo desassombradamente.”

“Foi um homem corajosamente sem medo em relação às políticas internacionais, nomeadamente do Leste europeu. Não restam dúvidas acerca do seu papel na queda de regimes comunistas totalitários, na promoção dos direitos humanos e na defesa da vida e dos valores morais.”

“Apontando sempre caminhos de reconciliação e paz, viajou por todo o mundo, correndo todos os riscos, na actualização da missão de Jesus Cristo, em incansáveis ações de nova evangelização”, destaca a nota.

Os bispos de Portugal consideram que o papa polonês foi um “servidor do amor e ternura pelos mais fracos e do perdão aos inimigos”.

“João Paulo II manifestou sempre uma particular atenção e carinho para com as crianças, os mais pobres e frágeis. Era comovente quando, cheio de alegria e seriedade, ultrapassava o protocolo e tocava nas crianças e doentes.”

A CEP afirma ainda que Wojtyla foi uma “testemunha da alegria na saúde e na doença, com máximo respeito pela vida”.

Ele encarou sua doença de “modo humilde e sereno”, aceitou “sua imagem desfigurada, e a própria incapacidade de falar, sem vergonha de apresentar a sua verdade publicamente, solidário com todos os que sofrem”.

“Lutou até ao fim sem desistir de estar presente para comunicar a fé, a certeza do amor de Deus, em todas as circunstâncias, mesmo naquelas que o mundo já não quer ver ou a que retirou a dignidade”. “Mesmo já gravemente doente e na despedida deste mundo, deu-nos eloquentes lições, como mestre e pastor até ao fim”.

Acolhida

Ao comentar o testemunho de vida João Paulo II, a CEP destaca que a santidade “não está reservada a um grupo restrito de gênios e heróis da virtude. Com a graça de Deus, está ao alcance de todos dar alta qualidade de amor à vida comum”.

“A beatificação do Papa João Paulo II é um chamamento e uma oferta que a Igreja faz a todos os homens e mulheres de boa vontade. Somos convidados a dar graças a Deus pela vida e ação deste Papa, por todo o bem e estímulo que nos continua a transmitir pelo seu exemplo e intercessão.”

“Somos também convidados a agradecer e a acolher a bondade de Deus que, mais uma vez, se revela atento às nossas necessidades e alegrias, tristezas e esperanças, suscitando sempre, no momento certo, pessoas disponíveis a apontar, de forma renovada, Jesus Cristo, caminho seguro, verdade luminosa e vida abundante”, afirma a nota.

Fátima

No encerramento de sua nota pastoral, os bispos de Portugal convidam os fiéis a associar‑se à comemoração da beatificação, em âmbito nacional, numa celebração que terá lugar em Fátima, no próximo dia 13 de maio.

“Que Maria, Mãe de Deus e Mãe da Igreja, nos inspire a progredir nos caminhos da santidade, a que Deus nos chama na vida comum do nosso quotidiano”, afirma o episcopado.

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