quarta-feira, 17 de novembro de 2010

MENSAGEM AO POVO DE DEUS SOBRE AS CEBs

Por Marcos Paulo Teixeira

http://marcospauloteixeira.wordpress.com

No site da CNBB‚ encontra-se um um texto de Dom Dimas L. Barbosa‚ Secretário Geral da CNBB‚ entitulado “Mensagem ao povo de Deus sobre as comunidades eclesiais de base”. Disponível em http://www.cnbb.org.br/site/publicacoes/edicoes-cnbb/4076-doc-92-mensagem-ao-povo-de-deus-sobre-as-comunidades-eclesiais-de-base.

Pois bem‚ ao falar das primeiras comunidade cristãs e citar referências bíblicas‚ o senhor Bispo fala da experiência das comunidade paulinas de reunir-se nas casas e da partilha da vida. Até ai tudo bem!

O problema é que depois D. Dimas escreve: “As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) representam, hoje, a continuidade deste mesmo fenômeno, no seio da Igreja. Elas representam uma maneira de ser Igreja, de ser comunidade, de fraternidade, inspirada na mais legítima e antiga tradição eclesial. Teologicamente são, hoje, uma experiência eclesial amadurecida, uma ação do Espírito no horizonte das urgências de nosso tempo.

Bom‚ todos sabemos que as CEBs representam o mais puro reduto da Teologia da Libertação‚ que pela tradição Católica Romana‚ é um erro a ser combatido.

Mas em que a Teologia da Libertação‚ defendida e vivida pelas CEBs‚ contraria a tradição cristã católica?

Citarei algumas:

1 – A separação entre o Cristo histórico e o Cristo da fé. O cristo histórico é classificado como um agitador político em favor das classes menos desfavorecida‚ ou seja‚ um comunista‚ mais comprometido com Marx do que com a vontade de Deus Pai.

2 – Análise simbólica dos milagres de Jesus. Por exemplo a multiplicação dos pães‚ como um sinal de partilha dos bens e não como algo sobrenatural. Isso é estendido para a Eucaristia‚ a ressureição etc.

3 – Contestação das autoridades eclesiásticas em várias questões‚ inclusive dogmática. O relativismo da TL contesta os dogmas da Igreja‚ inclusive o da infalibilidade papal. A única coisa que não é contesta são as autoridades comunistas.

4 – Conciliação entre Marxismo e Cristianismo‚ visto ser impossível essa mistura‚ pois o socialismo prega uma sociedade sem hierarquia‚ sem valores morais‚ sem o direito à propriedade privada e sem Deus.

5 – O fim da dimensão vertical com Deus‚ ou seja‚ a vida espiritual é colocada de lado em detrimento de uma vida social.

6 – Falso ecumenismo onde todas as religiões são consideradas importantes para a salvação das almas‚ em especial‚ a religião afro.

7 – Apoio as violentas invasões de terra realizadas pelo MST.

8 – Criação de ensino religioso relativista e indiferente a fé tradicional da Igreja.

9 – Apoio a algumas entidades abortistas. O exemplo foi a CF 2008‚ onde tal entidade foi convidada para a confecção do material da campanha.

Esse escurecimento espiritual facilitou a evasão de milhares de católicos para seitas pentecostais.

Para quem quiser aprofundar-se no assunto‚ procure na net os seguintes tópicos:

  • Audiência Geral do Papa João Paulo II (21.02.1979).
  • Discurso do Cardeal Joseph Ratzinger (18.03.1984), intitulado "Eu vos explico a Teologia da Libertação"
  • Instrução Libertatis Nuntius, sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação (06.08.1984)
  • Discurso do Papa João Paulo II a um grupo de prelados da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (13.03.1986).
  • Instrução Libertatis Conscientia, sobre a liberdade cristã e a libertação (22.03.1986)
  • Instrução Donum Veritatis, sobre a vocação eclesial do teólogo (24.05.1990).
  • Discurso do Papa João Paulo II aos bispos do Brasil por ocasião do Encontro no Centro de Convenções de Natal (13.10.1991).
  • Nota Doutrinal sobre alguns aspectos da Evangelização (03.12.2007).

O comunismo nunca foi amigo da Igreja e todos os Papas que vieram depois do comunismo‚ o condenaram.

PAPA PIO IX:

“E, apoiando-se nos funestíssimos erros do comunismo e do socialismo, asseguram que a “sociedade doméstica tem sua razão de ser somente no direito civil” (Quanta Cura, 5).

PAPA LEÃO XIII:

“Não ajudar o socialismo – 34. Tomai ademais sumo cuidado para que os filhos da Igreja Católica não dêem seu nome nem façam favor nenhum a essa detestável seita” (Quod Apostolici Muneris, no. 34).

“Porque enquanto os socialistas, apresentando o direito de propriedade como invenção humana contrária a igualdade natural entre os homens; enquanto, proclamando a comunidade de bens, declaram que não pode tratar-se com paciência a pobreza e que impunemente se pode violar a propriedade e os direitos dos ricos, a Igreja reconhece muito mais sabia e utilmente que a desigualdade existe entre os homens, naturalmente dissemelhantes pelas forças do corpo e do espírito, e que essa desigualdade existe até na posse dos bens. 29. Ordena, ademais, que o direito de propriedade e de domínio, procedente da própria natureza, se mantenha intacto e inviolado nas mãos de quem o possui, porque sabe que o roubo e a rapina foram condenados pela lei natural de Deus” (Quod Apostolici Muneris, – Encíclica contra as seitas socialistas, no. 28/29).

“Entretanto, embora os socialistas, abusando do próprio Evangelho para enganar mais facilmente os incautos, costumem torcer seu ditame, contudo, há tão grande diferença entre seus perversos dogmas e a puríssima doutrina de Cristo, que não poderia ser maior” (Quod Apostolici Muneris, 14).

“25. Daquela heresia (protestantismo) nasceu no século passado o filosofismo, o chamado direito novo, a soberania popular, e recentemente uma licença, incipiente e ignara, que muitos qualificam apenas de liberdade; tudo isso trouxe essas pragas que não longe exercem seus estragos, que se chamam comunismo, socialismo e nihilismo, tremendos monstros da sociedade civil” (Diuturnum, Encíclica sobre a origem do poder- n° 25).

PAPA PIO X:

“Se [Cristo] chamou junto de si, para os consolar, os aflitos e os sofredores, não foi para lhes pregar o anseio de uma igualdade quimérica” (Notre Charge Apostolique n. 38).

PAPA PIO XI:

Não é verdade que na sociedade civil todos temos direitos iguais, e que não exista hierarquia legítima (Divini Redemptoris n° 33).

“A fim de pôr termo às controvérsias que acerca do domínio e deveres a ele inerentes começam a agitar-se, note-se em primeiro lugar o fundamento assente por Leão XIII, de que o direito de propriedade é distinto do seu uso (Encíclica Rerum Novarum, n°35). Com efeito, a chamada justiça comutativa obriga a conservar inviolável a divisão dos bens e a não invadir o direito alheio, excedendo os limites do próprio domínio; mas que os proprietários não usem do que é seu, senão honestamente, é da alçada não da justiça, mas de outras virtudes, cujo cumprimento não pode urgir-se por vias jurídicas (cfr. Rerum Novarum, n° 36)” – Encíclica Quadragesimo Anno.

“E se o socialismo estiver tão moderado no tocante a luta de classes e a propriedade particular, que já não mereça nisto a mínima censura? Terá renunciado por isso a sua natureza essencialmente anticristã? (…)Para lhes respondermos, como pede a Nossa paterna solicitude, declaramos: o socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico, ou como “ação”, se é verdadeiro socialismo, mesmo depois de se aproximar da verdade e da justiça nos pontos sobreditos, não pode conciliar-se com a doutrina católica, pois concebe a sociedade de modo completamente avesso a verdade cristã. (…) ” (Quadragesimo Anno, nos. 117 e 120)

“Socialismo religioso, socialismo cristão, são termos contraditórios: ninguém pode ao mesmo tempo ser bom católico e socialista verdadeiro” (Quadragesimo Anno, no. 119)

PIO XII:

“Pois bem, os irmãos não nascem nem permanecem todos iguais: uns são fortes, outros débeis; uns inteligentes, outros incapazes; talvez algum seja anormal, e também pode acontecer que se torne indigno. É pois inevitável uma certa desigualdade material, intelectual, moral, numa mesma família (…) Pretender a igualdade absoluta de todos seria o mesmo que pretender idênticas funções a membros diversos do mesmo organismo” (Discurso de 4/4/1953 a católicos de paróquias de S. Marciano)

JOÃO XXIII:

“Da natureza humana origina-se ainda o direito à propriedade privada, mesmo sobre os bens de produção” (Pacem in Terris, n°. 21).

PAULO VI:

Em 1965 durante o Concílio Vaticano II, Paulo VI recebeu o Conselho Episcopal Latino-Americano e na sua alocução ele atenta para o “Ateísmo marxista”. Ele o apresenta como uma força perigosa, largamente difundido e extremamente nociva, que se infiltra na vida econômica e social da América Latina e pregando a “Revolução violenta como único meio de resolver os problemas” (Extraído do livro “Le Rhin se jette dans le tibre”, pág 273. Ralph Wiltgen. Ed Editions du Cédre 1974, 5a tiragem)

JOÃO PAULO II:

“Nesta luta contra um tal sistema (o capitalismo selvagem) não se veja, como modelo alternativo, o sistema socialista, que, de fato, não passa de um capitalismo de estado, mas uma sociedade do trabalho livre, da empresa e da participação” (no. 35) “A Igreja reconhece a justa função do lucro, como indicador do bom funcionamento da empresa” (no. 35) “Aquele Pontífice (Leão XIII), com efeito, previa as conseqüências negativas, sob todos os aspectos – político, social e econômico – de uma organização da sociedade, tal como a propunha o “socialismo”, e que então estava ainda no estado de filosofia social e de movimento mais ou menos estruturado. Alguém poderia admirar-se do fato de que o Papa começasse pelo “socialismo” a crítica das soluções que se davam à “questão operária”, quando ele ainda não se apresentava – como depois aconteceu – sob a forma de um Estado forte e poderoso, com todos os recursos à disposição. Todavia Leão XIII mediu bem o perigo que representava, para as massas, a apresentação atraente de uma solução tão simples quão radical da “questão operária”. (n°. 12).

” Aprofundando agora a reflexão delineada (…) é preciso acrescentar que o erro fundamental do socialismo é de caráter antropológico. De fato, ele considera cada homem simplesmente como um elemento e uma molécula do organismo social, de tal modo que o bem do indivíduo aparece totalmente subordinado ao funcionamento do mecanismo econômico-social, enquanto, por outro lado, defende que esse mesmo bem se pode realizar prescindindo da livre opção, da sua única e exclusiva decisão responsável em face do bem e do mal. O homem é reduzido a uma série de relações sociais, e desaparece o conceito de pessoa como sujeito autônomo de decisão moral, que constrói, através dessa decisão, o ordenamento social. Desta errada concepção da pessoa deriva a distorção do direito, que define o âmbito do exercício da liberdade, bem como a oposição à propriedade privada”. (no. 13).

“Na Rerum Novarum, Leão XIII com diversos argumentos, insistia fortemente, contra o socialismo de seu tempo, no caráter natural do direito de propriedade privada. Este direito, fundamental para a autonomia e desenvolvimento da pessoa, foi sempre defendido pela Igreja ate nossos dias” (Enc. Centesimus Annus, tópico 30 da ed. Paulinas)

BENTO XVI

Conceitos Fundamentais da Teologia da Libertação
Com isto, chegamos aos conceitos fundamentais do conteúdo da nova interpretação do Cristianismo. Uma vez que os contextos nos quais aparecem os diversos conceitos são diferentes, gostaria de citar alguns deles, sem a pretensão de esquematiza-los.
Comecemos pela nova interpretação da fé, da esperança e da caridade. Com relação a fé, por exemplo, J. Sobrinho afirma: a experiência que Jesus tem de Deus é radicalmente histórica. “A sua fé converte-se em fidelidade”. Por isso Sobrinho substitui fundamentalmente a fé pela “fidelidade à história” (fidelidad a la historia, 143-144). Jesus é fiel à profunda convicção de que o mistério da vida do homem … é realmente o último … (144). Aqui produz-se aquela fusão entre Deus e história que dá a Sobrinho a possibilidade de conservar para Jesus a fórmula de Calcedônia, ainda que com um sentido completamente mudado; pode-se ver como os critérios clássicos da ortodoxia não são aplicáveis à análise dessa teologia, Ignacio Ellacuria, na capa do livro sobre este assunto, afirma: Sobrinho “diz de novo … que Jesus é Deus, acrescentando, porém, imediatamente, que o Deus verdadeiro é somente aquele que se revela historicamente em Jesus e nos pobres, que continuam a sua presença. Somente quem mantém unidas essas duas afirmações, é ortodoxo …“.
A esperança é interpretada como “confiança no futuro” e como trabalho pelo futuro; com isso ela é subordinada novamente ao predomínio da história das classes.
“Amor” consiste na “opção pelos pobres”, isto é, coincide com a opção pela luta de classes.
Os teólogos da libertação sublinham com força, diante do “falso universalismo”, a parcialidade e o caráter partidário da opção cristã; tomar partido é, segundo eles, requisito fundamental de uma correta hermenêutica dos testemunhos bíblicos. Na minha opinião, aqui se pode reconhecer muito claramente a mistura entre uma verdade fundamental do Cristianismo e uma opção fundamental não cristã, que torna o conjunto tão sedutor: o sermão da montanha é, na verdade, a escolha por parte de Deus a favor dos pobres. Mas a interpretação dos pobres no sentido da dialética marxista da história e a interpretação da escolha partidária no sentido da luta de classes é um salto “eis allo genos” (grego: para outro gênero), no qual as coisas contrarias se apresentam como idênticas.
O conceito fundamental da pregação de Jesus é o de “reino de Deus”. Este conceito encontra-se também no centro das teologia da libertação, lido porém no contexto da hermenêutica marxista.
Discurso do Cardeal Joseph Ratzinger (18.03.1984), intitulado "Eu vos explico a Teologia da Libertação"

Voltando a frase de D. Dima: : “As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) representam, hoje, a continuidade deste mesmo fenômeno, no seio da Igreja. Elas representam uma maneira de ser Igreja, de ser comunidade, de fraternidade, inspirada na mais legítima e antiga tradição eclesial. Teologicamente são, hoje, uma experiência eclesial amadurecida, uma ação do Espírito no horizonte das urgências de nosso tempo.

Conclui-se que‚ pela tradição da Igreja‚ as CEBs não só representa esse fenõmeno das primeiras comunidades hoje‚ como carrega essa perigosa heresia‚ afastando os fiéis da verdade cristã. Ela não é inspirada na legítima tradição eclesial. Pelo contrário‚ ela interpreta o cristianismo de um modo marxista e arbitrário sendo‚ portanto‚ uma estrutura cismática..

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