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Queridos irmãos e irmãs,
Neste sétimo domingo do Tempo Comum, as leituras bíblicas nos falam da vontade de Deus de fazer os homens partícipes da sua vida: “Sereis santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” – lê-se no Levítico (19, 1). Com estas palavras, e os preceitos que se seguem a elas, o Senhor convidava o povo eleito a ser fiel à aliança com Ele caminhando por seus caminhos, e fundava a legislação social sobre o mandamento “amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19, 18). Se escutamos, além disso, Jesus, em que Deus assumiu um corpo mortal para se fazer próximo de cada homem e revelar seu amor infinito por nós, encontramos esse mesmo chamado, esse mesmo audaz objetivo. Diz, de fato, o Senhor: “Sede perfeitos como é perfeito o Pai que está no céu” (Mt 5, 48). Mas quem poderia chegar a ser perfeito? Nossa perfeição é viver com humildade como filhos de Deus, cumprindo concretamente sua vontade. São Cipriano escrevia que “à paternidade de Deus deve corresponder um comportamento de filhos de Deus, para que Deus seja glorificado e louvado pela boa conduta do homem” (De zelo et livore, 15: CCL 3a, 83).
Como podemos imitar Jesus? Jesus mesmo diz: “Amai vossos inimigos, rezai por vossos perseguidores; assim sereis filhos do Pai que está no céu” (Mt 5, 44-45). Quem acolhe o Senhor em sua própria vida e o ama com todo o coração é capaz de um novo início. Consegue cumprir a vontade de Deus: realizar uma nova forma de existência animada pelo amor e destinada à eternidade. O apóstolo Paulo acrescenta: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Cor 3,16). Se formos verdadeiramente conscientes desta realidade, e nossa vida for profundamente moldada por ela, então nosso testemunho converte-se em claro, eloquente e eficaz. Um autor medieval escreveu: “Quando todo o ser do homem, por assim dizer, se mesclou com o amor de Deus, então o esplendor de sua alma se reflete também no aspecto exterior” (João Clímaco, Scala Paradisi, XXX: PG 88, 1157 B), na totalidade de sua vida.
“Grande coisa é o amor – lemos no livro da Imitação de Cristo –, um bem que faz leve cada coisa pesada e suporta tranquilamente toda coisa difícil. O amor aspira a subir ao alto, sem ser barrado por nada terreno. Nasce em Deus e só em Deus pode encontrar repouso” (III, V, 3).
Queridos amigos, depois de amanhã, 22 de fevereiro, celebraremos a festa da Cátedra de São Pedro. A ele, o primeiro dos Apóstolos, Cristo confiou a tarefa de Mestre e Pastor para a guia espiritual do Povo de Deus, para que este possa elevar-se até o céu. Exorto, portanto, todos os Pastores a “assimilar este ‘novo estilo de vida’ que foi inaugurado pelo SenhorJesus e que foi feito próprio pelos Apóstolos” (Carta de convocatória do Ano Sacerdotal). Invoquemos a Virgem Maria, Mãe de Deus e da Igreja, para que nos ensine a amar-nos uns aos outros e a nos acogelhermos como irmãos, filhos do mesmo Pai celestial.
[©Libreria Editrice Vaticana]
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