"Esta é uma arma que vence o mundo:
a nossa fé" (1Jo 5,4)
O terceiro carismas das obras é a
fé. Dom que o Espírito Santo colocou à nossa disposição para que
possamos usufruir da própria onipotência de Deus. A fé é a nossa
"energia atômica", capaz de aniquilar todas as forças infernais, é
ela que nos desperta para acreditarmos convictamente em algo que não
se vê, geralmente, de maneira natural. Hoje, infelizmente o
naturalismo e o ceticismo estão ganhando muito terreno. Hoje,
submersos no materialismo e orgulhosos pela própria auto-suficiência
os homens creêm que já não mais precisam crer. Creêm somente em si
mesmos, nas próprias capacidades, nos seus talentos, no dinheiro,
nos seus próprios planos. Não confiam nos chefes políticos e
consequentemente nos chefes religiosos, e ainda nos amigos e
parentes, e lógicamente menos ainda nas coisas sobrenaturais.
Verdade é que na alma do povo ainda
há um resíduo de fé, mas trata-se de uma fé tradicional, vaga,
confusa, subjetiva e superficial. Não conhece o verdadeiro sentido
dos dogmas e da doutrina católica.
A fé um dom de Deus; um raio de luz que parte de Deus para a alma
humana, que para vingar deve encontrar um terreno adequado, deve ser
aceita de coração e espírito aberto, pois o Espírito Santo não
invade corações trancados. "A fé vem de pregação e a pregação é
feita por mandato de Cristo" (Rm 10,17). A crise de fé se verifica
no povo cristão e até mesmo entre os seus líderes e pastores. Todas
as crises morais, têm sua origem na crise da fé. O movimento de
renovação carismática pretende ser, principalmente, um movimento de
renovação da fé, encarando-a como virtude e como carisma.
A fé como virtude
Fé como virtude significa aderir às verdades reveladas por Deus, não
pela credibilidade intrínseca dessas verdades, mas pela confiança
que depositamos naquele qu no-las fez conhecer.
Nos grupos carismáticos vive-se da fé. Após o "batismo no Espírito",
os artigos do Credo tornam-se misteriosa e surpreendentemente
claros, evidentes e sublimes. Os próprios mistérios já não são
comparáveis a muros resistentes contra os quais seria inútil bater a
cabeça, mas são como oceanos de luz nos quais se anseia imergir com
toda alegria. Cristo torna-se, pela fé, o centro de sua vida, a
alegria transbordante de cada respiro e o objeto predileto dos seus
incessantes louvores. Em tempos que se caracterizam pela revolta e
pelo individualismo insubordinado, os carismáticos reafirmaram sua
fé na igreja e a submissão incondicional aos seus legítimos
representantes. Os carismáticos quase que instintivamente, encaram
todos os acontecimentos, grandes e pequenos, alegres e tristes, à
luz de Deus, procurando julgá-los sempre sobre o prisma da fé. seja
qual for a circunstância, alegre ou dolorosa, as pessoas
carismáticas só têm um comentário a fazer e uma só exclamação a
proferir: "Deus seja louvado".
A virtude da fé encerra ainda um
outro aspecto que deve ser relevado. A fé não é só adesão às
promessas de Cristo. Em outros palavras, fé significa entrega total
a Deus e à sua providência. Deus, ao criar-nos preparou um plano
relativo a cada um de nós. Como seres conscientes precisamos
descobrir o plano, aceitá-lo e colaborar com todas as nossas forças
para que ele seja levado a bom termo.
"O justo vive da fé", diz o Apóstolo (Rm 1,17). O que vale dizer que
a fé é o termômetro da nossa santidade. Aquele que tem fé é uma
pessoa que vive confiante na providência divina, não se deixa abater
pelas dificuldades em meio as necessidades, pois sabe que o Pai que
está no céus tudo providenciará e este como o Apóstolo poderá dizer:
"sei em quem depositei minha confiança" (2Tm 1,12). E mesmo que tudo
se manifeste contrário ao nosso ato de fé, continuamos a crer, sem
indagar-nos como, por quais caminhos e meios o Senhor virá ao nosso
encontro.
A fé como carisma
A virtude da fé, comum a todos os cristãos, difere do dom da fé,
mencionado por Paulo: "a outro é dado o dom da fé" (1Cor 12,9). Este
é realmente um dom sobrenatural do Espírito Santo, conferido em
circunstancias especiais para dar cumprimento às obras de Deus. É
Deus mesmo que, em determinada circunstâncias, faz com que a pessoa
aja da maneira que ele quer. Há determinadas situações em que certas
pessoas são revestidas de um poder sobrenatural, tornando-as capazes
de ver claramente que Deus revelará o seu poder e sua bondade
através de um sinal extraordinário. Em outras palavras o homem de fé
percebe em si mesmo e com absoluta certeza, que o Senhor deseja
realizar um milagre por meio dele. Ora essa revelação interna leva-o
a agir com firmeza e a reagir contra as circunstâncias contrárias,
como se ele estivesse vendo agora o que ainda irá acontecer depois.
O homem de fé não crê simplesmente
que Deus pode fazer tal prodígio, mas que o fará de fato ou, antes,
que ele já o fez. Essa foi, aliás, a atitude de profeta Elias ao
fazer descer o fogo sobre o Monte Carmelo. Essa foi também a atitude
de Pedro que, sem titubeios, disse ao coxo que se encontrava à porta
do templo: "Em nome de Jesus nazareno, levanta-te e anda" (At 3,6).
Noutra ocasião, o próprio Pedro ressuscitou o corpo de Tabita
dizendo simplesmente: "levanta-te" (At 9,36). Paulo também agiu da
mesma maneira quando, colocando-se sobre o corpo de Êutico, o
abraçou e gritou para a multidão: "Não vos perturbeis, que ele está
vivo".
Concluindo, podemos dizer que o dom da fé é um carisma relacionado
com os de mais. O dom da fé serve de preparação para usar ou outros,
principalmente o dom das curas e o dom dos milagres. Como os demais
dons do Espírito, trata-se de um carisma concedido gratuitamente,
embora nada nos impeça de pedi-lo, principalmente se a glória de
Deus e o bem do corpo místico o exigirem.
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